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Peru

Guia básico para comprar roupas de lã de alpaca nos Andes

A vontade que dá é a de levar essas lhamas pra criar no quintal de casa, mas não dá.


Por onde quer que vá na Bolívia, no Peru ou no Equador, você estará rodeado de vendedores e ofertas de produtos supostamente feitos de lã de lhama ou de alpaca. Ou melhor ainda, de “alpaca bebê”, que é como chamam a lã — mais fina — da primeira vez que uma alpaca é tosquiada (lamento desapontar quem achou que era lã de alpaca recém nascida). Tudo, até acrílico, eles dirão que é alpaca bebê. É também como se já não existissem mais carneiros e nem ovelhas no mundo. Melhor ficar alerta pra não levar gato por lebre (ou carneiro por alpaca).


Deixem-me compartir algumas dicas que aprendi no Andes para garantir que a sua roupa de alpaca é de alpaca mesmo. Primeiro, vamos à alpaca.

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Esse bichinho bonitinho aí é a alpaca. É um dos 4 camelídeos nativos da América do Sul, ao lado da lhama, da vicunha, e do guanaco.
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Esta é a vicunha, um camelídeo menor e que vive em altitudes maiores. Seu pêlo é o mais fino e prestigiado de todos. Na época dos incas, só os imperadores podiam vestir trajes feitos com pêlo de vicunha. Infelizmente, hoje ela é uma espécie ameaçada e produtos feitos com seu pêlo são extremamente raros, e caros (dizem que um mero cachecol custa 700 dólares). Portanto, muita atenção se algum tentar lhe vender algo supostamente feito de vicunha.
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E este é o guanaco, um camelídeo um pouco maior, não-domesticado, e que não é realmente usado pra fabricação de roupas.

Os incas usavam as lhamas essencialmente para transporte, não para fabricar roupas. Ainda hoje é assim. Há pêlo de lhama em tapetes e tal, mas não pra roupas pois ele pinica muito. Além disso, é um pêlo mais grosseiro, menos agradável ao toque (embora abraçar aquelas duas fofuras lá na foto inicial tenha sido ótimo.)


Pra se certificar que o seu cachecol, xale, gorro ou moletom é de alpaca mesmo, verifique o aspecto e o peso. Pêlo de alpaca é opaco. Sustente-o contra a luz, e se reluzir, é porque tem acrílico misturado. Se pinicar mais do que um pouquinho, é porque tem lã de lhama misturada. Quanto ao peso, fibras sintéticas (acrílico, rayon, etc) são levíssimas. Lã de alpaca é densa. Se o teu moletom não te parecer um tanto pesado, não é alpaca. (O terceiro critério é o preço. Lã de alpaca é mais nobre e, portanto, mais cara. Se parecer uma pechincha muito grande, desconfie.)


Já a lã de “alpaca bebê” é excepcionalmente macia ao toque. Muito mais que uma roupa de algodão. Parece bundinha de bebê mesmo. Se sentir um macio comum, de outras roupas, não é alpaca bebê. 


Sugiro que vá a alguma loja cara, onde é menos provável tentarem te enrolar, e pegue em roupas 100% alpaca e 100% alpaca bebê para educar o seu tato. Daí você poderá sair às compras com melhor conhecimento daquilo que está procurando.

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Pronto. Agora que já sabe o que procurar, pode ficar igual aí à moça com sua roupa de alpaca.
Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

3 thoughts on “Guia básico para comprar roupas de lã de alpaca nos Andes

  1. Ora ora.. que maravilha essa bela foto com esses lindos animais. Que beleza, meu amigo. Vivam os animais e suas energias gostosas. As pessoas deveriam aprender com os animais e os respeitar mais.
    Muito boas dicas de compra de roupas. Eles enganam mesmo. Adorei conhecer os diversos tipos de camelídeos. São lindos. So tenho um certo receio do grandão que cospe forte e que se irrita facil haha
    As roupas andinas não mesmo lindas e confortáveis. Parabéns. Muito esclarecedora postagem. A foto da capa merece um poster haha. a paisagem tambem é magnifica.

  2. Excelentes dicas. Para quem gosta de tecidos, como eu, foi muito saboroso ler o seu texto, praticamente uma aula de materiais. E bônus, com fotos dos animais para conhecermos e diferenciarmos. Parabéns pela escrita fluida e informações cuidadosas.

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