Eu já falei muito da presença chinesa aqui nos Estreitos de Malacca, da presença hindu tâmil, assim como também das presenças do budismo e do islã trazido por mercadores árabes e indianos. Nada disso é nativo. Daí você pode me perguntar: o que é realmente malaio? Somente o mérito de ser uma grande mistura? Não. Os malaios têm cultura própria, para além de serem um caldo multicultural.
Uma das manifestações mais bonitas dessa cultura malaia, que eles compartilham com a vizinha Indonésia (que fala basicamente o mesmo idioma), é a arte batik. Ela se refere a uma forma de pintura com agulhas e cera. O artista desenha com a cera num tecido e dá-lhe um banho de tinta, que colore tudo exceto o que ele cobriu de cera. Ele repete o processo múltiplas vezes, com múltiplas cores. Ao fim, remove-se a cera com água quente.
O resultado são imagens como essas da foto inicial.
Às vezes, a tinta penetra por rachaduras na cera, dando um efeito de imperfeição que é, na verdade, uma das marcas inconfundíveis do batik. Essas rachaduras acabam se tornando precisamente o “tchan” da técnica, como no quadro abaixo. A tela pode ser de pano de algodão ou seda.

O centro da técnica é a Ilha de Java, na Indonésia, mais precisamente sua capital cultural Yogyakarta. Lá, é comum ver os javaneses vestidos com camisas com esses motivos, sobretudo flores e pássaros, particularmente às sextas-feiras, que eles dizem que é “dia de batik”.
Aqui na Malásia você vê isso um pouco menos em roupas, mas em Penang pode visitar o interessantíssimo Museu do Batik, onde encontrei essas obras das fotos. São quase todas da escola do artista Chuah Thean Teng, já falecido.






Coisas que não chegam até nós no Brasil. Estejam apresentados à técnica, e a visita ao Museu do Batik em Penang está mais do que recomendada.
Impressionante essa técnica e que belos efeitos e os motivos tão singelos. Linda!….amei essas pinturas em tecido. Muita arte e beleza.
O Oriente, sua arte, sua cultura, suas riquezas, espiritualidade e simbolismos…… esse belo desconhecido!…. tudo isso se percebe aqui nessas postagens. Pena que nada disso é sabido, conhecido, apreciado desse lado de cá do mundo.
Parabéns pela bela postagem e por nos trazer essas belezas. conhecer é preciso, apreciar tambem. . Vamos que vamos.