O sul da Itália tende a ser tão associado à máfia que poucas pessoas no Brasil sabem do seu lado romântico e aconchegante. Poucos de nós vêm à Itália e visitam suas ilhas, mas são muitas delas aqui, um pouco similares às gregas, tipicamente mediterrâneas, e com um aroma italiano.
De Taormina, facilmente organizam-se tours de barco pelas chamadas Ilhas Eólias, um pequenino arquipélago ao norte da Sicília. É pra quem busca tranquilidade e lindas vistas do mar.
Pra quem gosta de aventura — e de mitologia grega — vale fazer um passeio específico ao entardecer ao redor do vulcão de Stromboli, uma das ilhas. Ele fumega à noite com lava incandescente e tudo. Foi o que fizemos.

Saímos de manhã cedo num ônibus rumo ao porto. Já aviso que ele ziguezagueia pela estrada. Os navios são vários, e quanto mais gente, mais barato. Procuramos um preço acessível e acabamos num enorme, com um guia maçante que narrava tudo em quatro línguas. (Não bastasse a repetição, ele tinha o irritante hábito de ficar fazendo perguntas confirmatórias, tipo “Hm?“, ao final de cada frase em inglês e em alemão. Dava vontade de ir lá e jogar ele no mar.)
A alta estação destas ilhas, como por todo o Mediterrâneo, é entre abril e setembro. Quando vim, como já estávamos em outubro, as ilhas estavam pra lá de quietas. Pode ser bom se você estiver buscando tranquilidade. Se quiser o máximo do movimento, serestas à noite, todos os bares funcionando etc., prepare-se para o calor e venha no meio do verão (junho-julho-agosto).
Um porém nestas ilhas é que o mercado é inteiramente turístico, então você fica exposto a péssima qualidade de comida italiana. (Veja se consegue alguma indicação de alguém daqui e encontra um lugar bom. Eu não tive essa oportunidade e fiz aqui das piores refeições do ano. Ver Comendo na Itália: Particularidades, dicas e alertas. Nós almoçamos um macarrão num restaurante pra turista que nem merece ser retratado. E o jantar no barco foi uma massa nível “restaurante universitário”.)
Ao menos a vista não desapontou. A natureza raramente desaponta, muito menos aqui no Mediterrâneo.

Eu não tinha noção do quanto esta parte do mar é acidentada. Há rochedos por todo lado, além dos vulcões. Comentando com pessoas no navio melhor familiarizadas com a região, me disseram que foi muito daqui que os gregos antigos desenvolveram seus mitos sobre as górgonas, sereias, e criaturas marinhas em geral. Eram nesses rochedos que, supostamente, viviam as sirenes que encantavam os marinheiros, às quais Ulisses teve que resistir na sua Odisséia, e que assustavam tanto os navegadores gregos antigos da vida real.
Era, supostamente, aqui no sul da Itália que esses monstros viviam. (Lembrem-se que o território da civilização helênica de antigamente incluía todo este sul da Itália, chamado pelos latinos de a Magna Grécia.)



Nas ilhas em si você tem um sem-número de casinhas brancas tipicamente mediterrâneas, com portinhas bonitinhas e às vezes uns pequenos jardins.



Como aqui é a Itália, os principais pontos de referência nos vilarejos destas ilhas são igrejas. Encontrei até Cosme e Damião numa delas.
Acho, contudo, que foi fora duma dessas igrejas, “no mato”, que vi uma das imagens cristãs mais impressionantes de minha vida. Talvez por sua genuína simplicidade, condizente com o autêntico cristianismo.



A atração principal da viagem era pra ser a visão do vulcão de Stromboli à noite, com derramamento de lava no escuro. Só que não. Outros viajantes, e amigos, me garantem que quase toda noite há erupção, e nós ficamos lá por duas horas no barco aguardando após o jantar, e não ocorreu. Acontece.
Com ou sem erupção, o pôr-do-sol sobre o mar, ali flutuando em meio àquelas rochas, foi lindo. E com ou sem erupção, não deixou de ser um lugar muito formoso de visitar. Só reprovei a comida “pra turista”, mas aqui me parece difícil escapar dela.
Deixo vocês com 5 fotos que não resisti fazer por lá. A primeira é da casa onde a célebre atriz Ingrid Bergman e outros gravaram o filme Stromboli (1950), do diretor Roberto Rossellini. As outras quatro são esculhambação.





Assim encerramos, eu e minha amiga holandesa, o passeio pela Sicília, após ver as cidades de Siracusa, Noto, e Taormina. No próximo post, vou para outra parte do mundo.
Eita lele que belezas essas do sul dela nostra Italia. Dificil saber qual a mais bela. Essa Stromboli é um estrondo de bela. As paisagens são surreais ..o mar o céu as rochas o vulcão, enfim, que natureza prodigiosa, maravilha, meu amigo, um esplendor.
Esse mar de cobalto e as casinhas brancas lembram a Grecia .
lembram Santorini. Que espetaculo!…
Essa imagem de Jesus em meio ao verde da mata e às rochas é mesmo patognomônica, impar linda e significativa. Bem aquilo que se pensa do Mestre de Nazaré. Linda.
Que magnifico entardecer. maravilhoso. e que belas ruelinhas. O senhor esta um charme em meio a essa natureza magnifica, Adorei a regiao, as ilhas as postagens. Lindas. Parabéns como sempre, viajante brasileiro. É uma delicia viajar através dessas postagens., so não é melhor que ir la, claro haha..