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Turquia

Istambul na primavera: Revendo o Grand Bazaar, Hagia Sophia, a Mesquita Azul e outros lugares da maior cidade da Turquia

Eu chego a ficar com cara de bobo. Rever Istambul pra mim sempre é um reencontro com uma das minhas cidades preferidas. A magnífica rainha do Estreito do Bósforo, entre dois continentes (Ásia e Europa), é uma cidade como nenhuma outra. Eu aqui me sinto numa espécie de “linha do equador” do mundo dividindo-o entre Ocidente e Oriente.

Na primavera, então, Istambul fica especialmente bonita. Tulipas nos jardins enfeitam as praças e canteiros dos pontos turísticos com essa flor de origem persa, e que os otomanos usavam muito antes de ela virar sensação na Holanda. O tempo ainda varia, com os dias frios em abril de nuvens cinza se alternando com os dias de brisa fria, mas sol raiando e um lindo céu azul.

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De um lado, Europa; do outro, Ásia. Continentes separados pelo histórico Estreito do Bósforo aqui em Istambul.
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Ao lado da Fortaleza de Rumeli Hisari, na primavera em Istambul.
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Tulipas rosas nos canteiros centrais das avenidas.
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Flores por Istambul.

Eu, que há havia vindo aqui há alguns anos, tinha agora um reencontro marcado com os grandes monumentos de Istambul (a Mesquita Azul, Hagia Sophia, a Torre de Gálata, o Grand Bazaar…), os seus doces e o bafafá de suas ruas. Tenho um magnetismo imenso pelas hiper-movimentadas ruas de Istambul; o que às vezes me incomoda como “gente demais” em muitos outros países, aqui me é agradável. Talvez pelo charme e calibre histórico dos lugares.

O distrito histórico de Sultanahmet, onde se concentram os principais pontos turísticos, estava o movimento de sempre, mas desta vez com flores. Embora este fosse um dia cinzento, a primavera mesmo assim se fazia presente.

Alinhei-me para mais uma vez visitar Hagia Sophia, a Cisterna da Basílica, e a imponente Mesquita Azul

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A imponente Mesquita Azul, magnífica mesmo num dia nublado.
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Pátio interno da mesquita.
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O interior. A Mesquita Azul, que é apelido da Mesquita do Sultão Ahmed, foi erigida entre 1609 e 1616 durante o governo desse sultão otomano. Embora seja hoje um lugar turístico, ela continua a funcionar como templo muçulmano.
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Detalhes do teto, com azulejos que lhe dão a cor.
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Hagia Sophia no distrito de Sultan Ahmet, em Istambul. Erigida no ano 537 como uma basílica cristã dedicada à sabedoria divina (Hagia Sophia literalmente significa “santa sabedoria”, portanto não é a nenhuma santa com o nome de Sofia), ela era a sede do patriarca bizantino quando esta cidade era Constantinopla.
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O interior do histórico templo. Quando os turcos otomanos conquistam Constantinopla em 1453, transformam a basílica cristã numa mesquita islâmica. Aquelas placas redondas com arabescos mostram o nome de Allah, o nome de Maomé, entre outros sagrados para os islâmicos.
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Ilustração bizantina milenar de Jesus no interior de Hagia Sophia. Como os islâmicos o têm como um profeta de Deus, e Maria como uma figura importante citada no Alcorão, os turcos se viram num dilema, pois nem queriam destruir as imagens sacras nem permitir seu culto, pois o Islamismo condena a utilização de figuras religiosas. A solução foi escondê-las sob uma camada de gesso, que foi retirada quando Hagia Sophia deixou de ser uma mesquita e abriu como museu público em 1935, após o fim do Império Otomano e início da (laica) República da Turquia.
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A Cisterna da Basílica, um reservatório subterrâneo de água para Constantinopla, construído pelo imperador Justiniano no século VI.
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O mais curioso da Cisterna da Basílica são as cabeças de medusa ainda visíveis sob as colunas. Isso é porque os romanos cristianizados saíram depredando os templos da religião antiga, desmontando-os e utilizando suas partes para erigir suas basílicas. (Depois viriam os turcos transformá-las em mesquitas, mostrando como se dá a História.) A descrença dos cristãos de então nos mitos antigos, no entanto, não os impediu de pôr a cabeça da medusa virada pra baixo, por via das dúvidas.
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A praça de Sultanahmet na primavera, com a Mesquita Azul ao fundo.

