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Fiji

Fiji: Dicas de viagem, resorts, aonde ir, e o que fazer

Depois de relatar em detalhes a minha viagem em Fiji, vamos a um balanço geral com algumas dicas e recomendações a quem gostaria de visitar o país.

  • O que mais gostou. A vida sossegada nos resorts das ilhas Yasawas e Mamanucas. O conforto, a beleza natural, a animação, os festejos, aquele círculo de amizades de verão que você reencontra e que faz você se sentir numa colônia de férias onde só há sossego, descobertas e alegria.
  • Visita obrigatória. Não faz sentido vir a Fiji e não fazer um passeio às ilhas Yasawas. Eu sempre fico muito com o pé atrás quando ouço essas afirmativas de “Se não fez tal coisa, não veio aqui”, mas, após ver as Yasawas e participar daquela muvuca, me sinto compelido a concordar: não deixe de fazer as Yasawas se vier a Fiji. De 4 a 6 noites, em dois ou três resorts pelo menos.
  • O que não gostou. A comercialização um tanto excessiva das coisas de Fiji. O kava, bebida tradicionalmente cerimonial e reservada a rituais, virou bebida recreativa pra sossegar turista. O “Fiji time“, expressão que diz que em Fiji as coisas funcionam num tempo mais devagar, vira até justificativa para a internet que não funciona, e coisas assim. Há um certo abuso.
  • Queria ter visto mas não viu. Mais das partes não-turísticas de Fiji, como Vanua Levu e a ilha de Taveuni, que dizem ser bonitas mas bem menos voltadas ao turismo. Voar em Fiji, no entanto, não é barato. (Veja mais em Transporte abaixo.)
  • Comida(s) & bebida(s) a experimentar. Arrume uma forma de experimentar um jantar lovo pelo menos numa das noites. É a comida feita com fogo de chão, à maneira mais tradicional da Oceania, com peixes, algas e raízes assadas. (Eu mostrei um pouco da seleção de pratos no fim desse post.) E fora da mesa você certamente se deparará com kava, a bebida mais tradicional de Fiji e da Oceania, uma espécie de chá feito de uma raiz nativa (Piper methyscum) e que tem efeito relaxante (mostrei-a aqui). 
  • Momento mais memorável da visita. As noites no resort Octopus, nas ilhas Yasawas, com uma galera internacional muito boa. Os traslados de barco entre uma ilha e outra, apreciando o sol e o mar e revendo caras conhecidas aqui e ali, também foram memoráveis.
  • Alguma decepção. A modorra de muitos fijianos, a lentidão dos atendimentos, uma certa letargia que — se você for um pouco enérgico — faz você ter vontade de estapear algumas pessoas pra elas começarem a agir. Às vezes um atendimento (numa agência de viagem, por exemplo) pode levar uma eternidade porque a pessoa faz devagarinho, despacito, aí pára pra atender ao telefone, pra conversar com um no caminho do banheiro, etc. Se você acha isso ruim no Brasil, não viu nada. Aqui é muito pior. (Não é o fim do mundo, mas muna-se de paciência.)
  • Maiores surpresas. A quantidade de gente e a infraestrutura turística em Fiji. Eu achava que viria a um país remoto, pouco conhecido e pouco visitado. Que nada, Fiji é repleto de turistas (sobretudo australianos e neozelandeses, mas também muitos norte-americanos, europeus, e alguns sul-americanos morando em Sydney ou Auckland e vindo passear). O fato de quase todos os businesses serem de donos neozelandeses e australianos também me surpreendeu um pouco, embora eu devesse ter previsto isso. Fiji e essas outras ilhotas da Oceania estão para a Austrália e a Nova Zelândia como o Caribe está para os Estados Unidos.

Principais dicas

Quando vir. Junho a setembro é a alta estação. Foi quando eu vim. Peguei um clima ameno, quentinho mas fresco e muito agradável. Evite novembro a abril, pois essa é a época de fortes chuvas e de ciclones tropicais no Oceano Pacífico.

Visto. Brasileiros não necessitam de visto para fazer turismo em Fiji. Nem é necessário pagar nada na chegada ao aeroporto, nem na partida. 

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Dólares fijianos. 1 dólar americano é coisa de 2,1 dólares de Fiji.

