Passadas as lindas tribulações em Cusco, nas caminhadas no Vale Sagrado dos Incas, e finalmente em Machu Picchu, era chegada a hora de visitar a capital peruana, Lima.
Lima tem um astral completamente diverso daquele encontrado nos Andes. É Peru, mas um outro ambiente. Não procure mais pelas montanhas, lhamas, nem pelas ruínas incas. Inca, aqui, só mesmo o sangue das pessoas e os seus hábitos culturais (a culinária continua maravilhosa).
Lima lembra muito o Brasil — inclusive nos seus contrastes. Aqui você vê claramente que há o Peru dos pobres e o Peru dos ricos ocupados com o lançamento do último iPhone. Aquele seu primo que crê num excepcionalismo negativo brasileiro, que vive dizendo “Isso é Brasil” como se certas coisas só existissem aí, faria bem em vir aqui a este lado da fronteira. Ele veria muito do mesmo que há aí, tanto de bom quanto de ruim — só que com toques peruanos.

Comecei pelo lado rico.
Cheguei em Lima num voo desde Cusco, saindo do seu pequeníssimo e excessivamente caloroso aeroporto. (O diacho estava com o ar condicionado defeituoso, e as pessoas amontoavam-se sentadas no chão por falta de espaço. Na fila, “Jesus Evangelista” se abanava na minha frente com o seu cartão de embarque. Esperei que, pra compensar, pudesse sentar-se do meu lado no avião uma bela garota simpática. Mas que nada, veio foi uma senhora espaçosa comendo empanada de carne, cujo cheiro se espalhou por toda parte. Na outra mão, tinha uma garrafa pet de coca-cola, e ao ler ia passando a mão da empanada na língua — igual avó.)
Señor Rafael, da acomodação que reservei, enviou alguém para nos buscar no aeroporto. Sua pousada não tinha fachada, certamente para não pagar impostos. Se você ali chegasse, veria apenas uma residência, sem nome e sem suspeita de haver qualquer atividade comercial. (Señor Rafael era meio chato, daqueles homens de 40 e poucos anos com pinta de técnico de informática e que lhe explicam as coisas como quem se crê muito mais sagaz que os outros.)
Instalei-me no bairro de Miraflores, uma das áreas mais bonitas de Lima. É onde recomendo se hospedar. Lembra uma Vila Madalena paulistana ou uma Savassi de Belo Horizonte — uma área de classe média alta, limpa, bem conservada, com flores nas praças, e diferente do “grosso” da cidade onde mora o povão. Tem boas lojas, bons restaurantes, shopping, e tudo que o turista gosta.
É também a única área realmente bonita de Lima.




O Larcomar é um tanto caro, mas tem muitas lojas boas. Ganhei até um recibo premiado no T.G.I. Friday’s e voltei pra comer outro prato de camarão.
A comida aqui continua maravilhosa. Há ótimos restaurantes e boa vida noturna em Miraflores. É fácil tomar um pisco sour (drinque peruano e chileno, com suco de limão, clara de ovo batida, e um destilado de uvas), achar um marisco com pimenta huancaína (abaixo), e provar um delicioso suspiro limeño (com clara de ovo batida e leite condensado) de sobremesa. Você aqui come muito bem, e em ambientes agradáveis.




Lima não tem assim exatamente pontos turísticos imperdíveis a ver — é uma cidade grande com opções de gastronomia, compras, etc. Embora fique no litoral (e na mesma latitude que Salvador, na Bahia), Lima é em geral cinzenta, às vezes faz frio, e carece de praias decentes. O Oceano Pacífico aqui tem águas frias e está longe de oferecer aquela tropicalidade do Nordeste do Brasil.


Mas quem gosta de alguma coisa histórica, sobretudo igrejas coloniais, pode se interessar em ver o centro de Lima. Vamos à parte pobre.
Tomando o Metropolitano (aqui não chame de metrô, pois Metro é uma rede de supermercados em Lima e as pessoas poderão lhe dar direções pra onde você não quer ir) em Miraflores você chega até o lindo centro de Lima, onde pode conferir mais de 50 tons de cinza.