Não muito longe dali fica o Grand Bazaar — quem já foi a Istambul sabe. Embora quase tudo ali você encontre possivelmente mais barato fora dele, passear por aqueles corredores ricos de produtos não deixa de ser uma sensação. Sem falar na perdição que é, pois ele com suas mais de 4.000 lojas é um verdadeiro labirinto.

Embora eu quase nunca compre nada aqui, gosto sempre de circular para ver o movimento.

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Os corredores infinitos do Grand Bazaar de Istambul.
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Eu na azáfama do mercado (com uma camisa batik javanesa, caso alguém fique curioso).
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As especiarias e chás.

Embora eu adore as artesanias e me encante com as almofadas, assim como com os tapetes caros, quem me encanta — e que eu sempre visito em Istambul — são os doces.

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Os doces muito doces fazendo exposição de suas figuras.
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Vendedores de manjar turco (Turkish delight, ou lokum em turco), o doce mais típico do país, feito com goma e açúcar.

Como esses doces são bastante açucarados, a receita é moderar, e comê-los despacito. Nada mais turco que acompanhados de um copinho de vidro de chá preto. (E fica a dica: os docinhos vendidos nas cafeterias são em geral de melhor qualidade, pois muitas vezes são feitos ali mesmo, enquanto que os do mercado tendem a ser industrializados.)

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Copinho de chá preto, acompanhado de um doce criminosamente gostoso de pistache com creme dentro. (Afiyet Olsun é “bom apetite” em turco.)
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Baklava com nozes e pistaches. Coisa de Deus.

Faltava-me ainda rever a Rua Istiklal neste novo périplo pelos pontos-chave de Istambul. Esse calçadão, o mais movimentado da cidade (impossível aos domingos), liga a Praça Taksim ao histórico distrito de Karaköy, onde você se perde pelas ruas e tem como única referência a imponente Torre de Gálata, de 1348.

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O movimentado calçadão de Istiklal, o mais importante em Istambul.
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A Torre de Gálata na vizinhança de Karakoy.
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Esta torre data ainda do tempo bizantino, de antes da conquista da cidade pelos turcos. Este bairro era uma colônia genovesa, mantida por mercadores italianos, nos arredores de Constantinopla.

Rever todos esses lugares onde, anos atrás, eu havia tido o meu primeiro contato com Istambul foi um prazer. Mas esta viagem não ficaria nisso. Era preciso conhecer também alguns lugares novos — pois Istambul é um nunca-acaba de opções —, que eu mostro no post seguinte.

Se você quiser ler as crônicas originais da minha primeira vinda a Istambul, é só conferi-las abaixo.

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

One thought on “Istambul na primavera: Revendo o Grand Bazaar, Hagia Sophia, a Mesquita Azul e outros lugares da maior cidade da Turquia

  1. Ahhhhhh que magnifica a rainha do Bósforo. Salve a eterna Bizâncio, de tantas lutas, de tantas histórias, de tantas guerras e tão rica de cultura. Belíssima na primavera, com seus canteiros multicores, suas lindas coloridas e mimosas flores de diversas especies, seus monumentos seculares e suas vetustas e belas fortalezas, Um grande museu a céu aberto.
    E o Bósforo magnifico, deslumbrante com uma gostosa brisa, com suas águas limpas azuladas e calmas, são um espetáculo para a vista. ”Que coisa mais linda” diriam algumas pessoas que conheço.
    É uma das cidades mais instigantes e charmosas que conheço. Já fui ai uma vez e fiquei encantada. Mas ver assim nessa bela postagem a faz ainda mais bela e charmosa. Lindíssimas suas atrações. Uma mais encantadora que a outra. Não saberia dizer qual a mais bonita. Ímpar. E a emoção de se saber no limite da Europa e ver do outro lado a Ásia, magnifica na sua historia, na sua pujança no seu significado. Maravilhosa viagem. Um colírio para os olhos.
    Amei as praças floridas, a Mesquita Azul, Hagia Sophia, a torre de Gálatas e seu maravilhoso mercado com um sem numero de belezas e diversidades realmente imperdíveis de ver e difícil de vir sem algumas delas.
    Lindíssimas manifestações religiosas e culturais. Espetaculares obras de arte.
    Maravilhosa região, belíssima cidade, rica postagem. Parabéns, meu jovem viajante e obrigada por nos mostrar tamanhas belezas.. Visita obrigatória para quem gosta de História e Arte. Acaba não, mundão!….

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