O Forte Amber, nas colinas perto de Jaipur, é um dos sítios mais belos não só do Rajastão como de toda a Índia. Seu nome não é pela resina de âmbar, mas advém da deusa hindu Amba, homenageada quando o forte foi erigido em 1592.
Era daqui que a região era governada antes de Jaipur ser fundada em 1727. De um lado, o Portão do Sol, a entrada no leste. Do outro, o Portão da Lua, que leva à vila que se formou nesses arredores, com templos e comércio. No interior do forte também muitas áreas, com jardins, pavilhões, torres e uma série de câmaras revestidas de milhares de pedacinhos de espelho.
Segui com Achint (meu guia local, primo do marido de uma amiga minha) de carro até as colinas onde está o forte. Pegamos um pouco de congestionamento no caminho (o normal da Índia), mas chegamos. Recomendo ir de manhã, tanto para evitar as multidões (nunca as desafie aqui na Índia) quanto o sol quente na cabeça.





Você pode subir até a entrada a pé, no seu veículo, ou de elefante. Eu, no entanto, desaprovei essa coisa de os elefantes ficarem subindo e descendo carregando turista o dia todo debaixo do sol. São bonitos, mas optei por não incentivar.




Se você já visitou Al-Hambra na Espanha, o Palácio Topkapi em Istambul, ou alguns dos palácios árabes em Marrocos, reconhecerá algumas semelhanças. A Índia é diferente, mas há traços e padrões que se compartilharam nos últimos séculos por toda esta área de influência cultural muçulmana, daqui da Índia até Marrocos no Atlântico. Você verá jardins internos, pátios com água corrente no palácio, salas de almofadas, e mais.
Venham comigo.










Além de usarem esses trajes elaborados e coloridos, é comum as mulheres indianas também usarem um piercing num lado do nariz, como essa moça de vermelho no meio.
Por fim, é possível também subir numa das torres do palácio, lugares bem iluminados e muito arejados (do contrário, a realeza morreria sufocada aqui no verão).


Um lugar esplendoroso. Como eu sempre digo, as cidades da Índia são geralmente feias, mas há monumentos muito bonitos a ver.
EPÍLOGO
Nós voltaríamos a Jaipur, e ainda naquele dia, para fechar, visitaríamos o Jantar Mantar (nada a ver com a janta, esse é um observatório secular de curioso nome) e — à minha insistência e relutância do meu amigo indiano Achint — também o Templo dos Macacos, ao deus hindu Hanuman.
O Jantar Mantar (que se origina do sânscrito e significa “instrumento de calcular”) é um complexo construído em 1734 pelo então marajá, o rei rajput Sawai Jal Singh II, inspirado na astronomia ptolemaica depois trabalhada também pelos árabes do medievo. Aqui está o maior relógio de sol feito de pedra no mundo. O sítio é Patrimônio Mundial reconhecido pela UNESCO desde 2010.
A visita é simples, não espere grandes coisas, mas é simbólica.

Essa trouxa num saco preto aí sob o meu braço são umas comprinhas. Não há como não vir à Índia e não comprar (traga uma mala vazia, ou compre uma aqui). Comprei na rua perto do Jantar Mantar, numas barracas vendendo uns panos coloridos enfeitados com elefantes, de pôr na parede. Não se esqueça de barganhar. O primeiro preço que um indiano lhe dá é sempre inflado.
Terminaríamos o dia indo ao entardecer ao Templo dos Macacos, no alto de uma colina pobre. Achint me olhava com aquela cara de “não entendo o que é que você quer fazer lá, mas enfim”. Eu estava curioso pra conhecer de perto esse tal templo por onde macacos passeavam (mais a oeste no Rajastão, perto de Bikaner, há um ainda mais estranho, onde ratos passeiam e bebem leite no pires).

O Templo dos Macacos é aquele prédio acabado cor-de-rosa ali acima. Foi uma decepção imensa — eu deveria ter ouvido Achint. Não há nada pra ver, mas serviu pra eu constatar algo que já havia observado: os templos hindus aqui no norte da Índia em geral não têm nada de especial pra ver. Esse parecia uma varandinha com decorações coloridas, incenso (muitas vezes bem vagabundo, daqueles que dão dor de cabeça), e alguns retratos de deuses hindus.
Aqui, um sacerdote de saião amarrado na cintura passava pela frente. Achint (de repente sem os óculos, com medo que um macaco os agarrasse e jogasse penhasco abaixo) me alertou que não tirasse foto do templo em si, pois o sacerdote não ia gostar. Acabei tirando uma foto dele próprio, o sacerdote, se dando um banho de cuia diante dos macacos que passeavam pela área do templo.

