Mudei-me para a Holanda em 2008, e lá morei pela grande parte dos últimos 10 anos — sempre que não estava em viagem a algum outro lugar do mundo ou passando um tempo com a família no Brasil.
A Holanda é um país maravilhoso de muitas formas, e não só para visitar. Nenhum lugar é perfeito, mas viver na Holanda tem grandes vantagens. Lá eu me afeiçoei a certas coisas que agora dificilmente consigo viver sem por muito tempo. Fiquei “mal acostumado” — ou bem acostumado, a depender da leitura que você preferir.
Resolvi elencar aqui os 5 aspectos que mais amei (sem necessariamente uma ordem de preferência). Como sempre, estas listas são subjetivas, mas podem servir de inspiração a quem pretende passar um tempo no país. Alguns deles são aspectos que também já ouvi outros amigos estrangeiros apreciarem.

1. Ciclovias, ciclovias… e transporte coletivo de qualidade.
Mobilidade. Sinto-me desempoderado cada vez que retorno ao Brasil ou vou a algum outro lugar onde sem carro não se faz nada.
Na Holanda, todo mundo tem uma bicicleta (às vezes duas), e de bicicleta se chega a qualquer lugar — gastando calorias e guardando dinheiro, em vez de guardando calorias e gastando dinheiro.
As ciclovias na Holanda levam você a quase qualquer lugar do país, até mais do que os carros, já que estes são proibidos em alguns espaços urbanos. O resultado é um ar melhor, trânsito leve, qualidade ambiental, e tantos outros benefícios que se poderiam elencar.
Os críticos dizem que “na Holanda é fácil”, pois se trata de um país plano e de distâncias relativamente curtas, mas este é um argumento falacioso. O relevo plano ajuda, mas não é só isso. Os holandeses, até os idosos, pedalam grandes distâncias numa boa, e não se constrangem em ir de bicicleta para o trabalho (pelo contrário, se você usar o carro para cobrir uma distância “pedalável”, você aqui cai um pouco no ridículo, como já vi acontecer a algumas pessoas.) É uma questão cultural e de incentivos governamentais, e a indústria automobilística sabe muito bem disso.
Afora as ciclovias, a Holanda ainda tem uma excelente malha de bondes elétricos (trams), metrô e trens dentro e entre as cidades. Faz falta.

2. Segurança — inclusa a de que as autoridades também o tratarão com respeito.
Talvez, no mundo inteiro, o número de países onde esse seja o caso não encha sequer duas mãos. Certamente não é o caso dos Estados Unidos, onde há violência urbana e corriqueiros abusos tanto de policiais quanto de autoridades imigratórias. Nem da França, nem da Bélgica, nem da maioria dos países do sul ou do leste da Europa com suas tensões sociais, xenofobia e/ou corrupção. (Não preciso nem falar da América Latina nesse quesito.)
A Holanda, como os países nórdicos, está bem à frente nesse respeito. Você aqui circula à vontade, a qualquer hora do dia ou da noite, pelas ruas mais desertas, e os riscos são mínimos. Há furtos, e há roubo de bicicletas deixadas sozinhas, mas assaltos e outros crimes de rua são raríssimos. Isso dá uma tranquilidade e uma liberdade imensas.
Ao mesmo tempo, sobretudo como imigrante, é importante também sentir que as autoridades de segurança são respeitosas. Na grande maioria dos países onde estive, a minha sensação é a de que bastaria um olhar torto, ou o oficial não ir com a sua cara, e você poderia ser facilmente detido (ou abusado) por qualquer motivo.
Já na Holanda as autoridades são geralmente sóbrias, despretensiosas, e não há aquela ideia de que respeito significa você se inferiorizar. Você respeita a autoridade policial ou imigratória como respeita o motorista de trem ou qualquer outro funcionário público, e tem a segurança de que a lei e os seus direitos também são respeitados.
3. As facilidades de cidades grandes, mas em cidades pequenas.
Schiphol, o aeroporto que serve Amsterdã, é o quarto mais trafegado de toda a Europa (atrás apenas de Londres, Paris e Frankfurt, cidades que têm múltiplas vezes a população e o tamanho da capital holandesa). Cosmopolita, mas a 10min de trem de qualquer zona de Amsterdã, e acessível também aos outros principais centros urbanos da Holanda em menos de 1h.
Amsterdã tem dos melhores eventos culturais do mundo, filiais das melhores lojas, livrarias internacionais, e uma série de outras vantagens de cidade grande — comparáveis às maiores metrópoles do mundo (como Londres, Paris ou Nova York) — mesmo sendo uma cidade pequena de menos de 850 mil habitantes. Outras cidades holandesas próximas, como Haia ou Roterdã, gozam de acesso semelhante.
O resultado é que você tem o sossego e as distâncias curtas das cidades pequenas, mas com as vantagens de quem vive numa cidade grande.
(De quebra, você ainda está a poucas horas de trem de Paris, Londres, Bruxelas ou da Alemanha.)

