Ariminum é como os antigos romanos chamaram esta cidade então fortificada às margens do Mar Adriático. Para lá para trás dos cavalos, no horizonte da foto, está a praia. Hoje, conhecida pelo nome de Rimini, esta cidade é um simpático resort de verão dos italianos.
Estamos na região italiana da Emilia-Romanha, a mesma de Bolonha, só que no litoral. Rimini é uma cidade de médio porte, com seu centro histórico que — como há de ser numa boa cidade italiana — guarda marcas da antiguidade romana juntamente com o casario típico dos séculos mais recentes. Como estamos na Emilia-Romanha, temos aqui aquele casario de tons pastéis entre o amarelo, o rosa e o laranja, como em Bolonha.


Cheguei de avião desde a Albânia, e do aeroporto tomei o ônibus urbano que termina na estação de trens de Rimini. (Ah, como eu adoro estas compactas cidades da Europa com bom transporte público e ambientes para o pedestre!) Ali mesmo no aeroporto eu almocei para matar a saudade da boa comida italiana. Em lugares pouco frequentado por turistas, a comida na Itália é quase que invariavelmente boa (já em lugares turísticos, às vezes ela é sofrível).
Eu não demorei a perceber que Rimini é bem pouco turística. Ao menos em outras épocas que não o verão. E mesmo no verão, por tudo que ouvi, soube que é bem mais visitada por outros italianos que por estrangeiros. Então minha experiência foi bastante autêntica, de uma típica cidade italiana “normal”, sem turistas por toda parte.
A cidade é dividida em duas grandes áreas. De um lado a praia, com uma orla, lojas, hoteis, bares e o mar. Do outro, a uns 20 minutos de caminhada dali, o centro, com suas partes históricas mas também lojas e muito movimento de jovens, adultos e idosos. Você vê a vida da Itália atual: jovens antenados à moda, idosos passeando com seus cachorros, e refugiados africanos pedindo ou vendendo produtos baratos pelas ruas.
Instalei-me no meu albergue e saí pra caminhar sob um sol frio de fim de inverno.




Mais interessante eu achei o centro histórico, aonde fui bordejar. Lá vi o belo Arco de Augusto, construído em mármore à época do primeiro imperador romano (Octavius Augustus, pois Júlio César foi ditador mas não formalmente imperador), a Ponte de Tibério, feita à época desse imperador e ainda presente, e todo aquele ambiente gostoso no centro de calçadões e sorveterias (ah, as sorveterias!).
Tudo é relativamente compacto, e em 15 minutos você atravessa de um lado ao outro do centro histórico.



Entre um lugar e outro aonde eu ia, havia uma sorveteria no meio do caminho. No meio do caminho havia uma sorveteria. Acabei tomando 6 bolas de sorvete na mesma tarde (quel horreur!).
Quer dizer, “bolas” entre aspas porque os italianos servem o sorvete com uma pá em vez daquela colher arredondada comum no Brasil. Geralmente, não há aqueles sabores de frutas tropicais comuns no Brasil (e, se houver, cuidado, pois provavelmente é artificial ou feito com frutas tiradas verdes do pé para exportação e, portanto, de baixa qualidade), mas há todos aqueles sabores exóticos pra nós, tipo pistache, nozes, ou figos ao caramelo, além dos frutos vermelhos de clima temperado como morango e framboesa.
Embrenhei-me ali, misturado aos italianos, e — como sempre faço quando estou na Itália — passei-me por um deles usando minha melhor pronúncia.




Ok, para encerrar essa pornografia alimentar e passar a algo mais sacro, visitei as belas igrejas do centro de Rimini. As igrejas na Itália, seja qual for a sua religião, merecem a sua visita no mínimo pela qualidade artística que elas têm. Afinal, lembre que, por séculos e séculos, foi para a Igreja Católica que trabalharam os melhores arquitetos e demais artistas da época, e aonde iam os mais finos materiais. São interiores esplendorosos, mesmo quando as fachadas externas são simples.




E, como é impossível quem vai à Itália hoje não notar, vi dezenas de refugiados africanos (dos que aventuram-se a atravessar o Mar Mediterrâneo em barcos superlotados em busca de uma vida melhor, ou simplesmente de vida), negros retintos escondidos sob seus capuzes de moletom, como nos guetos dos Estados Unidos, andando pelas beiras das ruas como não querendo ser vistos, e os italianos fazendo que não os veem.
À porta de um supermercado onde eu entrei para comprar geleias e limoncello, um africano jovem pedia esmolas com seu boné, e aproveitei para conversar com ele. Era nigeriano. A mãe morreu e o pai também, num acidente. “Eu sou sozinho“, disse-me ele num tom de breve conformismo (ao menos na aparência), aquele tom de “fazer o que?”. Mas não parecia ter perdido o bom humor. Ficou empolgado quando eu lhe disse que era brasileiro (os africanos geralmente amam o Brasil). Disse-me que o acampamento onde está morando quebra o galho, embora não seja lá essas coisas. Não é necessariamente fácil arranjar trabalho nesta Europa racista e em crise econômica. Confirmou que veio num daqueles barcos superlotados que a gente vê na mídia, me olhando com uma cara de quem achou a minha pergunta meio divertida.
Como eu disse, Rimini é um lugar bom para vermos as várias dimensões do que é a Itália hoje fora das atrações turísticas. E as que há são mais vistas por outros italianos que por estrangeiros, como o parque “Itália em miniatura” nos arredores da cidade, onde há uma maquete gigante com lugares de todo o país. Confira se puder, mas saiba ele só abre aos fins de semana.
Agora, verdade seja dita, talvez a principal razão para vir a Rimini nada tenha a ver com Rimini. Talvez ela seja que a pequena e pitoresca República de San Marino, país independente, está a apenas 20 minutos de ônibus daqui. É aonde eu fui a seguir.
Lindinha, Rimini, Como toda a Itália, uma lição de História e de Arte a céu aberto. Belo mediterrâneo com suas lindas águas azuis e o seu belo céu a festa das aves. Lindas imagens.
Belos calçadões, a maravilhosa arquitetura religiosa ou não que torna a Itália tao especial. Os interiores são de um requinte inigualável. Belissimos. Lindo arco e bela ponte. Amei o centro Histórico. Suas miniaturas são famosas. Gostaria muito de ve-las.
Menino, que beleza de sorvetes, que guloso o senhor, meu jovem hahah. Mas o café e o sorvete italiano são famosos e obrigatórios para quem visita; Fiquei bem impressionada com a cidadezinha. Linda. Bela nostra Itália, caríssimo.