Depois de relatar as várias histórias da minha viagem pela Nova Caledônia, vamos a um balanço geral com algumas dicas e recomendações a quem gostaria de visitar o país.
- O que mais gostou. Da natureza, sobretudo à beira-mar. A Nova Caledônia é um lugar “Classe A” onde fazer snorkel e ver a vida marinha. Ela tem a segunda maior barreira de corais do mundo (após a australiana) e recantos lindos, como a Ilha dos Pinheiros (Île des Pins).
- Visita obrigatória. A Ilha dos Pinheiros, sem dúvida. Um lugar pitoresco, mágico, um paraíso a ser visitado por quem vem tão longe.
- O que não gostou. O pouco destaque para a cultura local fora dos museus (você sente mesmo que está na França); os preços europeus; e a pouca infraestrutura hoteleira para o turismo de baixo custo. Malgrado todo o desenvolvimento econômico daqui (em contraste à pobreza de países como Samoa ou Vanuatu), há um único hostel em toda a cidade. Na Ilha dos Pinheiros, quando eu visitei não havia um sequer, praticamente só hotéis de luxo — um problema geral que eu encontraria nas várias posses francesas aqui da Oceania.
- Queria ter visto mas não viu. As outras partes da Grande Terre (a ilha principal da Nova Caledônia) e as demais ilhas daqui. Mas a locomoção é cara, quase sempre requerendo carro particular ou tomar um voo doméstico de 100 euros (ver mais sobre Transporte abaixo).
- Comida(s) & bebida(s) a experimentar. Confesso ter encontrado muito pouco de comida típica kanak, dos nativos. Você encontra algumas coisas dos territórios franceses na Polinésia, como os doces que eu mostrei aqui. Mas, no geral, a receita é mesmo cair nos quitutes franceses, nas patisserias, nos vinhos, e no café. É como estar na França propriamente dita. Depois de penar com café solúvel em Vanuatu e Samoa, foi ótimo aqui encontrar cafés de verdade.
- Momento mais memorável da visita. Estar na “Piscina Natural” sentindo as frescas águas transparentes do Mar de Corais e me deleitando naquela paisagem paradisíaca da Ilha dos Pinheiros.
- Alguma decepção. A situação de supressão do povo kanak, os melanésios nativos. Aqui eles hoje não são nem metade da população, em sua própria terra.
- Maiores surpresas. Os preços bem elevados e a quantidade significativa tanto de franceses quanto de coisas francesas (supermercados, marcas, vinhos, patisserias…), que às vezes dão a impressão de que você está na Europa, e não na Oceania a 18 mil quilômetros de Paris.
Principais dicas
Quando vir. Como outros países desta região da Oceania, o mais indicado é vir entre abril e outubro, embora julho e agosto às vezes estejam mais movimentados devido às férias de verão na França propriamente dita. Eu vim em julho havia movimento, mas nada demais. Tempo bom e temperatura relativamente amena, nada comparada aos verões do Brasil. Novembro a março é a época de ciclones, a evitar.
Visto. É como estar entrando na França europeia. Brasileiros não necessitam de visto para fazer turismo. Nem é necessário pagar nada na chegada ao aeroporto, nem na partida.

Custos & câmbio. A Nova Caledônia é um destino caro. Bem mais do que eu imaginava. Finja que está indo a Paris.
Aqui, contudo, não se usa o euro, mas o franco pacífico (francs pacifiques). Esta moeda é usada por toda a Oceania francesa, que inclui também Wallis & Futuna e toda a Polinésia francesa.
Como a conversão é praticamente fixa em 1 euro = 119 francos pacíficos, o câmbio sempre tem comissão. No aeroporto, a comissão tem o custo não-desprezível de 10 euros, portanto o negócio é converter tanto quanto possível de uma vez. Nos bancos, não acredito que o câmbio custe muito menos.
Não há casas de câmbio facilmente pela cidade. Se você não trocar no aeroporto internacional, provavelmente terá de ir a algum banco. Não espere pagar as coisas em euros, muito menos em dólares aqui.
Há transporte coletivo bom por um preço acessível na capital Nouméa, e o albergue da juventude (o único da cidade) cobra coisa que equivalente a uns 20 euros por noite num dormitório — como na França europeia. No entanto, comer fora também tem custos equivalentes a Paris ou Lyon. O jeito é ir ao supermercado se quiser economizar. (Sobre outros custos específicos de transporte, ver mais abaixo.)
Transporte. A Nova Caledônia é um país um pouco complicado pra transporte. Muitas vezes existe, mas é caro. Às vezes não existe.
Deslocamento em transporte coletivo dentro da capital Nouméa não tem problemas; é ótimo. No entanto, pra ir do aeroporto internacional La Tontouta até a cidade, o melhor é reservar um serviço de traslado privado. Táxis custam o olho da cara. O serviço que eu usei, e que recomendo, é o Smith Voyages. Basta enviar a eles um e-mail com seus horários, etc. Eu paguei 3000 francos pacíficos por trecho, o que dá cerca de 23 euros. Se isso mudar, você verá no site.

