Não é todo dia que eu viajo pra encontrar “camisinha” listada no cardápio do serviço de quarto do hotel, quarto triplo com uma cama só, ou banheiro com uma porta extra estratégica ligando a banheira ao quarto. Não, não é motel, isso é Bangkok.
Bem vindos à Tailândia, um dos países mais belos e simpáticos do mundo. Digo-lhes isso já tendo visitado mais de 60 deles. Gastronomia fabulosa, lindas praias e templos budistas, gente calorosa e, como você talvez já saiba, seguramente o país mais liberal e libertino do mundo em matérias de gênero e sexo. Comparado à Tailândia, o Ocidente parece uma roça conservadora.
Aqui não houve um único dia em que eu não visse dezenas de travestis na rua, gays e lésbicas trabalhando normalmente em várias ocupações, e muitas pessoas cujo sexo eu não era capaz de identificar. Eu soube por um amigo tailandês que é comum ter colegas transexuais já na escola, e que têm fama de serem estudiosos. No aeroporto, a Tailândia foi o único país onde não vi um policial homem e uma policial mulher para apalpar as pessoas no detector de metais — por onde passei havia uma mulher heterossexual, uma aparentemente homossexual, e não houve grilo. Se não é perfeita, a Tailândia parece pelo menos estar a anos-luz do restante do mundo em matéria de aceitação LGBT.


Estaria tudo muito bem se esta não fosse uma viagem “família”, com a minha mãe e um amigo de infância. Ter nós três embrulhados numa mesma cama não era exatamente a minha perspectiva.
Pedi ao rapaz do hotel que nos acompanhou ao quarto que trouxesse pelo menos uma cama extra se possível, dessas dobráveis. Poucos minutos depois, chegariam um rapaz de uma moça animados de pés descalços trazendo a cama.
Eram 11 horas da manhã do dia 31 de dezembro.

Deixamos o Brasil dia 29 de dezembro e, cruzando 10 fusos horários, chegamos à Tailândia já na véspera do Ano Novo. Nossas cabeças haviam virado mingau. (Esta viagem, a propósito, incluiu o voo mais longo da minha vida até hoje: 15h no avião de Guarulhos a Abu Dhabi, de onde ainda pegamos uma conexão de 6h até a Tailândia.)
Começamos por Bangkok, a capital, no centro do país, para em seguida viajar ao norte e depois ao sul. São regiões bem distintas na Tailândia, o norte mais de templos e colinas, e o sul de praias. Vale a pena conhecer todas elas.
A imigração é facilíssima; brasileiros não necessitam de visto, mas precisam mostrar o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela. Há um balcão onde você o apresenta e pega um documento, antes do controle de passaporte. Se não fizer isso, vai pegar a fila à toa e o oficial de imigração vai mandar você voltar.
Do aeroporto Suvarnabhumi não perca o seu dinheiro com táxi; há um trem (conhecido pela sigla ATR) que te leva direto do piso mais inferior (B4) do aeroporto até a cidade, onde você pode fazer conexões para o Skytrain (ou BTS, o metrô de superfície de Bangkok. Há, ainda, um metrô subterrâneo convencional). Certifique-se de arranjar um hotel nas proximidades de alguma estação, e isso facilitará a sua vida imensamente. Instalamos-nos na área de Sukhumvit e gostamos muito.
Para trocar dinheiro, procure o Superrich verde. É uma rede de casas de câmbio, mas há o verde e o laranja. O verde é mais difícil de encontrar, mas nesse piso mais baixo do aeroporto há um, e ele oferece cotações melhores. Se você for do tipo que prefere sacar em caixa automático, use o Citibank (no aeroporto não há, mas em Sukhumvit há um), pois todos os outros bancos te cobrarão uma singela tarifa de 20 reais por saque.
Por fim, tampouco perca o seu dinheiro pagando caro nas refeições da parte alta do aeroporto. No piso de onde sai o trem, há delicioso café tailandês (adoçado com leite condensado!) por 3 reais, e refeições tailandesas por menos de 10 reais. É onde você verá os funcionários comendo.



Mas vamos à noite da virada.
A minha principal questão era saber onde exatamente na cidade passar a virada de ano. A internet dava várias opções, mas nada conclusivo. Eu estava influenciado pelas imagens de televisão e de agências de viagens que mostram queima de fogos por detrás de lindos templos dourados, e queria saber como ver aquilo.
Depois descobri que aquilo existe, mas que não é representativo. Não é onde as pessoas estão. É uma visão pra quem paga pequenos cruzeiros no Rio Chao Phraya, que cruza Bangkok, e assiste à queima de fogos ao longe.
Fui perguntar a Aura, uma moça da recepção do hotel, e ela me disse que todo mundo vai é para a Central World, uma praça no centro com música e contagem regressiva.
Mas eu fui teimoso. Insisti em algo mais pitoresco, e lá fomos nós atrás de um barco que nos levasse à área de templos.
Há um serviço de transporte público de barco aqui em Bangkok, com várias paradas marcadas. Normalmente funciona bem, mas em véspera de Ano Novo estava um pega pra capar.