Custos. Fiji não é um destino barato, embora não seja exorbitante. Estamos falando de preços apenas ligeiramente menores que na Nova Zelândia, ou equivalentes às grandes cidades do Brasil. 

Casas de câmbio não são comuns, sobretudo levando-se em conta que as acomodações geralmente são em alguma beira de praia, fora das cidades. Os fijianos normalmente querem ser pagos em dólares fijianos, não em dólares americanos nem euros. Isso significa que você provavelmente terá que sacar moeda local em caixas automáticos. Esses, sim, estão por toda parte (hotéis e até albergues muitas vezes têm seus próprios caixas automáticos no saguão) e em geral aceitam cartões estrangeiros sem problemas (Veja mais sobre custos específicos abaixo.)

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Aqui em Fiji tudo é sempre decorado com muitas flores, e muito bom gosto.

Acomodação & Resorts. Afora a sua passagem de avião para cá (a depender do seu ponto de partida), as acomodações serão o grosso do seu orçamento. Não há museus, nem monumentos, nem atrações pagas de nenhum tipo aqui em Fiji (exceto os templos hindus se você quiser visitá-los, mas os custos são módicos). Isso significa que seu dinheiro irá praticamente todo em alojamento e alimentação (o que, muitas vezes, estão juntos).

Há acomodações de todos os preços em Fiji, desde os albergues de mochileiros até os resorts de luxo 5 estrelas. Nas ilhas Mamanucas e Yasawas, no entanto, esse escopo fica mais restrito, pois há “apenas” 20-30 resorts dentre os quais escolher. A Awesome Adventures, empresa que organiza e monopoliza esses tours, os classifica entre 1, 2 ou 3 cocos. Aqui preço em geral acompanha qualidade, embora valha muito a pena você se informar — com os vendedores ou, de preferência, com colegas de hotel/hostel que já tenham feito o passeio — sobre o jeitão de cada resort. Há alguns onde há festa toda noite, já outros que são mais quietos. Há alguns aonde vão várias famílias (com crianças), e outros onde você praticamente só vê gente jovem. No geral, haverá uma mistura, mas vale se informar pra escolher de acordo com a sua preferência.

Eu recomendaria enfaticamente que você passasse pelo menos umas 4-6 noites nas ilhas Yasawas e conhecesse ao menos 2-3 resorts diferentes. (Eles, geralmente, exigem uma reserva de no mínimo de 2 noites.) O passeio total será esse total de noites +1 dia, o de volta. (Lembre-se de que nesse último dia não há almoço incluso, e a depender da localização do seu último resort você pode ser apanhado de manhã e só chegar à noite.)

O custo depende de quantos cocos tiverem os resorts que você escolheu. Via de regra, programe-se pra pagar o equivalente a uns USD 100-150 por dia. Os resorts nas Mamanucas e Yasawas são sempre pensão completa, pois normalmente não há nenhuma infraestrutura além delas próprios nas ilhas. Você faz as reservas com quaisquer agências (que toda acomodação em Fiji tem); pagará um tanto a elas, outro tanto à Awesome Adventures no dia do embarque em Port Denarau, e as dormidas & refeições no ato do check-in diretamente aos resorts. Todos costumam aceitar dólares fijianos, às vezes dólares americanos, e quase sempre cartões de crédito (embora a estes possam incluir uma sobretaxa de 3-5%).

Fora isso, é o que você gastar com drinks, lanches, ou passeios opcionais (ex. snorkel) que alguns resorts oferecem.  

Quanto tempo? Depende de o quanto de Fiji você quer conhecer. A chegada é quase sempre por Nadi. Ali há coisas e passeios de bate-e-volta nos arredores, mas nada muito espetacular. O espetacular mesmo é ir às ilhas Yasawas. A minha recomendação é uma viagem de 6 noites e 7 dias às Yasawas. Some-se a isso ao menos 1 noite no retorno, e mais umas 2-3 noites iniciais pra você se aclimatar e fazer suas reservas, e temos uma estadia de seus 10 dias em Fiji. 

Se você quiser conhecer as partes menos visitadas de Fiji, acresça aí pelo menos uns 5 dias a mais, pois os lugares são distantes e o transporte é limitado. Muitas vezes você precisa tomar um voo doméstico pra ir a outras ilhas de Fiji (e eles não são baratos).