4. Seu liberalismo e respeito aos direitos individuais. A Holanda talvez seja o mais tolerante, menos xenofóbico, e menos socialmente conturbado país rico da Europa hoje.
A tolerância da Holanda para com os direitos e liberdades individuais é histórica; trata-se de um elemento formativo do seu espírito e identidade nacionais (ver aqui). Qualquer um que já tenha vindo a Amsterdã, ou pelo menos conheça a sua fama, também sabe das liberdades raras de que se goza aqui. Se na América Latina as pessoas adoram meter-se na sua vida, aqui você terá um bálsamo de sossego nesse aspecto.
Não iremos idealizar, pois racismo e discriminação existem por toda parte, mas a capital holandesa talvez seja a cidade mais liberal do mundo, e em tempos de tensões sociais elevadas advindas da imigração (para não falar em atentados terroristas), essa é uma vantagem importante.
As tensões sociais e imigratórias nos países europeus que tiveram colônias (ex. França, Reino Unido, Portugal, Bélgica) são notórias. Por outro lado, países mais homogêneos (como Suécia, Noruega, Hungria ou República Checa), que não tiveram experiência colonial, às vezes são mais xenófobos ainda.
Nesse aspecto, a Holanda me parece mais aberta ao diferente (pela sua História de aventuras coloniais) ao mesmo tempo em que a sua atitude de “let it be” (“deixe ser”), advinda do liberalismo, faz com que os conflitos sociais sejam menores, ainda que não inexistentes.
5. Francamente? A beleza.
A gente pode olhar muito bem todos os aspectos úteis e práticos, mas convenhamos que é uma delícia morar num lugar bonito. Já falei antes das minhas experiências com a beleza de Amsterdã, assim como de algumas cidadezinhas graciosas como Haarlem e Delft, e a beleza das holandesas também não fica atrás. É uma nutrição visual contínua morar aqui.

(Como toda moeda tem dois lados, no post seguinte eu elenco as coisas que menos gostei da experiência de morar aqui.)
Uaaaaaauuuuu. Adorei os maravilhosos pontos positivos dessa linda parte da Europa e estou de pleno acordo. Que gostoso é morar numa cidade em que voce vê tudo limpo, pessoas que respeitam os cidadãos, com mais segurança, autoridades que não o olham de cima para baixo, com transporte bom, limpo, agradável, novo, prático, eficiente, eficaz e pontual, Mas tambem uma região linda, cheia de flores, pontes, água, canais bem cuidados, enfim, se não é o céu na terra, é um pedacinho dele como dizia a minha mamma.
Boa noite, Mairon.Estive em Roterdã e Amsterdã, amei tudo nesse país, fui em Haia,Delft e em Roterdã.Roterdã minha sobrinha mora já a 6 anos.As pessoas muito educadas.Visitei os museus todos os museus belíssimo de grandes artistas.Ainda voltarei na primavera que pelas fotos é uma época lindíssima.Fui aluna de sua mãe, no qual admiro muito ela, abraços Jussara