Segui de Picton à pequenina cidade de Kaikoura por uma estrada pacata, após tomar o ferry desde Wellington para cruzar de uma ilha da Nova Zelândia a outra. Aqui começava o meu trajeto pela ilha sul do país.
Não são estradas poeirentas “da roça”, do tipo que você vê em filme americano ou que talvez encontre no interior da Austrália: aqui na Nova Zelândia são normalmente estradas bem asfaltadas, mas quase vazias, por amplas paisagens rurais de muita pastagem e pouca gente. Ao longe, algumas montanhas.


Em toda a Ilha Sul (equivalente ao tamanho do Ceará, só que aqui uma terra quase sozinha, cercada pelo Oceano Pacífico) há apenas 1 milhão de pessoas do total de 4 milhões da Nova Zelândia. Se na Ilha Norte do país já havia uma sensação de estar bem longe do restante do mundo, na Ilha Sul essa sensação só cresce.
Eu começava a “descer” a costa leste da ilha, que é onde estão as principais estradas e cidades. (No lado oeste, a costa é pouco povoada e muito acidentada com montanhas.) O mar que você vê é quase vazio, sozinho, o mar de uma região selvagem e desabitada — assim pareceu a mim, habituado ao litoral brasileiro sempre cheio de vida e de presença humana.

Desnecessário dizer que o exotismo do lugar dá uma sensação fabulosa.
Necessário lembrar que aqui estamos quase na latitude da Patagônia. Além disso, era inverno, e a água estava pra lá de fria. Não é à toa que você não vê ninguém na água. Em parte, também, é porque há bem pouca gente aqui.
Nesse litoral, Kaikoura é uma cidade de meros 2 mil habitantes. Eu passaria aqui apenas 1 noite. A rodovia passa, e há apenas algumas ruas além dela. Um lugar pequeno e pacato muito gostoso. Coisa mesmo pra uma passagem breve. Com as montanhas no horizonte e o friozinho, você pode achar que está na Suíça, mas aí vê o mar frio ali.
A Nova Zelândia é dos poucos lugares do mundo onde é possível ver as montanhas e ao mesmo tempo a beira-mar.






Esta região é famosa por passeios para ir ver baleias em alto mar (whale watching). No entanto, se você quiser fazê-lo, prepare a bagatela de 150 dólares. Achei um pouco caro. Acabei ficando ali pela cidade aproveitando a paisagem, e fui comer um fish and chips (peixe frito com batata frita), que é o que há de “comida tradicional” aqui. Não há muitas opções. Não é mau, mas é bem básico — e definitivamente algo que você não deve comer todo dia. Coisas da limitada herança gastronômica inglesa.


Ao cair da tarde, instalei-me na pousada de Helen, uma neozelandesa prática e sem firulas que fazia questão de apresentar-se pelo nome na recepção. A lareira acesa aquecia o ambiente interno, pois uma brisa marítima bem fria soprava com o anoitecer. Coisa de uns 7 graus. Quanto mais ao sul eu ia na Nova Zelândia, mais frio este inverno ficava.
Nisso conheci Verena e Bastion, um simpático casal de alemães jovens. Fizemos uma janta e ficamos noite adentro a papear. (Os alemães jovens de hoje têm muito pouco daquele estereótipo de 100 anos atrás que a gente no Brasil ainda faz dos alemães. São organizados, mas geralmente liberais, descolados, práticos, e pouco tradicionalistas.) Eles estavam já há 1 ano trabalhando numa plantação de maçãs, e aproveitando para conhecer a vida num país diferente.
No dia seguinte, era simplesmente levantar-me para tomar um café sob o sol da manhã fresquinha e esperar o ônibus que me levaria mais a sul, a Christchurch (desta vez uma cidade de mais porte). Deixo vocês com as paisagens do mar e dessa bela costa.






Nosssa, Que maravilha de lugar. . Belas e azuis águas, lindas e nevadas montanhas, belo oceano, e areias de uma cor diferente daquelas daqui das costas do NE brasileiro. Lindo pôr de sol. Parece mesmo uma parte bem remota do mundo. Mas que bela região. estupenda natureza, Um colírio para os olhos. Linda postagem. Amei.