Chipre não costuma estar na lista de destinos dos brasileiros, mas esta histórica ilha independente tem suas belezas e peculiaridades a revelar. Eis um balanço final da minha passagem por aqui, com dicas e recomendações para quem planeja visitar o(s) país(es). (Há, na realidade, dois países na ilha, um que fala grego e um que fala turco. Caso você não soubesse disso, confira o meu post de chegada, o inicial.)
- O que mais gostou. Francamente, o que achei mais interessante como visitante foi o aspecto bi-cultural da ilha, com turcos e gregos. Tê-los assim lado a lado, tão próximos, é super interessante. (Uma pena só que estejam segregados; eu gostaria de ver o dia em que eles se reunissem).
- Visita obrigatória. Nicosia, a última capital dividida do mundo. Se você quiser só praia, aí basta ficar no litoral de um lado ou do outro, mas o que acredito ser mais único de Chipre é sua capital.
- O que não gostou. De ver como o lado grego de Chipre sofreu de uma grande urbanização genérica, sem personalidade, típica da que acomete muito do litoral europeu de modo geral — seja na Espanha, seja em Malta. Achei o lado turco esteticamente muito mais interessante.
- Queria ter visto mas não viu. O Castelo de St. Hilarion em Chipre do Norte, com suas vistas, e o litoral de Ayia Napa no lado grego.
- Comida(s) a experimentar. Doces turcos no lado turco, sem dúvida. Você não terá dificuldade em encontrá-los. Já se você for fã de vinhos, procure pelos brancos Xynisteri do lado grego — são de umas uvas nativas daqui.
- Momento mais memorável da visita. Cruzar os postos de fronteira no centro de Nicosia, saindo da zona grega, e em menos de 1min ver-me no lado turco da cidade, como se magicamente tivesse me teletransportado da Grécia para a Turquia.
- Alguma decepção. Ver o lado grego de Nicosia meio acabado.
- Maiores surpresas. A quantidade de imigrantes asiáticos no lado grego de Nicosia.
Principais dicas
Visto. Brasileiros não necessitam de visto para nenhum dos dois países em Chipre. Só se certifique de sair pelo mesmo onde entrou, pois são dois sistemas diferentes. Se entrar pelo lado grego, não vá embora da ilha pelo lado turco. Há um arranjo relativamente informal através do qual turistas podem atravessar de um lado para o outro em Nicosia sem problemas — eles olham mas sequer carimbam o seu passaporte, e tampouco lhe dão qualquer papel.
Custos. Os dois Chipres tem custos parecidos com, respectivamente, a Grécia e a Turquia. O lado grego é um pouco mais caro. Este usa euro, e o lado turco usa as mesmas liras turcas da Turquia (embora alguns lugares também aceitem euro).
Quanto a alimentação, no lado grego espere encontrar todas as redes de fast food e cafeteria habituais (Starbucks, McDonald’s, KFC…). Já no lado turco, não espere encontrar nenhuma delas, mas espere encontrar comida turca de qualidade.
Transporte. Não há trens em Chipre. No lado grego, tudo se conecta por ônibus que parecem ser todos de uma mesma empresa (ou do governo). Nas paradas em geral há tabelas de horários de cada linha. Já no lado turco, o principal método de transporte são os dolmus, as vans-lotação típicas da Turquia. Estas às vezes não tem nome dizendo aonde vai, você tem que perguntar.
Comunicação. Os cipriotas gregos em geral falam inglês muito bem, mas não espere isso dos cipriotas turcos. Prepare-se para usar mímica ou toda a sua versatilidade brasileira no lado de lá.
Quantos dias? Depende. Todas as cidades cipriotas são pequenas, do tipo onde você num dia vê tudo. Aí vai depender do quanto você queira relaxar à beira-mar. Mesmo em Nicosia, considerando ambos os lados, se você tiver um dia só você consegue ver ambos. Se tiver dois, fica mais tranquilo.
Compras. O lado turco tem todas aquelas marcas falsificadas (de relógios a cuecas) que você geralmente encontra na Turquia também. Ao cruzar a fronteira em Nicosia, você verá um aviso de que mercadoria falsificada será apreendida caso você tente trazer isso ao Chipre grego. Tente por sua conta e risco se quiser; eu não vi os policiais revistarem a bagagem de ninguém (acho que o fazem só se você estiver trazendo muito volume).
Lugares para visitar e o que ver. Não deixe de ver Nicosia, a capital dividida. No post de lá tem os detalhes dos lugares interessantes para visitar na cidade. Em Chipre do Norte, veja se consegue ir ao Castelo de St. Hilarion. Ouvi dizer que há boas oportunidades de trilha lá por cima, nas montanhas com belas vistas.
No Chipre grego, há belas ruínas em Paphos, e belas áreas costeiras de mar (não digo exatamente praia porque não são como as nossas praias brasileiras, mas sim praias pedregosas, com lagunas e lugares bonitos onde se banhar) em Ayia Napa. Não cheguei a visitar estes dois lugares, mas ouvi boas recomendações. Afora isso, Larnaca é meio que uma parada obrigatória se você chegar pelo lado grego, pois é onde fica o aeroporto (Nicosia, a capital, não tem aeroporto próprio). Em Larnaca, não deixe de ver a bela e antiga catedral ortodoxa grega onde dizem estar o túmulo de São Lázaro, se você gostar das coisas do Cristianismo (e mesmo que vá “apenas” pela beleza artística, vale a pena)
Época do ano. Corra daqui nos meses do verão europeu (junho a agosto). Até os turcos acham este lugar infernalmente quente durante o verão. Evite, ou venha por seu próprio risco. Acho que os melhores meses são abril, maio ou setembro.
