Terminada a minha estadia em Santorini, era hora de conhecer ilhas menos turísticas da Grécia. Hora de ver que nem todas as ilhas gregas são sinônimos de casinhas brancas contrastando com o mar azul. Há outras belezas no país.
Eu rumava agora para a ilha de Syros, relativamente muito pouco visitada por turistas, e dali seguiria a Patmos (onde, segundo a tradição, João escreveu o Livro do Apocalipse, da Bíblia), e terminaria esta estadia na Grécia com Samos, a ilha onde o filósofo Pitágoras nasceu, antes de rumar à vizinha Turquia.
Eu cheguei a Syros já nos meados da tarde, vindo de Santorini de ferry — este confortável como um avião sobre a água, com assentos aconchegantes e velocidade maior. Syros, como é característico das ilhas, tem seus sobes e desces, mas esta aqui troca o branco do cal por um pedra lisa que cobre todos os prédios e todas as ruas das cidades daqui. É interessante ver ruas de pedra lisa em vez de asfalto.




Ao menos havia uma brisa vindo do mar.
Eu estava pelas ruas de Ermoupoli (a “cidade de Hermes”, o deus que os romanos chamavam de Mercúrio, patrono do comércio e dos viajantes), a cidade principal da ilha, do tamanho de uma cidadezinha do interior no Brasil. Syros, na verdade, era só uma parada de algumas horas enquanto eu aguardava o meu próximo ferry, para a ilha de Patmos, à noite. Até lá eu tinha algumas horas para explorar — eu e a minha mochila com 15kg.
Pouca sorte foi a cidade ser toda íngreme, cheia de escadarias que levam do centrinho até a Igreja da Ressurreição, no alto da colina. Como eu sou atrevido, fui lá acima de mochila e tudo — eu não queria perder essas vistas lá do alto por nada.
Eu soube que havia um ônibus, mas jamais o vi. O jeito era ir subindo devagar, tomando fôlego diante dos olhares das moradoras idosas. A cidadezinha é bem quieta; vi mais idosos e animais de estimação do que tudo; e praticamente não vi outros turistas.







Antes do pôr do sol, e depois de muita água, eu cheguei ao topo. Lá há a Igreja da Ressurreição (esta é católica), lindas vistas, e dois idosos boa-praça conversando. Um falava inglês e me abordou. Disse que morava na Dinamarca, mas que passava metade do ano ali na ilha, e que não trocaria aquilo por nada. Só voltava à Dinamarca porque a mulher e os filhos estavam lá.




Desci ainda a tempo de ter luz sol, mas muito cedo para a janta.
Voltei àquela praça principal, onde meninos jogavam bola, e vi a cidade ganhar um pouco mais de animação com o chegar da noite. Sentei no banco da praça e me pus só a observar. Me dei conta de que nada mudou muito em relação ao tempo em que era eu a estar na rua jogando bola. Há sempre o gordinho; o que gosta de enfeitar com a bola e que acha que vai ser o próximo Lionel Messi; o que vem vestido com camisa de time (só que agora é da seleção espanhola); aquele que reclama sempre quando o outro erra o passe e que faz aquele escarcéu todo… aqueles mesmos tipos que se veem no Brasil. Parece que, em algumas coisas, gente não muda.
Se isso fosse um livro de ficção se diria, naquele estilo poético, que passaram-se horas sem eu perceber. Mentira; não passou nem meia hora.
Ainda faltavam algumas horas até o meu ferry, então fui jantar (uma pechincha). Me atenderam em grego, e eu tive que pedir o cardápio em inglês para ter alguma chance de entender.



Não vi um turista sequer. Às 21h peguei o ferry, que me entregaria à ilha de Patmos no belo horário das 3 horas da manhã.
Olá, adorei ler sobre a ilha do Syros.
É para lá que vamos no dia 18/8. Eu gostei de ler, que é uma ilha sossegada. É disso mesmo, que preciso neste momento. Pode me dizer , por favor, em que mês do ano vc foi para lá e se tinha muito vento. Eu sei, que vc esteve lá só umas horas, mas deve ter ficado com alguma noção do tempo.
Muito obrigada!
Cumprimentos
Miglena
Olá Miglena, bem-vinda! Syros de fato foi uma deliciosa experiência pacata. Eu estive lá em fins de setembro. Havia vento, sim, mas na minha memória não era demais. Que seja uma excelente viagem.