A Albânia é aquele país europeu que eu só sabia que existe porque ele está sempre no topo das listas alfabéticas, mas sobre o qual eu não sabia nada. Até poucos anos atrás, eu sequer era capaz de localizá-lo num mapa. Ela provavelmente é o país subestimado e desconhecido de toda a Europa.
Visitei a Albânia agora em março, e achei-a fascinante. Os próprios (outros) europeus sabem pouco ou nada sobre este país. Geralmente, sobretudo na Europa, os albaneses são conhecidos apenas pela má fama de crime organizado e tráfico de mulheres, estereótipos que nada dizem do seu lado bom e infelizmente reforçados pela mídia internacional. (Como, por exemplo, nos filmes Busca Implacável [“Taken” no original], em que Liam Neeson faz o papel de um ex-agente da CIA cuja filha é sequestrada por criminosos albaneses. No segundo filme, ele inclusive vai a um vilarejo na Albânia onde quase todo mundo é criminoso. A produção é francesa, e não é diferente das produções norte-americanas que retratam o Brasil como um país apenas de bandidos e prostitutas. A trama pode ser o que for, mas o retrato é falso e estigmatizante. Qualquer pessoa que vier à Albânia perceberá.)
Os albaneses são pessoas calorosas, hábeis, simpáticas, e donas de cultura e história muito particulares na Europa. Eles falam uma língua (albanês) que, assim como o grego, é indo-europeia mas incompreensível para qualquer outra. Isso se deve a eles serem os únicos herdeiros da antiga Illyria, nome destas terras a noroeste da Grécia na antiguidade — e de onde veio a mãe de Alexandre o Grande, daí a personagem de Angelina Jolie no filme Alexandre (2004) ter sotaque de estrangeira. Ptolomeu, o grande escritor e matemático grego (de Alexandria), é a primeira fonte histórica a identificar o povo “Albanoi” na Illyria, no seu tratado Geographia publicado em 150 d.C.
Quando, ao longo da Idade Média, os povos eslavos adentram e instalam-se no leste europeu e aqui na região dos Bálcãs, os albaneses resguardam-se em suas montanhas, que tornavam pouco acessível o terreno. Essas montanhas, entre os Alpes Dináricos (que margeiam todo o leste do Mar Adriático) e os Montes Pindos mais a sul, hoje ainda são as fronteiras da Albânia e dão um cenário lindo a esta “terra das águias” (ou Shqipëria, nome do país em albanês).






Quando eu cheguei à capital, Tirana, de ônibus vindo da cidade de Prizren, em Kosovo, passei por um grande monumento com essa águia negra numa avenida. Os albaneses às vezes aqui a chamam de “a galinha”. Eles têm uma irreverência às vezes muito parecida com a nossa.
Desci na rodoviária internacional (que é diferente da nacional), ignorei as ofertas de táxi, e segui o caminho pelo centro de Tirana rumo ao albergue que eu havia reservado. Eu, francamente, sabendo do isolamento comunista que a Albânia sofreu durante todo o período da Guerra Fria, quando o país foi governado por um lunático discípulo albanês de Stálin (mais sobre isso depois), eu imaginava encontrar uma cidade decrépita, mal-acabada, e me surpreendi quando Tirana não se revelou nada disso.
Tirana tem avenidas amplas, arborizadas, com muitos cafés onde os jovens se sentam, restaurantes típicos, igrejas e mesquitas aqui e ali. A gente no Brasil às vezes se prende muito à identidade destes países como “leste europeu” e pensa exclusivamente na sua história dos últimos 70 anos (do período da Guerra Fria), sem se dar conta de que isso são migalhas diante dos séculos e mais séculos de bagagem cultural e histórica desta região.
Por exemplo, a Albânia é um dos poucos países de maioria muçulmana da Europa (os outros são Kosovo e a Bósnia), e tem lindas mesquitas que você não imaginaria encontrar aqui neste continente. A principal delas é a Mesquita Et’hem Bey, construída no século XVIII, durante o longo período de dominação turca otomana (1431-1912). Você pode entrar livremente e sem custo, basta tirar os sapatos.








Eu ainda veria muito do país nos próximos dias.
Sensacional Mairon!!!Aguardando anciosa seu próximo post sobre a Albania!!!Ver aqui fotos dos lugares que visitei lá,é emocionante!!!
Gente, que maravilha de paisagens. Encantei-me com os tons das montanhas nevadas à luz do sol e com a presença da lua. Maravilhosas paisagens, parecem de filme. Espetaculares. Lindissimas. Parecem de ouro. Estupendos efeitos. Adorei.
Linda a cidadezinha com belas avenidas e com certeza nada parecida com que os filmes pretendem induzir. Linda bandeira
vermelha com uma bela água preta de duas cabeças. Muito significativa a Historia e sua representação.
As mesquitas como sempre um deslumbre com a impar arte mourisca, Belas igrejas. Tudo respira beleza história e simplicidade. Linda região. Precisa mesmo ser conhecida visitada e sua historia e cultura difundidos. Nada como um bom viajante para mostrar essas beleza. Espero um dia conhecer de perto. Valeu viajante. Parabéns, Muito bom viajar assim, Melhor que isso só ao vivo e a cores haha,
águia *
difundidas*
belezas*