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Egito

O Museu Egípcio no Cairo em 20 fotos

Retornar à Estação Ramsés e ao metrô do Cairo depois de mais de uma semana mochilando pelo centro e sul do Egito teve uma estranha sensação de volta pra casa. Meu emocional reconhecia aquele ambiente. É interessante como viagens fazem isso com você e, quando passa um tempo num lugar bom, aquilo também começa a criar uma sensação de “lar”. Não que o Cairo seja essa delícia — não é —, mas o albergue era legal. Deixemos isso para outros posts.

Retornando ao Cairo depois de ver Luxor, o Templo de Karnak, a Tumba de Tutancâmon, o Templo de Ísis em Philae, e até mesmo o monumento de Abu Simbel na fronteira com o Sudão, chegava a hora de finalmente ir ao mais visitado museu de toda a África: o Museu Egípcio no Cairo.

Repasso a vocês uma dica estratégica que recebi logo que cheguei ao Egito: Deixe pra ver o Museu Egípcio no final. Muita gente chega pelo Cairo e vai logo visitar esse famoso museu antes mesmo de conhecer o país. Como me disse a egípcia Sara, do albergue onde fiquei: “Se você for antes, irá achar bonito, dizer “Uau”, e ficará nisso. Já se você for depois, no final, aquilo tudo vai ter significado pra você, pois você já terá visitado os sítios originais e os templos país afora.”  

Então vamos lá. O Museu Egípcio é enorme e com um nível de organização digno do século XIX. Nada parece ter sido alterado desde 1902, quando ele foi inaugurado. Estão montando um prédio novo, a ser chamado de Grande Museu Egípcio, mas ninguém sabe exatamente quando ficará pronto. Até lá, estamos com esse, onde peças de 4000 anos estão às vezes dispostas amontoadas e sem identificação como se estivessem num depósito. 

Mas não deixe isso te inibir. Há muita coisa bonita e historicamente relevante por ver aqui, incluso aí o conteúdo transportado pra cá da Tumba de Tutancâmon. Não dá pra mostrar ou sequer ver tudo, mas vamos a um crème de la crème em 20 fotos.

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1. A entrada do Museu Egípcio, um prédio colonial do tempo em que o Egito era na prática um protetorado britânico. Ele foi saqueado durante a revolução de 2011 que derrubou o ditador Mubarak, alguns itens foram danificados e nem tudo foi reencontrado.
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2. O hall principal do Museu Egípcio. As peças estão em geral organizadas por época (do período arcaico ao greco-romano), mas essa é basicamente a única forma de organização. Nem todas as peças têm identificação para o público (as que têm são identificações ainda escritas a máquina de datilografar e em papel já amarelado), e muita coisa parece simplesmente “depositada” ali. Uma pena. Não deixe de vir por isso, mas você perceberá se vier.
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3. Mikerinos, Hathor e uma deusa. Esculturas de pedra do século XXV a.C., com o faraó Mikerinos no centro, Hathor (deusa dos céus, às vezes também representada por um touro) à esquerda dele, e à direita uma deusa local, de uma das regiões que ele governava à época. Estima-se que havia 8 dessas estátuas antigas, com Mikerinos, Hathor, e deusas locais de diferentes regiões.
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4. Estátuas de granito rosa do século XII a.C., mostrando o faraó Ramsés III sendo coroado pelos deuses Hórus e Seth (que são tradicionalmente inimigos, mas parecem concordar com a coroação de Ramsés III).
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5. Ka-aper. Esta escultura em madeira do século XXVI a.C. retrata o alto sacerdote Ka-aper, da região de Saqqara. Os braços foram esculpidos separadamente e encaixados. É um dos mais finos trabalhos egípcios antigos em madeira. Absorva devagar o fato de essa obra ter mais de 4500 anos de idade.
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6. Esfinge da faraó Hatshepsut. Esta e outras esfinges de pedra, com corpo de leão e rosto humano, ficavam de sentinela à entrada do Templo Mortuário de Hatshepsut, ao lado da antiga cidade de Tebas, hoje Luxor. Acreditava-se que permanecia algo da força vital da pessoa na imagem.
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7. A máscara funerária do faraó Tutancâmon. São 11kg de ouro maciço. A máscara fazia parte do tesouro encontrado na tumba desse faraó, a única tumba até hoje encontrada com todo o seu conteúdo ainda presente.
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8. O trono de Tutancâmon, que reinou no século XIV a.C. Madeira pintada com ouro, ele foi encontrado na tumba de Tutancâmon e hoje fica no Museu Egípcio guardado por vidro à prova de balas.
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9. A cadeira cerimonial de Tutancâmon, feita de ébano, marfim, ouro e vidro. Do século XIV a.C.
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10. Escultura da deusa Hathor, representada por uma vaca com o disco solar entre os chifres e que protege o faraó, abaixo. Os deuses egípcios, de modo geral, alternavam entre formas humanas e formas de um animal (totem) específico.
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11. Tampa do sarcófago do faraó Akhenaton, do século XIV a.C.
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12. Estátua de diorita do Faraó Quéfren, do século XXV a.C. Diorita é uma rocha ígnea.
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13. Imagem de Sekhmet, a deusa leoa. Protetora dos faraós, representada pela caçadora mais feroz que os egípcios conheciam.
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14. Servo moendo grãos à mão. Imagem do século XXV a.C., em pedra calcária.
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15. Colosso do Faraó Senuseret I (reino 1971-1926 a.C.), e representado aqui como o deus Osíris. Em pedra calcária.
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16. A Paleta de Narmer, lado 1. Este é um dos artefatos mais antigos do museu, datado do século XXXI a.C. (!) Ela celebra a unificação do Egito Antigo: no centro o rei do Alto Egito derrotando seu inimigo, provavelmente o ali o rei do Baixo Egito. Os vários talos representam as plantas de papiro dos pântanos do delta do Rio Nilo. Vemos também o deus Hórus (representado pelo falcão) trazendo uma corda, talvez para enforcar o homem.
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17. A Paleta de Narmer, lado 2. Animais míticos, e homens carregando estandartes (quiçá de regiões conquistadas) diante do faraó Narmer. Na ponta abaixo, um touro (representando a força do faraó), derruba uma fortificação.
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18. Stelae funerárias. Os egípcios inventaram estas pedras postas acima ou em frente das tumbas, que muitos usamos ainda hoje. A ideia era representar uma pequena “porta” (daí esse formato) por onde o Ka, ou espírito do morto, podia passar para vir “alimentar-se” energeticamente das oferendas que lhe eram ali deixadas.
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19. Sarcófago de pedra. Todo em pedra calcária, datado da quarta dinastia, por volta do século XXV a.C.
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20. Ofertas de incenso. Faraó ajoelha-se para fazer oferendas de incenso aos deuses. Em granito rosa.

