(Com o Novo Acordo Ortográfico, passou-se a escrever Singapura com S, não mais com C.)
Se você perguntar a qualquer singapurense que se respeite qual é o principal atrativo do seu país, a resposta invariavelmente será a comida. Eles, na verdade, ficam estupefatos que tantos ocidentais venham aqui e passem batidos pela comida, preocupando-se mais com as piscinas dos hotéis, os prédios iluminados, etc.
Os asiáticos em geral adoram comer fora e normalmente marcam todos os seus encontros sociais todos em torno das refeições.
Nesse sentido, Singapura é um verdadeiro paraíso, onde você encontra de tudo em termos de comidas asiáticas — seja culinária indiana, chinesa, tailandesa, vietnamita, ou o que for. E ficam todas juntas nos chamados hawker centers. Para evitar a “barracolândia” típica do Sudeste Asiático nas ruas, o governo determina que todos os vendedores de comida de rua fiquem em tais espaços designados, praças de alimentação populares que batem — de longe — em número de opções de qualquer outra praça de alimentação do mundo.
Claro, a nobre cidade-estado não se resume a comida, mas me parece honroso começar esta trilogia de posts sobre Singapura com aquilo que realmente mais encanta os singapurenses.
Apertem os cintos. Eu chegaria de ônibus, vindo de Kuala Lumpur, da vizinha Malásia. (Desde 2014, brasileiros já não precisam de visto para visitar Singapura.)





Trens não existem mais entre a Malásia e Singapura — só se chega de barco, avião, ou ônibus. O ônibus vindo de Kuala Lumpur me deixou no Golden Mile Complex, uma espécie de shopping popular (sem ar condicionado). O calor úmido é o mesmo da Amazônia, e as chuvas também (eu logo veria).
Singapura logo se mostrou uma versão limpa, compacta e bem-ordenada do Sudeste Asiático. O clima é o mesmo, a mistura cultural também, só que sob um governo de instituições firmes. Mais sobre ele a seguir.
Fui caminhando suado pelas frondosas avenidas, repletas de verde e umidade, até o albergue próximo de Little India.


O albergue, extremamente limpo, era manejado por um simpático casal jovem de origem chinesa.
O curioso aqui em Singapura é que eles rejeitam serem chamados de “chineses”, diferentemente do que ocorre na Malásia. Aqui, desde sua independência em 1965, Singapura faz um trabalho muito forte de construção da identidade nacional. Seja qual for a origem — chinesa, malaia, indiana — todos aqui orgulhosamente se identificam como singapurenses. Três-quartos da população tem origem chinesa; o restante é uma mistura, sobretudo malaios e indianos tâmil. Inglês é a língua oficial (por terem sido colônia britânica até os anos 1960), com mandarim, malaio e tâmil sendo ofertados como segunda língua.
Não é à toa que há uma oferta tão cosmopolita de comida asiática aqui.


Por US$ 3-5 você encontra qualquer prato asiático que imaginar, da cozinha de qualquer país do continente. É impressionante a diversidade.
Eu aqui na Ásia sempre esbanjo a facilidade com que se acha comida de verdade, saborosa, e bem barata. Prefiro muito mais isso do que a “burocracia” que é ir a um restaurante no Ocidente, com aquele ritual de sentar à mesa, falar com o garçom, fazer o pedido, e pagar uma quantia que só lhe permite comer fora ocasionalmente. (O Brasil, com seus restaurantes self-service, é uma exceção.) Aqui em Singapura você pode fazer todas as suas refeições fora, comer algo diferente a cada refeição, e ainda sair mais barato do que se você fosse cozinhar.
Sam, o singapurense-com-cara-de-chinês gerente do meu albergue logo me levou pra comer num restaurante malaio. E eu dali descobriria um sem-fim de coisas. Lavei a égua.








Eis, senhoras e senhores, portanto a principal atração turística de Singapura: sua diversa culinária asiática. Você pode não encarar os pratos mais brabos, mas certamente aqui há algo para você. Esbanjei.
Eu retorno no próximo post para mostrar o lado mais cultural (não-gastronômico) de Singapura.
Que maravilha. Adoro a comida asiática, claro que sem perna de sapo, nem palito com scorpio, nem insetos/vermes/ aracnídeos e outros, torrados como tira-gosto arre, que horror. Afora essas loucuras culturais os pratos vegetarianos são magníficos, Com pouca pimenta haha. São saborosos e bonitos de se ver.