Passei um dia inteiro caminhando por estas ruas nada encantadoras. Pode não ser bonito, mas eu quis conhecer. Tomei café numa lanchonete que lembra aquelas do centro do Rio de Janeiro e, chegada a hora do almoço, entrei numa birosca para comer. Detrás do balcão, um homem de boné com ar de infelicidade largou seu rádio e veio nos atender. Foi gentil — embora seu refinamento fosse de pedreiro gentil. Nas paredes verdes, um armário de garrafas (de vidro) de coca-cola e inca cola dividia espaço com um retrato de Jesus e uma caixa de primeiros socorros. De uma portinhola ao fundo, uma mulher despachava os pratos.
Pedi uma sopa de peixe com batatas e pimenta. Grátis vinha um refresco ralo, que eu nem sei de que foi, numa caneca toda molhada como a mão dele quando bateu na mesa como quem entrega chopp.
Na minha frente, um rapazinho com cara de ajudante de obras parecia comer a mesma coisa. Pombos entravam na birosca à vontade, a quem o rapaz sem cerimônia nenhuma jogava pedaços de comida no chão.



Após esse épico almoço, fui ao histórico santuário de Santa Rosa de Lima para me depurar. Há igrejinhas barrocas muito bonitinhas no centro de Lima (das poucas coisas realmente merecedoras de visita turística ali). Na rua, há uma longa seleção de casas de cartomantes, incensos variados, artigos de santería e todo sorte de coisas que ilustram o característico sincretismo religioso latino-americano.




No fim das contas, Lima é a cara do Brasil, esta mesma cara latino-americana.
Eu voltaria a Lima antes do imaginado (e pretendido). Embora não seja lá esse balaio, não deixa de sempre ser um destino gastronômico agradável. Concluía, por ora, a minha andança pelos Andes.
Hahahahahahaha, rapaz, em que birosca voce se mete haha que sopa horrorrroooossa, de cabeça de peixe com aguiiita e olhos de peixe boiando arrr tem que estar com muita fome e sem opção. E que cx de primeiros socorros aquela amarela e cheia de poeiras haha haha que horror. Deus livre de ser usada . Deve ter microoraganismos ate na alma. Até o nariz coça com a maozona do garçon de cara de enterro haha oh coitado… e aqueles copos jogados na mesa com conteúdo duvidoso à semelhança de agua de lavrar pratos com açucar ..hahaha Deus do céu. haha olhe… horrivel mas muito engraçado depois do caso passado haha. Isso para não falar dos onipresentes pombos haha. Muito interessante esta aventura no centro pobre de Lima haha
Depois comento mais os outros detalhes
Ahhhh. Lindo Miraflores!….., belas, limpas e espaçosas avenidas, bem cuidadas, arborizadas,com belas e apraziveis praças com seus jardins floridos, calçadões, cafés arrumados, lanchonetes, e restaurantes, lojas com belas vitrines onde se pode comprar alpacas e cia e artistas nas praças mostrando suas belas produções. Uma beleza.
Otimo shopping, amplo com parte descoberta, restaurantes,, lojas, cinema, tudo bem bonito e e uma bela vista para o Pacifico. Um lugar encantador, Miraflores.
Quanto ao Pacifico, com todo o respeito que nos deve o grande Oceano, o Atlantico nas costas brasileiras, em particular nordestinas, dá de goleada haha Mas apesar disso não deixa de ser soberbo e bonito. Pena que nublado. Segundo dizem Lima tem sol apenas alguns meses do ano..
Belissima praça central com seus monumentos antigos, a Catedral lindissima e o charmoso local onde morou Santa Rosa de Lima com sua historia de sacrifícios e entrega ao Senhor.
Uma ou outra ruela bonitinha com casarões avarandados como a parte histórica de Salvador. Ha partes de Miraflores semelhantes ao campo Grande e Av 7 de setembro em Salvador porem bem mais limpas e conservadas que as daqui.
No mais parece mesmo Brasil com um tom maior de misticismo como na Bahia.
Otima postagem. Adorei ver Lima e seus contrastes. seu povo chique e o seu povo pobre ; suas semlhanças com o Brasil e mesmo com a America Latina. Otima postagem. Inesqueciveis aventuras. É isso ai viajante brasileiro. vamos que vamos.Ficou um sabor de quero mais hahah uaaauu
Hahaha, fantastico… estou indo ao Peru em Junho, e quero ter exatamente o mesmo tipo de experiencia q voce, nada tao turistico, algo mais raiz mesmo, ter uma perspectiva mais realista do que estou visitando, e nao o que os governantes preparam só p “estrangeiro” ver… Site muito massa, parabens… um abraço
Como foi a sua estadia em lima, estou indo em agosto para lá, gostaria de dicas tbm.