A Grande Terre, ilha principal da Nova Caledônia, é relativamente grande — como o nome dá a entender. Para viajar às várias partes da ilha ou a outras ilhas desta nação quase sempre é necessário tomar voos domésticos (a menos que você de goze de muito tempo livre pra sair ir aos poucos de ônibus, pois a ilha é comprida). Esses voos domésticos, operados exclusivamente pela Air Calédonie (e que utilizam o Aeroporto Magenta em Nouméa, não o internacional), facilmente custam mais de 100 euros ida-e-volta. Prepare o bolso.
No mais, para ir à Ilha dos Pinheiros (Île des Pins), há um ferry semanal que é a única alternativa ao avião. Quando eu visitei, ele saía e voltava às quartas-feiras, mas você pode verificar os horários atuais direto na Estação Marítima (Gare Maritime) de Nouméa. Basta comprar no dia anterior, pessoalmente e com a sua documentação. Eles vão querer também nome, endereço e telefone do local onde você está hospedado. O ferry se chama Betico, e você pode ver suas tarifas no site oficial. Quando eu fui, o preço de uma “day trip” bate-e-volta era algo próximo de 11.000 francos pacíficos, o equivalente a uns 85 euros.
Acomodação & Reservas. Só há um hostel de que eu tenha conhecimento na Nova Caledônia, o Auberge de Jeunesse que já opera há muitos anos em Nouméa. Eles, no entanto, não estão no Booking.com nem na maioria dos sites de reserva; é preciso fazê-la diretamente com eles através do seu site oficial.
No mais, há, sim, muitos hotéis mais caros onde se hospedar. Se seu orçamento não for muito limitado, vale a pena se hospedar na Ilha dos Pinheiros por algumas noites. O lugar é lindíssimo; e ao menos o Hotel Le Méridien, que eu conferi pessoalmente, me pareceu muito bom e agradável — além de ficar bem próximo da Piscina Natural, principal atração da ilha.
Aonde ir & Quanto tempo ficar? Como de costume, isso depende da sua ambição. Eu recomendaria pelo menos uma semana, entre Nouméa, a Ilha dos Pinheiros, e outras partes que você queira ver com voos domésticos. A capital Nouméa em si requer apenas uns 2-3 dias inteiros, tempo suficiente para você visitar o interessante Centro Cultural Tjibaou, a área da orla de Anse Vata, o centro ao redor da Place des Cocotiers, o mercado, etc.

No entanto, da capital é possível também fazer vários tours diários, como uma ida de bate-e-volta à Ilha dos Pinheiros ou à Ilha do Farol Amédée. Ou ainda, se você preferir algo mais simples e próximo, pode ir à Ilhota dos Patos, que você avista a olho nu de Anse Vata e aonde muitos turistas vão passar o dia.
Com a agência Mary D, que faz os passeios à Ilha do Farol Amédée, eu paguei cerca de 8000 francos pacíficos para o dia de passeio (uns 70 euros). Você pode reservar pelo site oficial se quiser, e eu recomendo o passeio, mas informo que pessoalmente você pode obter um bom desconto naquele preço oficial oferecido. Há uma agência deles na orla de Anse Vata.
Já se você quiser desbravar a Nova Caledônia de cabo a rabo, tomando ônibus pela Grande Terre e explorando também as outras ilhas com voos domésticos, planeje umas 2-3 semanas.
Internet. Não se preocupe demais com internet na Nova Caledônia. Embora internet na Oceania em geral seja uma pindaíba, ela aqui na Nova Caledônia funciona direitinho. (Só que no Auberge de Jeunesse ela não é gratuita, fique já sabendo. Eles lá vendem pacotes de dados. Às vezes eu optava por ir a algum café com wi-fi.) Não sei sobre a situação de conectividade nas áreas remotas daqui.
Idioma. Tudo aqui é em francês, mes chers. Algumas pessoas no setor de turismo falam algo de inglês — como na França europeia —, mas não espere encontrar fluência de inglês nas ruas, nem coisas escritas em inglês, exceto mesmo as coisas para turista.
Segurança. A Nova Caledônia é relativamente segura, mas não tanto. Embora as chances de crime aqui sejam claramente bem menores que em qualquer lugar do Brasil (exceto Gramado e Canela), há, sim, algo delinquência juvenil, tráfico de drogas e alguns ambientes pouco amistosos que você preferirá evitar no centro, especialmente à noite.

Compras. Se você busca coisas típicas ou culturais para comprar, as melhores opções são tecidos, roupas, semi-jóias de artesanato ou esculturas em madeira típicas aqui da Nova Caledônia. As esculturas de madeira, em particular, são muito cotadas e muito bonitas. O preço, em geral, aqui acompanha a qualidade.
O melhor lugar onde achar esses produtos é mesmo o mercadão diário, entre a marina e a Place des Cocotiers.
(Só se certifique de declarar isso na aduana da Austrália ou da Nova Zelândia se o seu voo de saída for pra lá, pois eles têm regras rígidas de biosegurança. Converse isso com o vendedor, que pode estar habituado a vender a australianos, e de repente ele pode lhe dar informações ou até mesmo um certificado do material. Eu comprei uma máscara esculpida em madeira aqui na Nova Caledônia, com a qual entraria na Nova Zelândia, e com o adesivo de que a peça foi fumigada para evitar o contágio de parasitas não tive problema algum na alfândega, quando declarei o produto.)
Se você ficou com alguma dúvida, quer algum toque, ou tem alguma pergunta que eu não respondi, é só pôr abaixo nos comentários.
Parabens. Excelentes postagens, linda região.
Excelente post, tudo bem explicadinho. Obrigada!