Reserve pelo menos umas 2h para visitar.

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

8 thoughts on “O Museu Egípcio no Cairo em 20 fotos

  1. Oi Mairon, tudo bem?
    Amei tua página. Fiquei com uma dúvida: como conseguiste as fotos do Museu do Cairo? Fomos por três vezes e nunca nos deixam fotografar, inclusive temos que entregar a câmera no bureau na entrada.
    Abraços,
    Angela

    1. Oi Angela,
      Fico contente que estejas acompanhando e tenhas gostado. Obrigado! Quanto às fotos no Museu Egípcio, na entrada é possível comprar um ticket adicional (por 50 libras egípcias) que te dá o direito de tirar fotos. Pelo que eu soube, isso até o início de 2016 ainda não era possível, mas agora é. Se você retornar ao museu, procure esse ticket e você conseguirá.
      Abraços!
      Mairon

      1. Mairon! Adorei todos os posts do seu site sobre o Egito. Cada vez fico mais encantada e maravilhada com este país! Eu e minha família iremos viajar para lá em Outubro deste ano. Estamos preparando os roteiros já que compramos apenas a passagem aérea e alguns dias de hotel. O resto queremos nos virar lá. Vou seguir teus conselhos de viajar independente para Alexandria. A única dúvida é o meio de transporte de Cairo para Luxor. Temos vontade de ir de trem mas o valor do trem noturno é meio caro e também queremos parar na praia de Hurghada.

      2. Oi Isadora! Fico contente que tenha gostado e que as dicas te sejam úteis! A Alexandria, vá mesmo por conta e acho que não vai se arrepender. De Cairo para Luxor, se você buscar no site oficial da companhia ferroviária egípcia (Egyptian Railways) você consegue encontrar e comprar no cartão de crédito os trens diurnos, que são muito mais baratos. (Vale a pena optar pela 1a Classe). Já Hurghada você terá que fazer meio à parte, pois meio que não é caminho para Luxor, a menos que fizesse esse trajeto no ônibus.

  2. Nossa!….. estou extasiada de tanta beleza. Que belo museu, que imponente fachada, com belas cores, que peças maravilhosas tanto nos seus diversos e belíssimos materiais como ouro granitos vários pedras outras de vários tipos cores, nuances, como na própria forma de esculpir as estatuas com toda a sua artística simbologia e história, Um presente para os olhos e a alma egípcia que existe em cada um dos amantes da cultura, da arte e da História Universal. Linda postagem, Lindo museu, impressionante legado e incrível a conservação. Um banho de História da Arte desse povo maravilhoso. Impar essa série de postagens sobre o Egito. Parabéns, viajante brasileiro por mais este show de imagens e História.

    1. Obrigado, Vania! Feliz em saber que as dicas têm sido úteis. Se precisar de alguma outra informação, estamos aí.
      Bons preparativos! Com certeza essa vai ser uma viagem inesquecível.

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