Certa vez eu conheci um russo meio doidinho, num albergue na Europa, que se assombrou quando eu lhe disse que iria ao Leste Distante da Rússia. Num inglês quebrado, ele comentou que Moscou e São Petersburgo eram uma coisa, fáceis de navegar. Já Blagoveshchensk e Khabarovsk, que eu lhe disse que planejava visitar, eram “a Rússia profunda” (“deep Russia”), outros 500. Ele achou que eu era meio maluco de ir pra lá sem fluência em russo, e gostou de mim por isso.
De fato, visitar o interior da Rússia está muito distante da experiência de conhecer Moscou ou São Petersburgo, cidades relativamente europeizadas. Aquelas cidades valem muito a pena, mas são vivências muito diferentes das cidades menos turísticas do país.
No interior da Rússia, (1) a vida é muito mais barata, (2) os russos tendem a ser mais simpáticos e menos ríspidos que em Moscou ou São Petersburgo, e (3) você presencia o dia-dia de uma cidade russa sem turistas ocidentais, onde os únicos a circular são em geral os próprios russos e alguns asiáticos. Inglês, claro, é ainda menos falado, mas isso você provavelmente já imaginava.
Khabarovsk [lê-se em português “Rabárovsk”], a 8.000Km de Moscou e quase no Oceano Pacífico, se provaria assim. E com muitas belezas e curiosidades.


Quando eu cheguei, no entanto, era uma manhã cinzenta de chuva. A gente quando viaja às vezes esquece que há dias de chuva. Eu vinha de uma noite dormida no trem que me trouxe de Blagoveshchensk por 14 horas.
Amaldiçoei a chatice de ter que andar de mochilão debaixo de chuviscos a procurar a acomodação, mas não foi o fim do mundo. Khabarovsk tem um centro (mais adiante, perto do rio) com prédios belos, alguns em arquiteturas enfeitadas, além de parques e praças bonitas. E há o resto da cidade, repleto de bulevares bem arborizados, como ditava o urbanismo comunista soviético, porém feios prédios cinzentos todos quase idênticos. A estação de trens fica entre um ambiente e outro, ligeiramente fora do centro. (Não é como nas cidades europeias, onde a estação central de trens frequentemente é o centro.)




Eu estava somente a mais um passo da chegada final: Vladivostok, nas margens russas do Oceano Pacífico. Deter-me aqui em Khabarovsk por um par de dias foi bom; dividiu ao meio o que de outra forma teria sido uma viagem de trem de duas noites de Blagoveshchensk até lá. No entanto, eu ainda não sabia muito o que faria aqui. Tudo o que eu tinha na agenda era um encontro com Dasha (forma familiar de Dária, assim como “Masha” está para Maria), uma amiga de Irina que vive aqui.
O meu albergue se revelou o apartamento de uma jovem família russa, que não falava nada de inglês. Kátia (abreviação de Katarina ou Ekaterina), uma russa algo morena e de olhos claros, de seus 35 anos e olhar ligeiramente pervertido, era quem gerenciava a coisa. Ela ficava pra lá e pra cá pelo apartamento com seu filho de colo, descalços e em roupas de casa a conturbar belamente o raciocínio alheio. O marido era um bobo simpático que apareceu depois pra apertar as mãos e cumprimentar os hóspedes em russo.
Dali segui a caminhar para conhecer a cidade. Há algumas coisas curiosas em Khabarovsk, como uma avenida com estátuas de metal de cada um dos 12 signos do zodíaco, estátuas mil de desenhos animados russos, e — como estamos na Rússia — muitas praças floridas e belíssimas igrejas ortodoxas. O mais agradável de tudo, porém, provavelmente é o promenade à margem o Rio Amur, que aqui é ainda mais bonito que em Blagoveshchensk.




Dasha só apareceria mais tarde.
Eu antes fui caminhar pela Rua Karl Marx, a principal e mais bonita da cidade, e visitar a Praça Lênin. Ambas são muito belas. Dali, mais adiante, passa-se do legado comunista ao legado cristão russo, com belíssimas catedrais ortodoxas. O ponto em comum é que Khabarovsk de fato tem bastante charme.
















Como eu havia dito, Khabarovsk tem seu charme, e pra todos os gostos.
Dasha se encontraria comigo no dia seguinte para darmos umas voltas e caminhar à margem do Rio Amur. O lugar é espetacular para ver o pôr-do-sol.
Ela se revelaria uma moça arrumada, longilínea, mas de pouco inglês. Seu inglês era pouco melhor que o meu russo, o que significou que tínhamos frequentes períodos em que nenhum dos dois dizia nada, pois não havia como se fazer compreender. Mesmo assim fomos dar umas voltas, comer, e — no seu carro com um boneco de borracha do Mestre Yoda sobre o pára-brisas — ela foi me mostrar a ponte sobre o Rio Amur.


Com o cair da tarde, todos os russos parecem se aglomerar nas praças e calçadões à margem do rio. Se você quiser visualizar o ambiente, confira abaixo o pequeno vídeo que fiz.
Eu deixo vocês com algumas das belas vistas do pôr-do-sol à margem do Rio Amur em Khabarovsk. Eu, a seguir, estava pronto para rumar a Vladivostok, o fim de linha da Ferrovia Trans-Siberiana, na costa do Oceano Pacífico.





Até Vladivostok, com o encerramento da viagem!
Nossa. Você pensa que ja viu o mais bonito aparece outra cidade mais bonita ainda. É estonteante a beleza dessa cidade; Que praças lindas, que monumentos, que igrejas maravilhosas com sua bela arquitetura, seu colorido sui generis e seus ricos e trabalhados interiores. Uma riqueza, Belíssimas. E o que dizer essa natureza prodigiosa, magnifica. Belíssimo esse rio e seu céu cheio de nuances. Que pòr de sol divino. Tanto o por de sol quanto o rio se parecem com estes aqui do Brasil no NE e Norte. Aqui o Xingu e o Tapajós, na região Amazônica tem esse porte e essa beleza, so que aqui a vegetação e mais densa, ja que a latitude é mais baixa. Belíssima a cidade. Essa praça florida me encantou. Que belo Leste distante, e que folia de fim de tarde. Muito agradável. Bela região, ótima postagem, e surpresa para mim que nada sabia da região. Estava certa que so havia natureza: planícies rios e vegetação. hahah Valeu. Qe venha o Pacifico Estou encantada.
AMEI A BELA CIDADE. PASMA DE TANTAS PRAÇAS LARGAS E LIMPAS. FLORIDAS, PESSOAS BONITAS, O RIO AMUR PARECE O MAR.ESTOU ENCANTADA.GOSTARIA MUITO DE CONHECER O MUNDO TODO. VIVER VIAJANDO, CONHECER A TRANS-SIBERIANA,