Transporte. Não conte muito com transporte público em Fiji. Embora ele existe, é limitado. Ônibus urbanos, por exemplo, às vezes sequer rodam aos domingos. Entre cidades eu não cheguei a usar (mas as cidades de Fiji são de interesse limitado), mas quase todos os hotéis e resorts, de qualquer forma, ficam em praias ou beiras de pista, um tanto isolados. Para ir às partes mais distantes de Fiji, o jeito é apanhar algum voo doméstico da Fiji Airways (eu voei pela companhia e gostei).

Internet. Internet na Oceania — até mesmo na Nova Zelândia! — é quase tão ruim quanto na África. Não há cabos de fibra óptica na maioria dos países, então fica-se dependendo de sinal de celular ou hotspots de wi-fi com velocidade limitada. Sugiro que você não venha com grandes expectativas para a internet em Fiji. Hotéis melhores têm, mas às vezes cobram por hora de uso. Às vezes é grátis, mas muitas vezes a velocidade é pífia, daquelas de deixar você nervoso. Nas Yasawas, esqueça wi-fi. Às vezes até tem, mas não está funcionando ou é cobrado à parte.

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Linhas de cosméticos em Fiji, com essências de plantas daqui. Se quiser algo típico, procure por coisas feitas de tiare, essência de uma flor daqui, um tipo de gardênia nativa da Oceania.

Compras. Fiji é cheio de souvenirs legais pra você comprar. Há máscaras tribais, produtos de beleza com ervas, essências ou aromas daqui, etc. Você encontrará muitas lojas desses produtos, tanto nos hotéis quanto em Port Denarau quanto em Nadi. Em Nadi, há um mercado aberto de artesanato que é mais barato que as lojas. Os hotéis e o aeroporto, naturalmente, têm os produtos mais caros, embora possam ter variedade e opções que você não encontra pelas ruas.

(Atenção: Se o seu voo de saída de Fiji for para a Austrália ou a Nova Zelândia — o que é bem possível —, cuidado ao levar mel, produtos de madeira, ou outros souvenirs naturais que possam ser confiscados na alfândega de um daqueles países por questão de biossegurança. Eles são muito sensíveis à importação desses produtos, e você pode inclusive tomar uma multa se não declarar.

Outra coisa: Muita gente se empolga com o kava, que mostrei no post anterior, e que é um ansiolítico natural registrado pela ANVISA como fitoterápico. No entanto, ele é um fitoterápico de uso controlado, pois pode ser hepatotóxico se usado demais (como os remédios artificiais também podem). As lojas aqui em Fiji o vendem a rodo em pó pra você mesmo preparar, mas eu não sei qual a posição da alfândega brasileira a respeito, caso você deseje levar um pouco pra casa.

Segurança. Por fim, não posso deixar de dizer: Fiji é um país muito simpático, mas não é um paraíso de segurança. Nos resorts nas Yasawas você pode ficar hiper-tranquilo, mas nas cidades, não, sobretudo à noite. É mais seguro que o Brasil, mas há crimes, especialmente furtos. Olho vivo. 


Se você ficou com alguma dúvida, quer algum toque, ou tem alguma pergunta que eu não respondi, é só pôr abaixo nos comentários.

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

4 thoughts on “Fiji: Dicas de viagem, resorts, aonde ir, e o que fazer

  1. Oi Mairon. Vc chegou em Fiji qdo? Foi em Dezembro? A temperatura das águas? Rola banho de boa ou é gelada demais? Qual a estação aí? 🎄😘 Feliz Natal.

    1. Oi Daniele! Como nunca dá pra escrever adequadamente durante as viagens (em que estou aproveitando o lugar e às vezes sem computador), os relatos acabam sempre vindo um pouco depois. Era junho quando eu visitei Fiji. A temperatura da água é mais fria que no Nordeste brasileiro, mas dá pra se banhar bem com um pouquinho de coragem ;-). É a melhor época do ano pra visitar, porque o verão deles (que é na mesma época do nosso no Brasil) é também época de ciclones tropicais, então complica um pouco. Feliz Natal! :*

  2. Bela região. Gostei muito da natureza e seus encantos quase intocáveis. Pena pela internet e pela pobreza do povo, como também pelo controle do turismo por estrangeiros.

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