O Palácio de Belas Artes da Cidade do México é um de seus prédios mais notáveis, teatro-maior da cidade com sua arquitetura do início do século XX em mármore branco de Carrara. Hoje é um ícone na grande praça Alameda Central onde jovens namoridos mexicanos agarram-se sem pestanejar.

Muitos turistas vêm fotografá-lo por fora; relativamente poucos entram para assistir a um espetáculo. Eu lhes recomendo fazê-lo, e talvez o melhor desses espetáculos não seja outro se não o Ballet Folclórico Mexicano. Esse é um grupo artístico fundado pela produtora Amalia Hernández em 1952, mui tradicional e que segue em atividade (sempre, claro, com novos membros).
Acho que um vídeo faz bem as honras de iniciar este meu relato.
Os sombreros e essas violas mexicanas já fazem reverberar em você o sentimento de “Estou no México!”. (Se calhar, solta até um “caramba”.) Esse aspecto ranchero do México será, de longe, o mais explorado na apresentação.
Ao entrar no Palácio — que você pode visitar mesmo que não vá assistir a uma apresentação, como faz no Centro Cultural Banco do Brasil ou outros espaços —, logo se deparará com sua estrutura interna de elevado teto, escadarias elegantes, e decorações coloridas (bem mexicanas).



Não é preciso vir pessoalmente comprar ingresso. Você os adquire previamente no site oficial do ballet, com cartão de crédito. Há espetáculos no Palacio de Bellas Artes normalmente às quartas e domingos, às 20:30, com duas horas de duração. Às vezes há apresentações especiais. Não é preciso antecedência imensa, mas recomendo comprar ao menos alguns dias antes, especialmente se sua flexibilidade de datas for limitada. Os preços variam do equivalente de 20-80 dólares a depender da proximidade que você queira do palco.
Vale a pena? Sim, e muito, apesar de algumas limitações.

O México é um país de muitas culturas e bastante diversidade regional, algo como o Brasil. Dominante na mídia e no imaginário é essa figura colonial do ranchero com seu chapéu, um pouco como o boiadeiro brasileiro, acompanhado sempre da contraparte feminina, a moça prendada em suas roupas de renda com flores e um leque.

Isso remonta muito aos séculos de colonização europeia, quando os hábitos e ritmos espanhóis foram trazidos e adaptados à realidade do México. As semelhanças de rendas e enfeites no cabelo entre essas mulheres daqui e as dançarinas espanholas de flamenco não são mera coincidência, são herança histórica. O homem, por sua vez, foi o homem rural, das estâncias, as grandes propriedades de ricaços de origem espanhola que governavam a colônia.
Não podemos nos esquecer aí dos mariachis, esses grupos de homens bem-vestidos e enfeitados, com seus sombreros, a cantar animadamente acompanhados uns dos outros e de suas violas. Eles têm origem no século XVIII, no auge do México colonial. Em geral neste folclore mexicano, os homens tocam e cantam enquanto as moças dançam sua beleza.
Os dois curtos vídeos abaixo que fiz do ballet dão uma demonstração.
São ao todo, lembrando assim de cabeça, umas 10-12 performances diferentes.
Minha crítica é só que o México não é apenas isso. Seria como fazer um Ballet Folclórico Brasileiro e mostrar só samba — ou só sertanejo. Faltou tudo além do México ranchero. Puseram umas duas performances de inspiração indígena pra inglês ver enfeitar, mas não foi representativo o bastante. (Um show da oaxaqueña Lila Downs mostra mais do México de raiz que este Ballet Folclórico.)
Há muita crítica dentro do México também a esse protagonismo sempre masculino, com mulheres apenas no papel de “belas, recatadas e do lar”. Não vou enveredar por isso agora, mas basta saber que esses papéis coloniais de gênero são coisas contestadas no México de hoje, e que não são a única tradição neste país culturalmente tão rico.
No todo, apesar das limitações, o Ballet Folclórico é um lindo espetáculo mexicano. Só tenha em mente que ele oferece apenas um pedaço do México. Nas minhas expedições pelo sul do país eu descobriria pessoalmente outros. E deixo vocês com uma palhinha de show da Lila Downs, de que falei. Vocês hão de notar também outros Méxicos.
Um dos meus maiores desejos de quando for ao México é justamente ver uma apresentação da Lila Downs. Sou simplesmente apaixonado pelo trabalho dela.
Uaaauuuu que Palácio!… UUUU. Lindo. Imponente arrojado!… Que belas linhas artísticas e arquitetônicas. Um deslumbre. Mármore de Carrara, nossa, que chic. A fachada parece com as dos Teatros Municipais do Rio de Janeiro e Sao Paulo, aqui no Brasil. Magnificos todos. Algumas nuances diferentes mas com algo em comum como cúpulas, interiores suntuosos, colunas, capitéis, arcos, estilo pomposo, inclusive interno. Belíssimo.
Muito bonitos o Ballet e os videos feitos. Uma graça as moças. Belas dançarinas e lindo guarda-roupa e passos. Um charme. Com pontos de contato com o flamenco espanhol, ao meu ver.
O vídeo da cantora sem dúvida mostra um México vibrante, colorido, mais rico, versátil e glamouroso sem deixar de ser popular. Bela musica, linda cantora de voz quente e forte. Maravilha de país. Viva o México e sua maravilhosa cultura, salve a Latinoamerica.