Cá eu vim parar, na terra do Conde Drácula. Sim, a Transilvânia existe de verdade. Aqui viveu o príncipe Vlad o impalador, que inspirou a lenda do vampiro. Mas, ao contrário do que você pensa, a Transilvânia é um lugar lindo. Esqueça a escuridão dos filmes de terror: na Transilvânia o que você tem são florestas sobre as colinas e belas cidades medievais. Ah! Os castelos estão lá, sim, e são um primor. Seu Vlad e aqueles que o sucederam tinham bom gosto!
Quem vem à Romênia tem de vir à Transilvânia. A região fica no centro da Romênia, envolta pelos Cárpatos, uma cadeia de montanhas mais ou menos em forma de U. No meio está a Transilvânia — nome dado pelos romanos (trans silvania, “para além da floresta”). Eu cheguei para uma estadia curta, mas já no caminho me impressionei de — finalmente — ver florestas na Europa. Achei que já tinham acabado. Mas que nada, na Romênia ainda tem até ursos que de noite vêm à cidade atrás de lata de lixo.
A nossa primeira parada de trem, partindo da capital Bucareste, foi a pequenina cidade de Sinaia, já na região da Transilvânia. Lá fica o lindo Castelo de Peleș [lê-se Pelésh por causa dessa cedilha debaixo do S] que — associado a todo o imaginário que temos quando pensamos na Transilvânia — já oferece um ar soturno, místico, meio assustador.



Esse, na verdade, é um castelo relativamente novo, de 1883 em estilo neorenascentista. Pertenceu ao Rei Carol I da Romênia, que reinou de 1881 (logo à conquista da independência do país diante dos turcos) até 1914, com a Primeira Guerra Mundial.
Mas eu sei que a esta altura muitos leitores estão querendo saber do Castelo do Drácula. Como se sabe, o livro do escritor irlandês Bram Stokker Drácula (1897) foi inspirado num príncipe romeno do século XV, Vlad Dracula, o impalador. O escritor visitou a Romênia e, claramente, inspirou-se pelas suas brumas, montanhas, escarpas e ventos uivantes para escrever um livro de horror.
Só que a história real é mais interessante.
No século XV, a Europa oriental estava resistindo ao avanço dos turcos otomanos, que derrubaram Constantinopla em 1453 e continuaram invadindo Europa adentro… Hungria, Romênia, e até Viena na Áustria eles atacaram. Foi então que criou-se uma ordem de cavalaria monástica (tal como já existiam os Cavaleiros Templários): a Ordem do Dragão, cujo objetivo era “destruir o perfídio inimigo” (os turcos) sob inspiração de São Jorge, que esses cavaleiros tomaram como patrono devido à lenda.
Um dos mais notórios cavaleiros dessa ordem era quem? Vlad II, da Transilvânia, que ficou conhecido como “Vlad, o dragão”, ou Vlad Dracul, em romeno. Esse era pai do impalador. Seu filho ficou sendo “Vlad III, o filho do dragão”, Vlad Draculea. O mancebo nasceu em Sighisoara (lê-se Si-gui-shoára), no coração da Transilvânia, essa cidadezinha aí abaixo e que eu fui visitar.



A Romênia, é claro, se aproveita das histórias do vampiro para extrair dinheiro de turista, vender camisetas e lembrancinhas com a cara do Drácula, etc. Dá até pra comprar dentes de plástico pela rua, igual àqueles que vendiam no Brasil na época de Vamp (a novela).
Um dos maiores pega-turista é o Castelo de Bran, perto da cidade de Brașov (lê-se Brashóv), que dizem ser “o castelo do drácula”. Mentira, o cara nunca morou lá. Ele (o impalador original) na verdade ficava de um lado pro outro, pois a região estava em guerra e ele participando. Diz-se, inclusive, que a fama dele de cruel e sanguinário se deve aos germânicos, que na época não o ajudaram contra os turcos e que, para se justificar, começaram a divulgar histórias de como ele era sanguinolento e não merecia ser ajudado.
Vê aí como a política determina a narrativa de como a História é contada? As histórias se espalharam pelo Ocidente, mas na Romênia ele é tido como um bom governante e bom defensor da região contra os turcos (embora estes mais tarde tenham invadido mesmo assim). Dito isso, ele era de fato severo na punição com criminosos. Além de impalar os inimigos em estacas de madeira, diz-se, por exemplo, que os ladrões ele amarrava, depelava os pés, punha sal, e mandava cabras pra lamber o sal. Urgh!
Não fui ao falso castelo do cara, mas fui a Brasov. Se você viesse aí nos anos 50, teria ido a “Cidade Stálin”, pois os comunistas resolveram mudar o nome. Legal, né? (Olha como a história deste mundo já teve líder doido). Depois os romenos trouxeram o nome original de volta. Cidade bonita, foi minha parada final na Transilvânia.





Deixo vocês com algumas fotos da linda Sighisoara, onde pernoitei. O entardecer e a noite naquelas ruelas medievais cercadas de colinas são memoráveis. Com Drácula ou sem Drácula, a Transilvânia está mais do que recomendada.





Ahahahaha. Morder um pescoço é óootimo. Engraçado.
Lindinhas as cidades e parecem acolhedoras. Gosto muito desse casario e dessa arquitetura tradicional.
Aquele palácio é bonito mas tem mesmo um astral misterioso, talvez pela fama da região. Durante o dia parece interessante percorrer seus jardins mas à noite pode mesmo parecer meio cabreiro hahah e ainda com aquelas estatuas simulando cemitérios uaaauu. hahah
Brincadeiras à parte. Uma bela região. E que bom ver que muita coisa ainda esta preservada e que ainda tem florestas. Allelluiaha
Oi Mario! Viajar com você é muito barato e um grande barato!! Sem malas e sem grana!!! Fiquei decepcionada ao saber que o Vlad III não viveu no Castelo de Bran , porque estou em vias de fechar uma viagem para Bulgária e Romênia em Setembro. Sou fã do Drácula !!