Este post dará um nó na sua cabeça — mas também mostrará claramente os contrastes de Tóquio — ao ir de um extremo ao outro, do passado ao futuro, do dia à noite. Você custará a crer que aqueles distritos se encontram na mesma cidade.
Comecemos pelo afortunado encontro que eu pude ter com uma amiga brasileira no distrito de Ueno. (Uma daquelas coisas de você dizer que está em Tóquio e aquela sua amiga que você não vê há anos enviar uma mensagem “Você está no Japão?? Eu também!“) Ueno é um dos distritos mais tradicionais de Tóquio, com um dos maiores e mais populares parques da cidade, o Ueno Park. Tem recantos antigos e templos que fazem você se sentir no século XVII, senão antes. Ela já estava em Tóquio há mais dias que eu, e recomendou. Eu estendo a recomendação.




Sentamos-nos por ali para tomar um belo bule de chá com bolo. Embora esses quitutes ocidentais não sejam exatamente mais forte dos japoneses, o lanche foi agradável. Dali seguiríamos depois para o distrito de Shinjuku, ver uma face completamente diferente de Tóquio.


Shinjuku é chamado de o segundo centro de Tóquio. É onde fica a humilde prefeitura de 48 andares, e onde há também uns guetos tidos como redutos da famosa yakuza, a máfia japonesa. De fato, há uns becos bem esquisitos e cheios de tocas de coelho.
Ali ficamos até a noite. Como os distritos de Tóquio são extensos e nem sempre perto um do outro, é difícil ver direito mais do que dois num mesmo dia.



No dia anterior, após visitar o Parque do Palácio Imperial, eu havia visitado Harajuku, um outro distrito de Tóquio, de nome similar mas jeito diferente. Se Shinjuku é tipo um centrão, Harajuku é tipo a Savassi de Belo Horizonte, o Batel de Curitiba, ou o bairro da sua cidade onde as classes mais altas vão se divertir e desfilar moda no final de semana.
Hooordas de pessoas. Rapazes de cabelo laranja e moças de sainha e salto alto sem saber andar, você vendo a hora de ela torcer o pé.


Há basicamente lojas, grifes, e estabelecimentos voltados ao público jovem que tem algum dinheiro sobrando. Você vê um desfile de iPhones na rua, já que os japoneses, por antagonismo aos coreanos, recusam-se a comprar Samsung.
E falando em eletrônicos, eu também fui conferir Akihabara, o distrito dos games e dos animês. Entrei em cada cafofo de fliperama, com cheiro de cigarro (pois fumar é permitido nesses interiores) e jovens com caras de saídos da escola, do trabalho, ou da festa à fantasia. A quantidade de bugingangas coloridas (DVDs, bonecos, etc.) faz você se sentir na Rua 25 de Março, em São Paulo, ou em Ciudad del Este, no Paraguai — só que, é claro, com muito mais limpeza e segurança, e acho que mais luzes também.



E ao fim do dia, voltando para casa, depois de boas doses do Japão luminoso e eletrônico, avisto a quiromante de toda noite na calçada com uma vela na banquinha, aguardando transeuntes interessados em saber a sorte escrita na mão. Para quem acha que isso são crendices de sociedades pobres, o Japão está aí para desafiar você.
É uma sociedade econômica e tecnologicamente avançada, só que mais espiritualizada que a Europa ou os Estados Unidos. Aqui as coisas se misturam, em vez de haver uma ala cristã conservadora e uma ala progressista materialista. É diferente, e não é tão fácil de entender, e talvez exatamente por isso seja tão fascinante.