Milford Sound é um daqueles lugares da Nova Zelândia de que eu nunca tinha ouvido falar, mas que me impressionaram profundamente. Estamos falando de fiordes (braços de mar que adentram a terra) cercados de cascatas nas rochas e vegetação nativa.
Muita gente elogia a natureza da Nova Zelândia sem conhecê-la de fato. A maioria dos visitantes não percebe que o ambiente natural do país foi altamente transformado após a chegada dos ingleses, a vegetação natural quase que inteiramente removida para dar lugar aos pastos e plantações de árvore de corte que hoje dominam a paisagem.
A vegetação nativa da Nova Zelândia é rasteira, cheia de pteridófitas. Parece um matagal de gramíneas grandes, samambaias altas ou baixas, e arbustos molhados. Quase nada tem a ver com as espécies do Canadá ou da Europa que hoje você encontra aqui, com suas folhas que ganham cor no outono. A Nova Zelândia é originalmente muito mais verdejante, úmida e menos fria (devido à maritimidade). Musgos abundam com as samambaias, e o jeitão geral lembra algo de uma selva jurássica, da época dos dinossauros, afora a grama.
A área protegida que você visita no passeio a Milford Sound finalmente lhe mostra isso. São paisagens diferentes de tudo que já vi. Uma visita obrigatória.
Acompanhem-me no caminho até o fiorde. Primeiro de ônibus, depois de barco.







Qualquer agência de turismo de Queenstown reserva esse passeio pra você, e ele dura o dia inteiro. Não estamos tão longe, mas as estradas aqui por entre as montanhas são curvas, e não dá pra ir muito rápido. Melhor, pois você vai apreciando o entorno. Ele normalmente inclui tempo para o almoço no barco, após chegarmos ao fiorde.







A partir dali, adentraríamos as nuvens. Esqueça o sol: você fica imerso numa garoa que só lhe permite ver as rochas, as plantas, e depois escarpas dramáticas perante o mar.















Paisagens inesquecíveis, e a sensação de que você está no lugar mais remoto do mundo.
Voltaríamos a Queenstown, e eu no dia seguinte já deixaria a Nova Zelândia rumo a outros mares.
Epílogo
Deixando o muito bonitinho aeroporto de Queenstown (de onde se vê até as montanhas), tive de esperar um tempo até o meu voo com conexão em Auckland. Perto de mim, uma brasileira jovem (com cara de seus 30 anos) estava aos beijos com um senhor gringo com cara de ter no mínimo o dobro. (O coroa narigudo e de cabelos grisalhos penteados para trás estava aceso feito uma vela, não tirava a mão da coxa da moça, e olhava pra ela fixamente, com ares de quem queria “dar uma” logo ali, se não houvesse tanta gente olhando.) Do meu canto, na mesa ao lado, eu saboreava aquele que provavelmente seria o meu último two-shot flat white — um espresso duplo com a quantidade certa de leite — em Queenstown nesta viagem.
Em Auckland, eu ainda almocei e esperei algumas horas, pois só chegaria a Samoa de noite. Presenciei uma cena linda de duas funcionárias Maori, de seus 1,80m e mais ou menos da minha estatura física, formalmente vestidas com blazers, calças pretas, e todo aquele traje formal de funcionário de aeroporto que passa com o comunicador de rádio na mão. Uma de repente, quando a outra estava distraída, meteu-lhe um tapão (daqueles bem dados, de mão cheia) na bunda da outra, que se surpreendeu e pôs-se a rir, aquelas gargalhadas bem dadas, de quem diz à amiga “Sua cachorra, espere só pra ver o seu”. E puseram-se as duas a rir gostosamente.
Essa espontaneidade e real informalidade, esse “peito aberto”, que os aproxima de nós brasileiros, são coisas que você normalmente não verá nos neozelandeses de origem europeia (assim como não verá nos ingleses, canadenses…). Verá, contudo, muito nos outros povos daqui da Polinésia, como os samoanos que eu estava prestes a conhecer.
Eu tenho essa tese de que os polinésios aqui do Oceano Pacífico são muito mais semelhantes em comportamento a nós da América Latina que a qualquer outro povo na Terra, mas vou deixar que vocês próprios avaliem, após ver o que mais eu vi. A trajetória por esta parte tão pouco visitada do mundo só estava começando.

Que região magnifica, que natureza estupenda, Belos Fiordes, Que altas montanhas e que nublação. haha… Achei lindo o passeio, amei a ideia do banho com aquela água pura e cristalina da cascata que desce das montanhas. uma riqueza.
O senhor está muito bem meu jovem amigo ao sopro do vento. Ora ora. Enjoy it, my dear. Bela postagem, linda regiao. Imperdivel.
Adorei o epílogo hahah….. bem descontraídas as moças. Curioso que apesar de perdida no meio do Pacífico ela é relativamente perto da America do Sul e o viajante encontrou pontos de contato entre atitudes e comportamento entre povos de la e de cá.