Esses são os meus novos amigos. Lembram a Timbalada, mas numa versão mais hardcore. Como eu comentei no post anterior, Vanuatu (e toda a Melanésia) têm uma organização social tribal, que os europeus encontraram aqui e que ainda subsiste. Isso guarda um impressionante, curioso, e às vezes até macabro passado tradicional.

Por exemplo, o famoso bungee jump surgiu como uma “versão nutella” para um rito de passagem de raiz da Ilha de Pentecostes (sim, o nome lhe foi dado por portugueses) aqui em Vanuatu. Lá, para chegar à idade adulta os homens precisam se atirar de um penhasco com vinhas amarrada aos pés — e de fato estabacar-se no chão. As vinhas presas a uma árvore são para o cidadão não morrer na queda.
Mas, na verdade, até o século XIX um dos hábitos mais notórios de toda a Melanésia era mesmo o canibalismo. Não faltaram europeus assados no espeto nos últimos séculos, especialmente missionários religiosos. (Vai ver foi o karma das igrejas europeias por terem também queimado tanta gente na época da Inquisição.) O inglês John Williams, fundador da igreja de Samoa, por exemplo, veio pra cá e foi comido.
Pepeyo é uma vila cultural que mostra um pouco de como era essa vida tribal de Vanuatu até poucos séculos atrás. (No interiorzão ela ainda é em parte assim, embora não se tenha registro de canibalismo contemporâneo.) É muito fácil organizar uma visita aqui com qualquer acomodação de Port Vila.
Se você tiver a curiosidade de saber como é uma recepção tribal aqui em Vanuatu, é só conferir no vídeo abaixo.




Esse rapaz nos contou histórias do seu povo enquanto caminhávamos pela floresta.
Eu já andei muito, mas nunca tinha ido a um lugar onde as histórias tradicionais do folclore popular fossem tão horroríficas quanto aqui. Parecem todas saídas de Contos da Cripta ou algo daquele tipo, aquelas historietas de horror meio tipo “filme B”, tipo Cine Trash, dada a bizarrice.
Uma era de um chefe que tinha 30 esposas e que foi traído e enterrado vivo, onde hoje é sítio Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO, uma ilhota aqui ao lado. Outra do pai que comeu o filho (literalmente), matou-o quando foram pescar, e quando chegou em casa a mãe perguntou porque ele fez isso, e disse que peixe ia alimentar por uns dias, e o filho, por semanas.
A terceira de um menino que não atendeu à norma de não andar sozinho na floresta após o começo do cantar da cigarra, no escurecer, e quando o encontraram, a cabeça estava no lugar do ombro, e um braço saindo pelo pescoço, como que trocaram de lugar. E tiveram que fazer um apelo aos deuses do bem para consertar o menino, e tinham que levá-lo a algum lugar, mas os espíritos malignos tornaram o menino pesado, pra que as pessoas não conseguissem carregá-lo, mas o carregaram mesmo assim etc., e no final salvaram o menino. Cada conto mais bizarro que o outro.



Depois daquilo, fomos fazer um lanche…


Se você achou que esses caras são só atores, enganou-se. O cristianismo trazido pelos missionários aqui segue misturado às práticas tradicionais, e nós pudemos ver em primeira mão, por exemplo, a lendária prática de andar sobre pedras quentes sem queimar os pés.
Eu só acreditei porque vi. Um desses cidadãos mascou uma folha, cuspiu na mão, e esfregou a cusparada verde nos pés descalços. (Eu, mais tarde, esqueci-me e apertei a mão dele.) Eu estava a um metro dali e sentia o calor das pedras, além de ver e ouvir o vapor depois quando jogaram água depois. O cidadão andou ali por cima como se não houvesse nada.



Eles concluíram no melhor estilo de Os Impossíveis, que terminavam cada episódio do desenho tocando música. Não permitiam filmar, mas um ritmo bom, que lembrava as músicas dos índios dos Andes ou do México, com sons de bambu.


Minhas andanças pela ilha de Efate chegavam ao fim, e chegada era a hora de tomar o avião para conhecer o que me reservava uma das outras ilhas de Vanuatu.
Que horror!…. que historias macabras haha e que hábitos, Fiquei assustada ja com as ” boa vindas” Fiquei horrorizada hahah. Deus me livre de ir a esta ilha hahh apesar das belezas naturais. Vai que eles sentem saudades do tempo do canibalismo hahah. Never hahah. Muito corajoso o senhor, meu jovem haha Como se diz por aqui ” tô fora ” haha.
Impressionante essa proteção verde ai contra o calor. Uaaauu. Não sabia que a banana era nativa ai da Oceania e nem que foram os portugueses que a trouxeram. Muito interessantes as informações dessas suas postagens. Muito úteis. Obrigada. mas que eram feias as bananas antiga, la isso eram haha.
Curiosos esses rituais embora meio inquietantes.