Já comentei como Singapura é um paraíso das comilanças asiáticas, e de como o país resulta de uma mistura de chineses, malaios e indianos que vieram parar aqui no tempo da dominação britânica. Mostrei os bairros étnicos com os seus templos no post anterior. Esta cidade-estado, no entanto, quer também se estabelecer como um moderno e organizado país tropical — coisa que a gente não vê muito mundo afora. Do ponto de vista do turista, isso significa mais alguns lugares interessantes a visitar.
Singapura tem a maior renda per capita da Ásia, fora o Japão. É também um paraíso de segurança — mesmo à noite você pouco tem riscos. É quase em tom de piada que os jornais internacionais noticiam “crimes” em Singapura do tipo alguém ter posto palitos de dente num assento de ônibus para sacanear um passageiro, traquinagem que a polícia de Singapura agora está investigando (ver a notícia aqui).
Há pena de morte para crimes de homicídio (lei de talião?) e porte de drogas. Se você for linha-dura, pode achar que tais leis rígidas são úteis para coibir a violência e a criminalidade. Pode ser, mas Singapura vai um pouco além e também proíbe: chicletes, para evitar sujeira nas ruas; downloads via torrent (são bloqueados); material pornográfico de qualquer tipo; fogos de artifício, entre outros. Há multas para quase tudo, como jogar lixo no chão ou comer no metrô.

Sim, é um Estado deveras autoritário.
Singapura é o país onde dizem ser mais rápido abrir um negócio no mundo (3h é o tempo que leva para abrir uma empresa), mas ao mesmo tempo a mídia é toda controlada pelo governo, e há censura no que pode ou não ser veiculado. No ranking mundial da organização internacional Repórteres sem Fronteiras, Singapura é o n.151 de um total de 180 países em liberdade de imprensa. (O Brasil, com sua mídia enviesada de oligopólio, ainda assim é o 101. Daí vocês imaginem.)
Eu fui a várias livrarias aqui em Singapura, e as seções de negócios, auto-ajuda e ficção (até mesmo a seção infantil!) são bem maiores que as de política, sociologia ou História — as quais estão misturadas em prateleiras pequenas sob o rótulo “Não-ficção”. Numa seção de “Recomendados”, praticamente todos os livros eram sobre Lee Kuan Yew, quem organizou o Estado de Singapura e faleceu em 2015. Seu filho é o primeiro-ministro há anos. (Perdoem a foto meio embaçada, mas dá pra ver.)

O partido de Lee Kuan Yew nunca perdeu uma eleição, e está no poder desde 1959 (ou seja, desde quando Singapura existe como país soberano). Há quem ponha muitas aspas ao chamar Singapura de uma “democracia”. Dizem ser melhor descrita como um “sistema político de partido único”, como a China. E o curioso é que a maioria das pessoas parece pouco se preocupar com isso: havendo prosperidade econômica, que sigam tocando o barco.
Eu não sei se viveria em Singapura, mas como turista há lugares interessantes onde checar de perto essa “prosperidade tropical” do país. Vale conferir o bonito Gardens by the Bay (“Jardins à beira da baía”), um parque com torres em forma de árvore; o belo Jardim Botânico de Singapura (se você quer plantas de verdade), com riqueza de orquídeas e outras plantas tropicais aqui do Sudeste Asiático; e o famoso Marina Bay Sands, o gigantesco hotel de três torres que tem a mais alta infinity pool (piscina com margens que se mesclam aos arredores, dando a impressão de que ela é infinita) do mundo. De quebra, é uma mega vista de Singapura iluminada à noite.
Numa dessas eu saí e vi que mesmo a noite de Singapura parece organizada. Os bares estão todos em zonas específicas, onde há banheiros limpos, públicos e gratuitos fora dos bares. Eu poucas vezes vi tamanha ordenação; parece meio ficção futurista. A garotada é que parece um tanto “zoned out”; você vê muito doidão e doidinha, uns adolescentes esquisitos no banheiro, sobretudo dentre os chineses (os indianos parecem estar um pouquinho mais com os pés no chão).
Os preços das bebidas é que são de aleijar o bolso. Você janta por US$3, mas o coquetel sai por US$15 (!).