Se você ficou com alguma dúvida, quer algum toque, ou tem alguma pergunta que eu não respondi, é só pôr abaixo nos comentários.
Interessantes as dicas. adorei as postagens.
O mediterrâneo ao meu ver deve ser sempre evitado no verão. Isso para quem não gosta de calores abrasadores.
Olá, estou pensando em ir pra Chypre com a minha familisa no verão europeu, pois moro na Suíça, qual seria o lado mais interessante para se ficar quando o objetivo principal é ir para belas praias?
Obrigada.
Oi Catia,
Em se tratando de praias, creio que o lado grego tem mais a oferecer. Tanto a área de Paphos quanto a de Ayia Napa (ambas no lado grego) são bem cotadas em termos de litoral. O lado turco é mais forte em termos de montanhas, legado histórico, e cultura (turca).
Bons preparos!
Olá Marion,
Bom dia!
Gostei muito das suas dicas.
Sobre a questão de nâo poder chegar no sul e sair pelo norte, nao encontro essa informação oficialmente em nenhum lugar. Os operadores/agencias de viagens locais, dizem que nao há problemas em chegar por Larnaca e sair por Ercan.
Você tem mais informações sobre isso? Já estou com passagens emitidas para chegar em Larnaca vindo da Grecia e saindo por Ercan para Istambul.
muito obrigado, Vicente
Olá Vicente! Obrigado!
O que ocorre nessa questão é que a União Europeia não reconhece o Chipre do Norte. Então, na prática, pra o sistema de fronteira europeu, será como se você entrasse no Chipre e nunca tivesse saído — pois sua saída (pelo Chipre do Norte) não será registrada pelos europeus, nem você receberá um carimbo de saída no passaporte.
Na prática, provavelmente as agências aí estão certas: você poderá dar tchau ao Chipre pelo norte e não dar mais satisfações às autoridades imigratórias europeias. Porém, estritamente falando, se num futuro momento algum oficial de fronteira da União Europeia se detiver com o seu passaporte pra averiguar suas estradas e saídas (já aconteceu algumas vezes comigo), eles podem criar algum problema ao notar que você teve um carimbo de entrada em Chipre e não teve um de saída. Ou seja, é um breve risco, mas nada do outro mundo.
Se seu passaporte estiver já repleto de carimbos, dificilmente um oficial vai tomar pé de tudo. Mas se houver poucos, vai ficar óbvio que há um de entrada sem um equivalente de saída, e eles podem lhe questionar pra que se explique.
No mais, dê uma conferida nesse site australiano atualizado comentando isso (http://smartraveller.gov.au/Countries/europe/southern/Pages/cyprus.aspx)
Mairon, boa tarde!
Muito obrigado por seu retorno e boa vontade em esclarecer minha dúvida.
Te seguirei pelo mundo! 🙂
Abraço e boa sorte nas suas andanças.
Ola Mairon,
Adorei a postagem sobre o Chipre.
Estou pensando em um roteiro entre o Natal e janeiro. Você indicaria o Chipre nesse período? Obrigada!
Oi Fernanda!
Contente que você tenha gostado!
O Chipre é um destino viável nesse período. É o inverno, então você vai pegar temperaturas mais baixas (9-19 graus), mas o inverno em Chipre não é nada comparável ao norte da Europa. Dá pra passear bem, mas se você tiver escolhas, eu optaria por março-abril-maio ou setembro-outubro.
Qualquer dúvida, estamos aí!
Eu que adoro calor e odeio frio, me darei bem então no Chipre?
Quero morar no Chipre em breve.
Obrigada.
Acho que você irá amar, Lucimara!
Tem algum conhecimento sobre o natal em chipre??
Oi Diogo,
Não :-). Só sei que, ao contrário dos ortodoxos russos, os gregos e cipriotas o celebram como o restante do Ocidente dia 25 de dezembro. No mais, só você descobrindo.
Mairon, Vc acha que da para aproveitar praia em abril? Ou ainda esta frio para isso?
Acho que estará algo fria ainda, mas já possível de se banhar. Vai depender aí do seu gosto pela temperatura da água e tolerância :-). Conheço pessoas que, se a água estiver um pouquinho fria, já correm dela. A média de temperatura ambiente durante o dia em Chipre em abril é 20-22 graus, e água bem abaixo disso. O mar vai ser só se você quiser aquele banho pra “dar uma acordada”, mas longe do calorzinho aconchegante que a água chega a ter no verão.
Oi Marion, qual o risco de mulher sozinha dirigindo por Chipre.?
Oi Sandra!
Acho que MUITO menor que no Brasil. Chipre é um país europeu bastante seguro, sobretudo na parte grega. A parte turca é mesmo mais semelhante à Turquia, os homens têm aquele comportamento um pouco mais “de avançar”, mas mesmo assim é mais light que a Turquia propriamente dita.
Eu diria que os únicos riscos reais a serem considerados são os de trânsito. E mesmo esses, são BEM menores que no Brasil. Vá tranquila.