
A 1h de viagem da cidade de Puerto Natales, o Parque Nacional Torres del Paine é a “menina dos olhos” da Patagônia chilena. Não é sem razão: o lugar é estupendamente bonito. Água azul-clara de glaciares derretidos, e montanhas escarpadas que parecem esculpidas para ser cenário de O Senhor dos Anéis.
Nem todos os caminhos trazem a esta Roma, mas há muitas formas de vir aqui. As duas principais são: como trilheiro, para os que gostam de longas caminhadas e gozam de tempo, ou num tour em van com empresa de turismo.
Deixem-me só passar o básico de opções e custos antes de relatar a minha própria experiência.

OPÇÕES & CUSTOS
Um tour full-day, de dia inteiro (eles aqui gostam de usar o nome em inglês e chamam de um “full”, pronunciado com sotaque espanhol), sai por cerca de 35.000 pesos [uns R$200] saindo de Puerto Natales. Sai num horário civilizado após o café da manhã e retorna no fim do dia. Há opções mais caras saindo e voltando a Punta Arenas, mas com início 4:00-5:00h da manhã e retorno tarde da noite. (Quase que o mesmo se aplica a saídas de El Calafate, na Argentina.)
Acresça aí a entrada no parque, nunca inclusa no preço do tour. Para nós estrangeiros, o custo é de 11.000 pesos (maio-setembro) ou 21.000 pesos (outubro-fevereiro). Se você morar no Chile, veja se não há desconto.
O tour full-day ao parque visita várias de suas paragens, incluindo o Lago Grey, a vista aos Cuernos del Paine (na foto acima), algumas cataratas, e uma vista – de longe, e se a visibilidade permitir – para o trio de montanhas símbolo do parque, as Torres del Paine. Foi o que eu fiz, então já mostro o percurso.
Aos que gostam de fazer trilhas, a opção mais simples é a chamada caminhada à base das torres. Não é necessário guia: Da própria rodoviária de Puerto Natales se toma um ônibus ate a chamada Laguna Amarga, dentro do parque, e de la um transfer de 5.000 pesos ate o início da trilha. É um total de 8h de caminhada em média, ida e volta. Não cheguei a fazê-lo, mas conversei com bastante gente que fez. É cansativo, com várias subidas, e um certo risco porque no final pode estar tudo nublado e você não ver as torres — mas sem dúvidas é memorável. Eu recomendo àqueles que tem certa condição física e gostam de trilhar.
Conheci mais de uma pessoa que fez as duas coisas — a trilha e o tour —, e às vezes me chegavam dizendo “quase preferi o tour de carro”, com certa hesitação como se isso fosse algo impróprio de dizer, mas visivelmente sinceros. O tour de carro é mais completo, enquanto que a caminhada é uma experiência diferente e de mais presença com a natureza. Vai da sua preferência. Em dúvida, faça ambos.
Para os mais empolgados, há ainda as trilhas de múltiplos dias dentro do parque: o roteiro W, de 4 dias, e o roteiro Q, de 7 dias, mas eles só são permitidos a quem tiver feito reservas para dormir num dos refúgios ou acomodações do parque (todos carésimos). Se este for o seu desejo, reserve com bastante antecedência pois os espaços são limitados.

Agora, sim, vamos à sequência da minha visita e à experiência.
O tour, como as montanhas, começa baixo, depois sobe até um pico, e por fim desce — o miolo do dia, a meu ver, é o mais interessante.
O passeio inicia com 1h de viagem de carro até a entrada do parque, passando também por uma grande caverna que na pré-história era habitada por um tipo extinto de bicho-preguiça gigante. É a chamada Cueva del Milodón, em espanhol. Esse gênero de preguiças terrestres, com 3m de altura e 1 tonelada, se extinguiu por volta de 3.000 a.C. Aqui à entrada da caverna eles põe uma figura pra você imaginar o tamanho.



