Quando o nosso ônibus aproximou-se de Gjirokastër, achei que estávamos inesperadamente adentrando algum cenário de O Senhor dos Anéis. As montanhas ao fundo eram altas e com picos cobertos de neve. À frente, campos entrecortados por riachos azuis, onde às vezes havia ovelhas pastando.
A chuva caía, dificultando a visão, mas mesmo assim era possível divisar algo.

Gjirokastër (o ë tem um som quase de A em albanês, e os albaneses às vezes a chamam de Gjirokastra, do original em grego medieval Argyrokastron, ou “castelo de prata”) é conhecida hoje na Albânia como “a cidade de pedra”, pelas suas edificações em rocha. Entocada entre as montanhas do sul do país quase na fronteira com a Grécia, Gjirokastër aparece nos registros históricos pela primeira vez em 1336, quando tudo isto eram domínios do Império Bizantino de Constantinopla (o Império Romano do Oriente, falante de grego).


Chegar até aqui não é complicado, mas requer paciência.
Se você pesquisar na internet sobre como viajar dentro da Albânia, a mensagem geral será a de que os ônibus são irregulares e você depende de vans-lotação, às vezes conhecidos aqui como furgon. Na prática, o que há às vezes é um terreno ou esquina que funciona como estação rodoviária e de onde os vários motoristas saem na hora que querem. Não há uma bilheteria centralizada. Isso significa que você pode chegar, ver os tiozinhos gritando os nomes dos lugares aonde vão, sentar-se no ônibus, e o horário de saída é aquele quando o motorista decidir que já tem passageiros suficientes. (Este é o caso de Tirana, de onde saí para vir a Gjirokastër e fiquei 50 minutos esperando o motorista decidir sair.)
Em alguns outros casos, há agências independentes, cada uma com sua tabela de horários e destinos. Foi assim em Gjirokastër quando eu quis seguir viagem.
Já fiquem avisados, no entanto, que quaisquer tabelas que você encontrar na internet poderão estar defasadas, ou não serem seguidas à risca. Os próprios albaneses às vezes não sabem ao certo quais as linhas e os horários de partida. O esquema é mesmo — não há como escapar — chegar na cidade e, pessoalmente, ir descobrir as rotas e horários nas agências ou nas estações de ônibus. E ter paciência.
O serviço, apesar desses pesares, é bom o bastante. De Tirana a Gjirokastër há ônibus diretos que fazem a rota em coisa de 4 horas. Note que os ônibus para Sarandë, em geral, passam por Gjirokastër.
Dica básica: Procure viajar de manhã. Depois do meio-dia a frequência é muito menor.



A parte moderna de Gjirokastër, é claro, não tem aquele charme do casario de pedra da parte antiga, mais lá no alto. Ainda assim, há belas vistas para as montanhas cobertas de neve cercando-nos.
Prepare as pernas para subir as ruelas e, se vier de carro alugado, Deus lhe abençoe. Nem o Google dá conta das ruelas que sobem e descem e dos becos sem saída.
Subi debaixo de chuva. Por sorte (ou melhor, experiência), eu havia deixado minha mochila principal em Tirana e vindo só com o básico. Deu trabalho encontrar a pousada onde havia eu feito reserva, mas perguntei a alguém e um garoto saiu de sua casa e veio me acompanhar (sem pedir dinheiro no final). Aqui as pessoas são muito prestativas e daquele tipo “todo mundo conhece todo mundo”.
Miri, o dono da pousada, era um sujeito de seus 55 anos, magro, alto, e de barba e cabelos curtos já cinzas, boné, e com aquele espírito de “tiozão ativo”, que a cada hora quer lhe mostrar uma coisa.
Ele veio me acompanhar até o Velho Bazar, o centro histórico da cidade. Na real, são algumas poucas ruas de casario com arquitetura típica otomana. Os turcos otomanos dominaram esta região por mais de 500 anos, de 1417 a 1916, com o fim da Primeira Guerra Mundial.
O especial de Gjirokastër é que até os telhados são feitos de pedra.







Gjirokastër, verdade seja dita, é uma cidade pequena. Mesmo aquele centrinho histórico é tão pequeno, só com algumas poucas ruas, que em coisa de uma hora você já viu tudo. O impressionante mesmo é o Castelo de Gjirokastër lá no alto. (Não sei o que os gregos medievais viam para chamá-lo de “castelo de prata” à época, não há nada de prateado lá hoje, mas que as estruturas em rocha e as vistas são lindas, são.)
Subi sozinho, paguei a entrada à bilheteria, e fiquei lá em cima tomando aquele vento frio das colinas enquanto apreciava a vista, sentindo-me só com a fortaleza e aquelas montanhas ao longe e imaginando-me nos tempos de outrora. É um exercício fácil, com todo aquele cenário ali.





Eu seguiria daqui para Berat, outra das cidadezinhas nas montanhas albanesas.
lugar fascinante, acho que os gregos colocacaram esse nome Castelo de Prata , por causa da neve nas montanhas ao redor da cidade……fiquei imaginando sua santa paciência!!! ver as imagens é tão fácil e rápido, mas não se imagina o quando custa em todos os sentidos…..boa sorte sempre em suas viagens!!!
Linda cidadezinha. Incrível como os arquitetos antigos eram tão bons e os de hoje não. Impressionantes as construções seculares e de pé. Incríveis artes como esta da parte de cima maior que a de baixo, pavimento parecendo que as crianças brincavam de ”amarelinha” ou de pular macaco, como era conhecida a brincadeira. Belo centro Histórico e imponente fortaleza com seus belos portais e até torre com relógio. Linda.. Interessante que até os telhados são de pedra. Lindo casario.
Mas ´maior espetáculo são as onipresentes montanhas !….. lindas, magnificas, maravilhosamente nevadas donde parecem cair chuvas de prata. Uma maravilha da natureza. Um primor. Fantásticas paisagens, Parece que você entrou na maquina do tempo e saiu na terra media . Só faltam os personagens. Belíssima região. Linda postagem. Adorei. Valeu viajante. Que venha mais. Abraço fraterno.