Nem tudo reluz em Seul. Nem tudo são os glamurosos prédios de distritos mais modernos como Gangnam, retratado no post anterior. Há ainda muito de tradicional na Coreia — e, com isso, muito de mais humilde, mais simples, que não exala tanto a dinheiro.
Se você quer algo mais de achego humano — na medida em que o permite esta reservada cultura oriental —, é preciso vir ao centrão de Seul, ou ao agradável distrito comercial de Insadong, perto do centro.
Eu cheguei a comentar antes como Seul, ao modo da maioria das metrópoles asiáticas, é pouco centralizada (não há um downtown como nas metrópoles ocidentais). Ela tem comércio e entretenimento por toda parte, mas há um centro. Ele acontece de ser uma área pequena de calçadões e lojas com muito movimento de pessoas (e o melhor lugar para trocar dinheiro, tenho dito.) Fui conhecê-lo, e neste dia descobri várias coisas curiosas acerca dos coreanos.

Todos os dias eu acordava em meu movimentado albergue, num dos distritos centrais de Seul, e ia ao CU (rede coreana de lojas de conveniências) mais próximo para o café da manhã. Comprava um café de lata, típico aqui no leste asiático, e um rolinho de arroz que os coreanos chamam de gimbap. É muito semelhante ao sushi, só um pouco mais largo, mas se você chamar de sushi os coreanos ficarão aborrecidos. (Afinal, não é copiado do Japão, é simplesmente que as duas culturas têm coisas parecidas.)



O rolinho enche, pelo menos por um tempo. O que amo nas cidades da Ásia é que em qualquer parte você acha um lugar onde comer algo, então basta sair por aí e parar na hora que der fome.
Como noutras metrópoles asiáticas, há um smart card que você carrega com crédito e usa em todos os transportes, além de nas lojas de conveniências (como o Octopus Card em Hong Kong). Eles aqui chamam isso de T-money. É super conveniente.
Sempre que o metrô se aproxima, toca uma musiquinha. Há uma diferente para cada linha, para indicar aos deficientes visuais. A que eu tomava, a Linha 2, eram notas praticamente idênticas ao começo de Pra ser sincero, dos Engenheiros do Hawaii. Aquilo passava o dia na minha cabeça.
Num dia desses, num desses encontros casuais, peguei o mapa das linhas para ver quantas estações até a minha. “You need help?”, perguntou devagar — e naquele sotaque asiático — o coroa coreano que estava do meu lado. Eu expliquei que estava olhando quantas estações faltavam, e ele aquiesceu. (Respondia a maior parte do que eu falava com “Hm”, como muitos japoneses também gostam de fazer.) Perguntou de que país eu era, e quando eu respondi “Brasil” ele falou de futebol. Enquanto que na Europa o Brasil é também sinônimo de praia, Carnaval e festa, aqui na Coreia a imagem parece restrita ao esporte.
O tio se relevou um exímio cantor de músicas românticas em espanhol, e cantava com empolgação — aquele ânimo daquelas pessoas que mal terminam de cantar uma e já dão seguimento, “Eu sei também aquela: Besame… besame mucho… como si fuera esta noche la última vez”. E ele sabia várias, daquelas clássicas de Julio Iglesias e companhia. Ia cantando até não saber mais a letra, era engraçado. Ele falava um inglês curto e um pouco quebrado, mas soltava-se feito um frango nas músicas em espanhol (embora não acertasse a conversar em espanhol). Falou dos seus tempos numa faculdade nos Estados Unidos, onde uma colega de classe brasileira era a preferida de todos os professores, e punha-se quietamente a cantar, ali naquele canto de vagão de metrô.
“Se precisar de alguma coisa, me procure“, disse-me entregando um cartão de visitas. Era de uma firma de advogados, que ele havia fundado e que estava agora sob os cuidados do filho. Aqui, meus queridos, como em maior ou menor medida em todos os lugares do mundo, tudo é uma função de quem você conhece.
Aqui na Coreia, eu viria a notar, todo mundo entrega cartões de visita todo o tempo. No albergue, eles prontamente me deram um do estabelecimento. Eu receberia vários. Depois do primeiro dia, comecei a ficar sem jeito de não ter cartões de visita pra entregar de volta e “selar” melhor o contato social realizado. Parece fazer parte das “boas maneiras” na Coreia. (Vou começar a entregar os do meu emprego anterior.)