Não é a parada mais excitante do passeio, embora sirva de curiosidade aos interessados em História Natural. É só um aquecimento para você saltar do carro e esticar as pernas. (O acesso a essa área, opcional no tour, custa 5.000 pesos chilenos, uns R$ 30.)
A coisa ficou realmente interessante quando a luz dos olhos meus e a luz refletida nas águas claras da Patagônia resolveram se encontrar. Ai que bom que isso é, meu Deus, que frio que me dá o encontro desse olhar.

Aos mais carnais, vocês também sentirão frio. Talvez não pelo encontro desse olhar, mas pelo vento mesmo. A Patagônia é notoriamente ventosa, sobretudo nesses mirantes. E, mesmo no verão, a temperatura nunca é das mais altas.


Se faz uma parada num belo hotel com um mirador aqui, e se recebe um tempo para caminhar ao redor. Aqui próximo está também o Lago Pehoe, muito mais azul pela presença maior de água derretida dos glaciares. Foi quando eu comecei a achar a Patagônia realmente sensacional.







Não totalmente satisfeito ainda com o quanto havia visto, sugado daquela visão, e fotografado ad arbitrium, subi numa colina para avistar os Cuernos del Paine e o lago mais do alto. O vento fazia rendezvous no meu cabelo enrolado.


Nós dali seguiríamos a visitar as cataratas no Rio Paine, as chamadas salto grande e salto chico. As águas passam rápidas em corredeira enquanto o vento sopra.





É uma coisa bem Paramount pictures. A vantagem de quem faz as trilhas aqui é poder passar o tempo que bem quiser em cada uma dessas paragens. Vimos muitos trilheiros caminhando aqui. O tour, por sua vez, foca em ir direto a alguns desses “pontos altos” da trilha. Como eu disse: é pra quem tem menos tempo (ou disposição física) e quer ver uma seleção de coisas.
E, afinal, as Torres del Paine propriamente ditas? Estas, eu preciso ser franco, você só realmente vê bem se fizer a trilha até a sua base. Elas ficam meio escondidas, e neste tour você é levado apenas a um mirante onde pode (tentar) olhá-las bem de longe. Só que, como acontece com frequência, há muitas nuvens as encobrindo. (Não vá pelas fotos do Google achando que o céu lá está sempre limpo e claro.)



Como eu disse, o mirante é longe. O alto do tour são mesmo as visitas aos lagos, às corredeiras, e às vistas para os Cuernos del Paine, que se veem bem melhor que as torres. Para ver estas, melhor fazer a trilha (e de quebra fazer também uma dança do sol).
No caminho de volta, algumas vicunhas a nos mirar.

Alguns passageiros ficaram aqui no parque, e os outros de nós retornamos a Puerto Natales. Lá, um calafate sour para, no dia seguinte, zarpar novamente para ver mais natureza.
Gente, que espetáculo para os olhos e para a alma!… que magnifica e indômita natureza. Difícil traduzir em palavras tamanha beleza. pujança e esplendor. Maravilhosa, espetacular, fantástica natureza , visões dos Céus. Lindas águas, de belíssimos tons e cores, gigantes e belas montanhas que dão a impressão que estamos em outro planeta, bem perto dos Céus. Fiquei encantada com a região e o tour. Lindíssimos. Um banho de beleza selvagem que nos leva ao respeito e admiração à Mae Natureza. Belíssima postagem, incrível região. Das mais belas já vistas. Congratulations, meu jovem amigo viajante. Valeu.
Olá, bom dia! Irei para Patagônia Chilena agora em novembro, gostaria de uma indicação das agências que fazem os passeios.
Obrigada!
Bom dia, Danielle!
Bem vinda ao site! Você vai adorar a Patagônia chilena. Neste post eu fiz algumas considerações mais práticas sobre a visita aqui à região. Os tours “full day” (como eles próprios chamam, assim em inglês) ao Torres del Paine você encontra praticamente igual em qualquer agência de Puerto Natales ou Punta Arenas. No caso de Puerto Natales, ficam inclusive todas numa mesma rua no centro. Já se você se refere também a outros passeios possíveis na Patagônia chilena, confira este outro post também em que descrevo algumas das operadoras e suas diferenças.
Um abraço e bons preparativos! Havendo dúvidas, estamos aí.