Eu havia localizado a parada onde supostamente desceríamos pra ver os templos, mas tudo o que havia orientando a multidão era uma tia perguntando retoricamente “Asiatique? Asiatique?“. Parecia ser para onde ia todo mundo, e aquele espírito de manada tomou conta de mim.
Fomos parar lá na p*** que o pariu, do outro lado do rio, e na direção oposta.
”Asiatique”, eu descobri, é uma espécie de shopping aberto, com muitos restaurantes, bares e lojas, misturado com parque de diversões, repleto de gente e quente feito o cacete. (Eu me esqueci de dizer que Bangkok é quente tipo o Nordeste, mas com aquelas noites que não refrescam do verão do Rio de Janeiro).
No mapa, ninguém sabia indicar onde diacho nós estávamos. Eu fiquei chocado com a falta de orientação das pessoas.
Circulamos, e eu ainda tentei achar um barco que fosse dali para os templos. Até que eu tomei um gritão de uma tia dizendo que não havia, que chegou a ser engraçado. (Meu amigo quase teve uma constipação de tanto rir da minha cara). Com isso, me resignei. Aprendi que os barcos para o centro operam apenas durante o dia. Eram umas 22h quando fomos embora, rumo a Central World, retornando de barco na mesma rota por onde viemos.



Chegando ao centro de Bangkok, lá estava a autêntica festa. Como eu comentarei melhor depois, a noite de Bangkok é um nightclub a céu aberto. No centro, o batidão de música eletrônica é constante.
O vídeo abaixo dá uma palhinha pra você. Essa passarela liga várias estações do Skytrain no centro.

O que mais me chamou a atenção foi quantidade de travestis. Era engraçado a minha mãe comentando: “Olhe que bonita, Mairon, aquela ali de vermelho“. Não vou entrar no mérito da questão da beleza; só vou dizer que as travestis tailandeses são das mais notórias do mundo; se você não estiver bem atento, toma gato por lebre.
Quando chegamos à Central World propriamente dita, havia uma multidão daquelas de carnaval (só que sem fedor de urina). Não é pra quem gosta de tranquilidade; é pra quem quer estar no meio da festa.
Mais uma palhinha, já na Central World, a meia hora da virada.
Foi engraçado quando, faltando 12 minutos para a meia-noite, o mestre de cerimônias parou a música e por mais de um minuto ficou dizendo a um rapaz que descesse de onde estava pongado, pois era perigoso e proibido. Eu fiquei a imaginar que isso nunca ocorreria no Brasil. Enfim o rapaz desceu, e a festa continuou a tempo da virada.
À meia-noite, a explosão de fogos — mas não o fim da festa, como você verá no vídeo.
A queima de fogos pode ser menos impressionante que as das praias brasileiras e de alguns outros lugares do mundo, mas o clima de festa na rua aqui — e com segurança — é muito difícil de superar. A algazarra eletrônica é divertidíssima, com luzes, ritmo, figuras divertidas tirando selfies, gente “do nada” entrando na sua foto para aparecer com você, e mais coisas dignas de filme americano.
Passada a meia-noite, aquele ar de ressaca-mas-a-festa-continua na rua. A música não pára. McDonald’s aberto, as filas para comprar coisas só não eram maiores que as do banheiro. Bares ainda cheios. As ruas repletas de gente, com algum empurra-empurra nas partes mais lotadas. Saindo do bolo você respira. Eu optei por uma deliciosa sopa de camarão no leite de côco, tom yam gong (falarei melhor sobre a comida tailandesa num outro post), vendidas numas barracas de rua por umas moças simpáticas.


E assim entrei este ano. Provavelmente o réveillon mais memorável da minha vida até hoje, em uma das viagens mais inesquecíveis.
Uaaaaaaaaaa…que maravilha de reveillon que delicia de cidade, que luzes , que cores, que deslumbre, que belo reflexo nas águas do charmoso rio. que maravilha esse reveillon, certamente um dos mais bonitos que ja vi. Maravilha amigo viajante. haha. . que beleza.
Adorei a cara de ressaca e o senhor no café tailandes. haha .
O Asiatique lotado, o empurra empurra para entrar, o toco para ir aos templos à noite e o maravilhoso show da virada. maravilhosos. Que comilanças loucas
E que otimo transporte o de la. Faz inveja ao brasil um pais desse com um sistema de locomoção triste.
Magnifica postagem. parabens. excelente opção de reveillon. uaaaau,