Viajando aqui pela Coreia do Sul, descobri algumas coisas loucas quase inacreditáveis sobre o país. Segue uma pequena lista de doideiras. Advirto já que nem sempre se tratam de coisas engraçadas; alguns são problemas sérios, mas que não deixam de chamar a atenção pela excentricidade.
1. Na Coreia do Sul, não é raro fazer cirurgia plástica antes dos 30 anos. É o país com o maior número per capita de cirurgias plásticas.
Sim, desbancou o Brasil e os EUA.
Fazer cirurgia plástica por qualquer motivo é uma fixação na Coreia. Basta qualquer aparente imperfeição, e as mulheres (mas também alguns homens) estão no cirurgião para embelezar-se, para parecer mais natural, para “corrigir” uma pálpebra, o que for.
Num questionário, perguntam se sua meta é parecer-se com alguma celebridade específica, ou poder conseguir um emprego melhor, um relacionamento, ou simplesmente poder publicar uma selfie sua sem precisar antes editar a foto no Photoshop.
Inclusive, não é raro que garotas coreanas já pensem em cirurgia plástica mesmo antes de entrar na universidade. Eu soube que está se tornando um presente comum entre amigas, dar uma cirurgia plástica de presente. Curioso, pra dizer o mínimo.
(Mais em: The World Capital of Plastic Surgery, e South Korean High Schoolers get Plastic Surgery for Graduation.)
2. Na Coreia do Sul, a polícia faz batidas para ver se ninguém está tomando aulas particulares após as 22h.
A Coreia do Sul tem um dos sistemas educacionais mais rígidos e estressantes do mundo, se não o mais. (A Finlândia, no entanto, considerada a melhor educação do mundo, mostra que qualidade não quer dizer estresse.) Mesmo na Ásia, onde tal rigidez é famosa, a Coreia é notória. É comum que os jovens coreanos sejam pressionados a estudar até não poderem mais. O importante não é simplesmente ser bom, mas ser excelente, ser o melhor. E os exames são bastante concorridos.
Para contrabalançar tais exageros que viram riscos de saúde pública, o governo faz batidas procurando as proibidas aulas de reforço após as 22h. As escolas duram o dia todo, e mesmo assim em 2010 quase 75% dos alunos coreanos tomavam aulas particulares de reforço após o horário escolar. É uma obsessão incrível.
Seu sucesso profissional depende das suas notas. E, amigos coreanos me dizem, na empresa é esperado que você rotineiramente faça horas extras, senão será visto como preguiçoso. Está agora se tornando uma prática oferecer dormitório na própria empresa, para que o funcionário basicamente viva lá (como faz a Samsung) e volte pra casa só nos fins de semana. Loucura, loucura, loucura.
(Mais em South Korea: Kids, stop studying so hard!, e Samsung: Modern tech, medieval conditions, um relatório da International Trade Union Confederation)
3. Os “DVD Bangs”, salas públicas de assistir DVD que fazem as vezes de motel na Coreia do Sul.
Na Coreia, não é exatamente aceito pela família que você traga namorados ou namoradas para casa, muito menos se sua intenção é bater virilha juntos. Sendo assim, os jovens coreanos — que não são menos lascivos que em outras partes do mundo — precisam recorrer a uma solução inusitada: usar as salas públicas de DVD. Essas, típicas na Coreia, são quase como cinemas: sofá confortável, tela grande, e filmes comuns em DVD à sua escolha.
Aí é engraçado quando eu vejo os sites oficiais de turismo sugerir aos turistas como algo tipicamente coreano essas salas de DVD. (“Sala” em coreano é bang, daí DVD Bangs, uma desafortunada tradução para o inglês, onde bang quer dizer exatamente transa).
“Parta do princípio que todas as salas já foram batizadas“, disse-me um brasileiro residente na Coreia que conheci aqui. “Os coreanos me dizem que eles escolhem assim um filme que tenha bastante barulho, tipo filme de ação com muito tiro, pra encobrir os ruídos.“
Se você for, recomendo olhar se a limpeza foi bem feita.
4. Os coreanos são o povo que mais bebe álcool em todo o mundo (sim, mais que os russos).

Os russos foram desbancados. São os sul-coreanos o povo que mais enche a cara no planeta. Eles bebem não apenas mais que os russos (segundo lugar), mas o dobro do que estes. São dados da Organização Mundial de Saúde, não meus.
Como isso ocorre? Simples: há uma bebida nacional, feita de arroz, chamada soju. É semelhante ao saquê japonês, e bastante barata na Coreia. Seu nível alcoólico varia de 16-53%, e os coreanos bebem com gosto — e se embebedam com rapidez. O brasileiro que conheci morando na Coreia do Sul me disse que não era raro ver seus colegas já bêbados às 7 ou 8 da noite.
O álcool, ninguém ficará surpreso em saber, está por sua vez relacionado à grande maioria dos casos de violência doméstica, acidentes de trânsito, e mesmo a boa parte dos crimes à mão armada na Coreia.
O Brasil é o nono do ranking, bebendo mais que Alemanha e EUA.
(Mais em South Koreans drink twice as much liquor as Russians and more than four times as much as Americans, e South Korea cracks down on alcohol-fuelled violence.)
5. A Coreia do Sul é famosa por suas prostitutas da terceira idade, as Bacchus Ladies.
Sim. Apesar do seu desenvolvimento econômico e tecnológico, o futuro nem sempre é próspero para as senhoras da terceira idade na Coreia do Sul. Num país onde — como no restante da Ásia — o tradicional é que as famílias tomem conta dos seus idosos, há pouco em termos de seguridade social. Como as novas gerações agora estão cada vez mais individualistas, as vovós coreanas muitas vezes precisam se prostituir para obter alguma renda. É um lado obscuro da rápida ascensão econômica coreana.
O índice de pobreza entre mulheres acima dos 65 anos chega a quase 50% na Coreia do Sul.
As que entregam-se à prostituição são conhecidas como Bacchus Ladies, não por serem devotas do deus romano Baco, mas por tradicionalmente venderem um energético com esse nome (Bacchus) aos homens idosos que jogam na praça. As tarefas sexuais são um “extra” longe das vistas, mas que todo mundo sabe que ocorre. Vi as praças de Seul, de fato, repletas de idosos.
Lamentável que um país com tanta riqueza deixe seus veteranos chegarem a esse ponto.
(Mais em: The Korean grandmothers who sell sex)
Os brasileiros gostam de dizer que “o Brasil não é para amadores”. Bem, a Coreia do Sul também não.
Uaaaauu, Nossa, Que excentricidades. Plásticas antes dos 30, salas de curtição muitas vezes pouco limpas e muito frequentadas, campeã em álcool/alcoolismo, sexo para vovós sobreviverem, excessos nas escolas para serem os melhores…… coitado desse povo daqui a alguns anos. o álcool e os excessos os destruirão. Junto com os aportes financeiros do capitalismo chegam também suas mazelas. Vale o alerta. Otima postagem.