Subir à cobertura do hotel Marina Bay Sands custa 23 dólares singapurenses (coisa de 17 dólares americano, quase o mesmo que seu coquetel). Não é preciso comprar antecipadamente pela internet; basta chegar ao hotel, comprar, e subir ao Observation Deck do seu chamado “Skypark“, no 57° andar.
A piscina, já vos digo, é restrita aos hóspedes. O Observation Deck não tem acesso à piscina; embora você possa vê-la, não dá para chegar perto e tirar foto. Sua opção, se quiser ver de perto a piscina sem pagar os US$300 por uma noite no quarto mais barato do hotel, é fazer uma reserva no restaurante ou ir ao bar. O drinque, no entanto, vocês já sabem que custa o mesmo (ou, neste caso, mais) que o ingresso para subir à área de observação. Se indo ao bar a sua vista à piscina é melhor, por outro lado você não terá as mesmas vistas para a cidade que tem do Observation Deck. Fica à sua escolha.




Eu passearia por aquela baía no nublado dia seguinte, para ver os Gardens by the Bay de perto.



A vegetação é exuberante. Embora não haja muito a fazer aqui além de caminhar, contemplar e sentir a umidade, não deixa de ser um bom passeio. Você pode subir naquelas pontes lá no alto e apreciar a vista.



Singapura gosta de se marketear como uma cidade-estado sustentável, que gera sua própria energia etc., mas é óbvio que isso é uma grande falácia, visto que tudo aqui é importado — inclusa a água, que vem da Malásia. Madeira vem da Indonésia, onde a moto-serra come solta, e alimentos vêm do mundo afora.
Apesar disso, ela não deixa de mostrar como é um país tropical de boa organização. O jardim botânico, com coleções de orquídeas, é um primor e vale ser visitado se você gosta de plantas. (Só se prepare para suar, meu bem.)




A minha estadia em Singapura chegava ao final.
Quando fui a Hong Kong, lembro-me que questionei o porquê de ela — e não Singapura, que é soberana — pretender-se o título de Asia’s Global City. Após vir a Singapura, eu entendi. Enquanto Hong Kong é um caldeirão efervescente, de acesso livre (sem visto) a quase todo o mundo, onde tudo parece estar à venda e onde você até sente uma certa criminalidade nas sombras, Singapura é uma cidade bem comportada, disciplinada, compacta e centrada em si própria — não no globo, como Hong Kong. Faltaria a Singapura um certo cosmopolitismo no espírito.
Uma cidade, ainda assim, deveras interessante. A única cidade-estado da Ásia. Tropical e organizada. Livre, mas dentro de limites bem estritos.
Finalmente, era a hora de eu seguir mais a leste: 10h de avião mais a oriente. “Mas peraê, o que é que fica mais a leste que a Ásia?“. A Oceania. O Oriente não é o fim do caminho. A Nova Zelândia me esperava.
UUUfffffffaaaaa, nossssa…. essa cidade é de tirar o fôlego!… Colocou H K no bolso, Que é que é isso, meu amigo, quanto futurismo, charme e beleza, Que edifícios, que luzes, que arquitetura arrojada, arte e criatividade… Estupendo efeito sob as luzes e os espelhos dágua. Liiiinda. E que mistura incrível, inusitada do complexo futurista, moderno, com essa natureza exuberante, com esse bucolismo!… nossa…Impressionante. Lindos recantos, belas flores, grande criatividade e bom gosto. Magnifica metrópole. Maravilhosa região.
UAU está na lista para ser visitada.
Parabéns pelas escolhas e pela apresentação dessa bela região a todos nós, amantes de viagens. Belíssima Ásia e seus arredores. Bela postagem.