Um voo de 50 minutos me levou do Taiti, a ilha principal da Polinésia Francesa, à lendária Bora Bora, talvez a mais comentada das demais ilhas deste arquipélago das Ilhas de Sociedade (Îles-de-Société). Vir aqui, a este lugar tão remoto e de curioso nome, era pra mim um sonho, uma realização deveras simbólica.
Aquele voo doméstico, operado pela Air Tahiti, é a única forma de chegar a Bora Bora — excetuando-se, é claro, viajar em barco próprio, como alguns velejadores fazem. Não há serviços de ferry.
Ainda que houvesse serviço de ferry, contudo, não valeria a pena, pois das melhores vistas de Bora Bora se têm do alto.



É num desses motu que fica o aeroporto, e é neles que as águas são mais lindas e claras. (Verdade seja dita, os motu são as áreas mais espetaculares de Bora Bora, onde — é claro — localizam-se também os hotéis de grandes redes como Hilton e Intercontinental. Invariavelmente, eles têm serviços de traslado de lancha até o hotel. Para plebeus como eu, sem reserva em hotel cinco estrelas, há um ferry gratuito até o porto de Vaitape, na ilha.)





Do outro lado, no porto de Vaitape, aguardava-me Florence, uma suíça francófona de seus 26 anos. Ela trabalhava numa agência da ilha e me albergou através do CouchSurfing em sua casa. (A quem não conhece, CouchSurfing é uma rede social que conecta pessoas dispostas a serem acomodadas ou acomodar visitantes sem custo, por simples solidariedade ou interesse em conhecer gente de outras partes.) Ao visitante pouco disposto a gastar com acomodações de luxo, tenho a má notícia de que albergues, hostels e hoteis simples aqui são bastante raros. (Mais sobre isso a seguir.)
Embora o mais embasbacante de Bora Bora sejam mesmo os motu com suas águas claras, era hora de conhecer mais a fundo a ilha de Bora Bora em si.

É preciso dizer que há duas realidades muito distintas em Bora Bora.
Uma é a dos turistas nos hotéis chiques nos motu. Outra é a da ilha em si, onde vivem polinésios simples, e onde o mar pode não ser tão espetacular assim. É a realidade. Há praias bonitas, como a de Matira (talvez a mais famosa em toda a ilha), mas que não são mais impressionantes que as que temos no Brasil. (Como há a barreira de corais, elas são bem tranquilas.)





Ter alguém que desse carona foi uma mão na roda, pois não há transporte coletivo — você depende mesmo de pedir carona com o polegar na beira da estrada (“faire du stop“, como os franceses dizem).
Florence nos levaria ainda nas alturas das montanhas de Bora Bora, no interior da ilha. A vista é fascinante. (De um lado a outro são meros 3 Km, então você logo avista o mar de ambos os lados. O pico mais alto, o Monte Otemanu, reminiscências de um vulcão antigo, chega a 727m de altura.)






Se você quiser, pode experimentar o Lagoonarium de Vaitape, onde pode nadar nessas águas calmas da laguna junto com a biodiversidade marinha local: incluindo arraias que ferroam e pequenos tubarões. A gosto de cada um. (Faça por sua conta e risco. Eu me recusei por uma questão de princípio a fazer esses passeios de snorkel em áreas fechadas de mar aqui na Oceania, pois normalmente a biodiversidade fica ali em cativeiro, frequentemente mal alimentada, e sem os cuidados de saúde que seriam necessários. Não quis compactuar.)
O que acabamos fazendo naquela noite da caminhada ao alto foi ir ver as movimentações do Heiva, festival cultural de verão taitiano, aqui em Bora Bora. Como coloquei antes, no post mostrando o Heiva, os dançarinos e dançarinas aqui em Bora Bora apresentam-se de modo muito mais “raiz”: com menos roupa e na areia da praia, em vez de num palco como acontece em Papeete.
Há uma série de barracas com bons restaurantes de peixes e frutos do mar no porto de Vaitape, que é basicamente o único lugar da ilha onde há alguma atividade noturna. Sendo Heiva, estava bem animado. (Só tenha paciência, pois o serviço é lentíssimo. Eu decidi esbanjar, pedindo um prato de lagosta, e levaram quase 1h pra trazer.)





Se você quiser captar um pouco mais da vibe deste lugar, assista ao pequenino vídeo que eu fiz, aí abaixo, com o menino dançarino.
E assim eu experimentava dos dois lados de Bora Bora: a apresentação estonteante inicial, dos muitos tons de azul na água (a Bora Bora turística, mais conhecida dos estrangeiros), e um pouco da Bora Bora “real”, da ilha com suas simplicidades.
A bem da verdade, eu não deprecio a Bora Bora turística (não há como!), e se for pra ser sincero, digo que na próxima vez guardarei um dinheiro pra ficar ao menos uma noite num hotel chique num motu, com acesso direto da minha cabana privada ao mar. (De preferência, o farei bem acompanhado, em lugar de numa viagem solo. Não à toa muitos casais vêm casar-se ou em lua de mel a Bora Bora.) Mas acho também valioso conhecer algo da Bora Bora onde vivem as pessoas.
Depois de um par de dias, era hora de eu retornar àquele aeroporto para continuar o meu périplo pelas ilhas da Polinésia Francesa. Era hora de reencontrar-me com aquele inesquecível azul. Sonho realizado.




É lindo, mas por esse valor de 900 europeus por noite só dá pra ficar no máximo 2 dias…caro p caraças!
Arrrrremaria!…. que águas lindas são estas? parece fotoshop. Que espetaculares tons de azul e verde. Impressionantes. Belíssimas. Região de uma beleza rara. Incrível conhecer esse paraíso insuspeitado haha. Apesar de conhecido de nome e de fama, não o imaginava tão belo. Maravilha. Semelhanças com o Brasil, mesmo. O mercado, o povo, a pracinha …
Amei. A região e a postagem. Lindas. Colírio para os olhos de quem ama a natureza. Muito bonita. Parabéns pela escolha do local, como sempre muito apropriados e belos e pela postagem. Gosto de ver o que os turistas pouco sabem e veem.
Belíssimos ocasos. Efeitos espetaculares da luz do sol se pondo nas águas maravilhosas. Belas e elegantes palmeiras, Um pedacinho do céu.
Nossa!… Essa Aventura de voces. Grande altura.
E as danças são lindas. esse garoto é um grande aprendiz.
E a felicidade estampada no rosto do viajante. É isso ai.
Valeu. Lindas paragens.