Enquanto que o distrito de Insadong é provavelmente a área mais turística de Seul (e do país inteiro), o centro é habitado basicamente por coreanos. Não há muito em termos de loja pra turista, mas sim de lojas de marcas (para os coreanos), restaurantes (muitos com menu só em coreano), e anúncios e folias de rua de todos os tipos. É divertido, um lugar vibrante onde dar umas voltas.




Foi neste dia que eu me dei conta de como há uma grande quantidade de cristãos na Coreia do Sul — e muitos deles do tipo fundamentalista, preciso dizer. Perto de 1/3 dos coreanos são cristãos! De toda a população do país, 8% se identificam como católicos e 20%, protestantes. (Versus apenas 15% que se identificam como budistas, e mais de 50% da população, que não se identifica com nenhuma religião em particular.) Para efeito de comparação, no Japão os cristãos não excedem 3% da população.

Achei isso curioso e um tanto inesperado. A que se deve? Não há uma resposta simples, mas uma conjunção de fatores. Na Ásia, as Filipinas (colonizadas pela católica Espanha) são o único país dominantemente cristão. Já a Coreia nunca foi colonizada por europeus. No entanto, o catolicismo chegou no século XVIII, e a perseguição gerou muitos mártires. A Coreia é o quarto país do mundo em número de santos católicos! Isso firmou uma comunidade.
Além disso, há mais de 100 anos os EUA vivem enviando missionários evangélicos pentecostais para cá. Eles abriram as primeiras escolas que aceitavam meninas no país. De todo geral, a Coreia do Sul, rivalizada pelo Japão e ameaçada pela China, sempre viu nos EUA uma inspiração independente. Acoplou-se aí portanto ao vertiginoso crescimento econômico das últimas décadas a famosa teologia da prosperidade, de que a graça divina se manifesta na sua vida através do enriquecimento material. Isso persuadiu muita gente, e aí estamos.

Insadong, como eu disse, é diferente. É bem mais animado, do ponto de vista turístico. Há muitas lojas de souvenirs, pequenas galerias de arte, vendedores de comida de rua, etc. É uma das partes mais legais de Seul.
O distrito é pequeno, com um calçadão principal e ruas adjacentes. As cafeterias aqui são caras, mas é um bom lugar para comprar lembranças e, de modo geral, “coisas da Coreia”. Eles aqui são, por exemplo, especialistas em laqueaduras e bibelôs diversos laqueados, alguns bem bonitos e com motivos orientais. Aqui é um ótimo lugar para petiscar comidas de rua também.
Deixo vocês por ora com algumas fotos do lugar.






No post seguinte eu mostro os palácios e recantos históricos, que são o que há de mais bonito a visitar em Seul.
Ihhh adorei esse mercado aberto. Acho ótimos esses lugares assim com muita coisinha para ver, algumas para comprar e trazer de souvenir para os amigos e amigas e para uso pessoal e para beliscar as guloseimas locais. Gostei de tudo, particularmente do movimento, do vai e vem das pessoas, das lojinhas e das belas paredes de trepadeiras verdes. Linndas, um encanto, elas e a arborização dão um toque gostoso ao ambiente. Achei simpático o bairro.
Nossa, fiquei estupefacta com o tamanha da super casquinha de sorvete. Rapaz, que guloso. Engraçada a sua cara de gula e de alegria, meu jovem, Imagino o quanto estava saboroso. Essa comilança parecia estar muito gostosa também. Buena cara,
com certeza gostarei de conhecer Seul. Adorei. Espero que o Trump e o Kim não atrapalhe os planos hahah. Linda cidade.E que chame. Banheiros públicos limpos e estações elegantes de metrô. uaaauu. Adoro a Asia: sua beleza, historia, natureza, religiosidade, cultura e sua gastronomia . Linda cidade, ótima postagem.
atrapalhem