
Viajar de ferry entre Hong Kong e Macau é facílimo, e uma viagem que vale muito a pena. Sobre Hong Kong eu já escrevi vários posts aqui no site, e sobre Macau — colônia portuguesa na China de 1557 a 1999 — eu escreverei logo a seguir.
Apenas 1h de viagem de ferry separa essas duas regiões administrativas especiais da China, que têm seus próprios regimes de visto, controles de fronteira, e moedas. O acordado entre Pequim e os antigos colonizadores europeus foi preservar aqueles sistemas autônomos por 50 anos, portanto até mais ou menos 2050, quando então Macau e Hong Kong devem ser absorvidos por completo no sistema chinês. Até lá, ainda há chão pela frente.

DE LONGE, a forma mais prática de adquirir passagens é comprá-las online, direto no site da companhia, e apresentar seu e-ticket no celular. Tudo muito fácil e prático — sem filas, com segurança de achar lugar no horário que você quer, e pelo mesmo preço. A companhia principal é a TurboJet, cujo site oficial é este aqui.
Há saídas bem mais frequentes do porto na ilha de Hong Kong (Macau Ferry Terminal) que de Kowloon. Do Macau Ferry Terminal, próximo a Sheung Wan, ferries saem a cada 15 minutos durante todo o dia, e em horário reduzido à noite. Já de Kowloon é apenas 1-2 por hora; há uma tabela de horários que você pode verificar online no site da TurboJet.
Do lado macauense, o porto que o interessa será provavelmente o Outer Harbour, ou Terminal do Porto Exterior, mais próximo ao centro histórico de Macau. Há um outro, apelidado de Taipa, que consiste numa área mais afastada da cidade onde ficam os cassinos. Este só vale a pena se seu interesse for jogo.
Muito embora eu viajasse na véspera do Ano Novo Chinês, com todo mundo me avisando que comprasse passagens antecipadamente para esses dias, não encontrei multidões. Mas dizem que, quando há muita gente, se seu ticket for aberto, sem horário específico, você fica na espera até o próximo ferry que não estiver cheio. Então pode ser melhor já garantir um horário fixo para a volta. (À noite é mais movimentado. Eu fui de manhã e voltei à tardinha.)
O ferry é estilo catamarã, relativamente veloz, e quase não sacoleja. Eu costumo marear fácil, e não tive problema.


Eles recomendam que você chegue para o embarque no mínimo 30 minutos antes do horário de partida. Lembre que fará imigração, e as filas podem ser longas e demoradas se houver muita gente.
Eu recomendo que você seja prudente e chegue com antecedência maior. As distâncias em Hong Kong não são curtas, você pode facilmente levar 45min de ônibus para chegar ao terminal, e lá dentro é praticamente um shopping center. Se você não já conhecer o caminho, pode se bater um pouco até achar a entrada.

Você primeiro passa por esse controle de embarque, onde lerão o e-ticket no seu celular se você tiver comprado as passagens online. É bem rápido. Depois vem a imigração, e por fim você chega à área de embarque, como num aeroporto.
Enquanto aguarda no portão, lembrar de pegar com a pessoa no balcão o seu número de assento. Não vem na passagem quando você compra. A escolha é na hora, normalmente feita pela própria funcionária, mas você pode pedir se tiver preferências. Uns 15 minutos antes da hora da partida, eles abrem o portão para você entrar no barco. Todos a bordo!



Como você pode ver na foto da passagem, são 171 dólares de Hong Kong (HKD) por trecho. (Cuidado para o sistema online não lhe reservar automaticamente na classe business e você pagar bem mais caro!). Isso equivale a uns 22 dólares americanos, 19 euros, ou 80 reais.
Na imigração em Macau, não se apavore se eles o chamarem para o lado para fazer verificações maiores. Aconteceu comigo, não sei exatamente por que. Como vi alguns outros turistas (embora não todos) também serem encaminhados para onde eu fui, sei que não fui somente eu.
Mediram minha temperatura na hora com aquele aparelhinho eletrônico e perguntaram, calma e educadamente, quando eu havia saído do Brasil. Quando eu respondi “ano passado”, só retrucaram com aquela boca aberta de “Aaah :O”. Essa parte é por prevenção à difusão de febre amarela, me falaram brevemente. Mas não pediram o certificado internacional de vacinação. (Se tivessem, eu estaria lascado, pois havia ficado na bagagem em Hong Kong.)
Em seguida, fui levado ao balcão de vistos onde o oficial chinês tirou cópia do meu passaporte, pediu que eu removesse os óculos para me ver melhor, e depois — num português fluente que me assustou — perguntou como eu me chamava. Não sei se achou o meu passaporte muito surrado e quis ver se aquele tal “Mairon” era mesmo eu.
Não teve problema, foram corteses em todos os momentos (apesar da má fama — às vezes merecida — de rudes dos chineses), e só demorou 10 minutos mais do que teria demorado. Atrás de mim, uma pequenina fila de mais uns quatro turistas não-brasileiros se formava.
Bem vindos a Macau! Na próxima postagem eu relato minha estadia na cidade que foi a mais primeira e a última colônia europeia no leste da Ásia.
Ora ora. Muito interessante esses meandros para visitar essa famosa colonia portuguesa. Muito bom saber sobre esses detalhes