Não há tour hoje em dia que não inclua aquela paradinha básica numa loja onde os guias ganham comissão se você comprar algo. E talvez nada mais egípcio que um fabricante de papiros.
Após visitarmos as épicas Pirâmides de Gizé pela manhã, paramos para almoçar num buffet ali por perto e para ver uma demonstração de como era feito o papiro no Antigo Egito — para quem sabe ficarmos motivados a comprarmos um ou muitos.
No Egito, por toda parte você verá vendedores oferecendo ilustrações em “papiro” por 1 dólar. É banana. Digo, é folha de bananeira, e não papiro. Vai quebrar antes mesmo de você chegar em casa, e é por isso que é tão barato.
O papiro de verdade dá muito mais trabalho de fazer, mas também é mais resistente e duradouro. A técnica é antiga, dos primórdios do Antigo Egito, e usa as fibras do talo de plantas de áreas alagadas nativas da região. É o mais antigo precursor do papel.


O vendedor, sorridente, me ofereceu um café árabe com o pó dentro para tomar enquanto íamos assistindo à demonstração de ele rompendo e lascando um talo de planta. (Essa planta depois receberia o nome científico latim de Cyperus papyrus, em homenagem ao uso que os egípcios antigos haviam lhe dado.)


O papiro não resiste muito bem a dobras ou amassos, pois pode quebrar, mas ele pode ser facilmente enrolado como pergaminhos. (O pergaminho propriamente dito, feito a partir de pele animal, só surge mais tarde, sobretudo em regiões mais úmidas, onde o papiro não resistia tão bem. Aqui no Egito, muito seco, ele dura bastante.)
Quando surge a necessidade de compilar mais informações, como com o rolo de papiro só era possível escrever uma “página”, inventam-se então os códices (codex), que são folhas de papiro empilhadas e “encadernadas”. Et voilà, assim surgem os primeiros “livros”, se é que já podemos chamá-los assim. (Curiosamente, os maias e astecas, que assim como os egípcios usavam escrita pictográfica, também inventaram códices, de maneira completamente independente do mundo Euro-asiático, usando casca de árvore em vez de papiro.)
Hoje, é claro, não se usa mais papiro para registrar informações, mas para a decoração. Há ilustrações belíssimas e com os mais variados motivos, mas prepare o bolso. Aqui tudo é cotado em dólares: um de seus 50cm custa cerca de 30 dólares, a depender da ilustração. Os maiores passam de 100 dólares.


Eu olhava… namorava os papiros… cogitava levar um ou outro… fiquei tentado. Vendo a minha tentação, o gentil e sorridente funcionário da foto inicial ofereceu-me uma segunda xícara de café. Eu, tentado, aceitei, embora lhe garantindo que aquilo não era garantia de que eu fosse comprar algo. “Não se preocupe“, respondeu ele sorrindo e mandando buscar mais um café grátis para mim. Eu fui sincero.
Tomei o café, mas não acabei não comprando. Era ainda o início da minha viagem de volta ao mundo, e eu não queria gastar demais, nem arriscar quebrar ou danificar aqueles papiros em meu mochilão ainda por meses a tomar pancadas pelos aeroportos da vida.
De cafezinho tomado, seguiríamos para visitar outros legados do Egito antigo. O papiro ficaria para uma outra oportunidade, mas fica a dica.
Nossa, que interessante. Ja conhecia o que se falava sobre o papiro e seus usos mas a técnica me era desconhecida. Muito boa a informação.
São também notórias essas idas a alguns lugares especiais e programadas pelos tours. Apesar de serem muito interessantes, essa paradas são em geral uma facada, pois os preços costumam ser altos. Mas sempre vale a pena ir ver e até tomar cafezinhos ou chás, a depender do costume da região.
Achei linnndos os papiros. Também prefiro os motivos egípcios. e gosto de saber o que dizem os hieróglifos .
Gostei da tematica, Muito interessante.
Como sempre ha aqueles, em todos os lugares , que lhe dão ‘ gato por lebre’. Cabe a voce se proteger hahah