Este será um post curto, de uma breve viagem de inverno a Uppsala, provavelmente a cidade mais tradicional da Suécia.

Aqui é desde 1164 a sede do arcebispado primaz da Suécia, e desde 1477 sede da universidade mais antiga do reino. (Sim, porque a Suécia continua a ter um rei.) Cidade universitária, ela, a 70Km ao norte de Estocolmo, continua sendo um nome que evoca tradição e história.
Dizem que quando os Vikings cultuavam seus deuses nórdicos, um grande templo a Frey, deus da fertilidade, encontrava-se aqui. Uppsala era o centro comercial e populacional destes Vikings da costa do Mar Báltico, onde nos encontramos. Naquela época não havia um centro político único nem monarcas dentre os Vikings. Cada grupo seguia para o lado que queria — uns foram colonizar a Islândia e a Groenlândia nas águas do Atlântico Norte, outros atacaram e invadiram a Inglaterra, enquanto outros navegavam rios Ásia adentro pelo interior do que viria a ser a Rússia até chegar a Constantinopla (atual Istambul, em cuja Basílica de Hagia Sophia ainda é possível encontrar inscrições rúnicas deixadas por eles).
Quando no século XI a Suécia se cristianiza, derrubam os templos aos deuses antigos e tratam de fazer o centro da Suécia cristã aqui mesmo. Uppsala tem até hoje a maior catedral de toda a Escandinávia, iniciada em 1273 e completada em 1435. (Pra quem acha que a Sagrada Família de Barcelona leva tempo, é porque você não está acostumado ao tempo que levou a construção da maioria das grandes catedrais do mundo.) Pouco depois, nos albores da Idade Moderna, Uppsala veria a construção em 1477 do que ainda é a mais antiga universidade sueca.

Aqui estudou e viveu ninguém menos que o famoso naturalista Lineu (1707-1778), criador do sistema de nomes científicos em latim para animais e plantas. Ele latinizou também o próprio nome, como era de praxe entre a elite intelectual da época, e de Carl virou Carolus Linnaeus. Se você acha que Lineu é nome antigo que só cabe mesmo ao personagem de A Grande Família, saiba que aqui na Suécia ele continua atual, inclusive na sua versão feminina. Tenho uma colega de trabalho sueca chamada Linnea, e não é a única que eu conheço.
Séculos depois, lá estava eu pisando naquele chão.
Uma curta viagem de trem de menos de 1h o traz aqui desde Estocolmo, e é um ótimo passeio bate-e-volta se você curte História e conhecer os legados culturais dos países que visita.


Eu visitava não apenas a cidade, mas também a minha amiga finlandesa Peppi, a única pessoa que eu conheço que trocou legalmente de nome para adotar como seu o nome de uma personagem fictícia. Traduzida no Brasil como Píppi Meialonga, a personagem foi lançada pela escritora sueca Astrid Lindgren ainda nos anos 40, e continua sendo muito popular entre as crianças de muitas gerações aqui. Talvez explique algo do empoderamento feminino nórdico. Em vez de crescerem com histórias de princesas sempre salvas por um homem, as meninas aqui crescem com histórias de garotas que resolvem elas próprias as coisas. Como minha amiga que resolveu mudar de nome.
Discípula distante de Lineu, Peppi me levou para conhecer a vetusta Universidade de Uppsala, onde estuda, e mais alguns pontos da cidade.







Do centro da cidade fomos a uma reunião de amigos na casa de uma colega singapurense de Peppi. Lá eu conheceria mais duas moças iranianas, também estudantes da universidade. O que era um lugar provinciano no tempo de Lineu, agora acolhe gente de todo o mundo.
Era hora de eu zarpar a outros ares.
Ora ora, que interessante, charmosa e bela essa cidade universitária. Linda, com essa cobertura branquinha de neve, esse belo rio e essa imponente e histórica Universidade que teve a honra de abrigar alguém do porte de Linneu e de outros. Lindinha. Parece mesmo uma cidadezinha do interior.
Linda a arquitetura da cidade. Imponentes: Universidade, Prefeitura e Catedral, Esse estilo gótico é maravilhoso com seus vitrais e arcos. Um convite à elevação.
E haja inverno. Poderoso esse general hahah
Bela postagem assim como a cidade. Parabéns.
Nem por um car**** eu vou num lugar frio desse 😂😂😂