Essa vista da foto de abertura é do topo da pirâmide, uma pirâmide asteca, a maior do mundo. (Sim, os espanhóis construíram uma igreja em cima dela.)
Estamos em Cholula, uma cidadezinha que mais parece um bairro de Puebla, de tão próxima que é. Talvez o mais justo e adequado seja começar com o breve vídeo de 1 min que fiz no trajeto do ônibus até lá, pelas ruelas de casas coloridas típicas mexicanas, e com direito à trilha sonora do motorista e tudo. Sintam o México.
Era, como vocês podem perceber, uma dia nublado, meio de uma chuva que me atrapalhou. (Você, quando planeja seus passeios e dias, nem sempre se dá conta de que o tempo pode virar e inviabilizar certas coisas.) Nosso ônibus básico aí do vídeo em certo momento encheu-se de alunos uniformizados de escola pública, naquele horário pós-almoço em que fui a Cholula.
Mais precisamente, estamos em San Pedro Cholula — não confundir com San Andrés Cholula, aqui perto. A cidade hoje é famosa por sua gigante pirâmide assim como pela notável Igreja de Santa María Tonantzintla, do chamado barroco indígena, uma das mais explícitas manifestações arquitetônicas do sincretismo católico-indígena mexicano.
Ao contrário de Puebla, aqui em Cholula já havia uma cidade indígena quando os espanhóis chegaram. Dizem que o lugar é habitado há pelo menos 2.000 anos. Seu nome na língua náhuatl dos astecas significa “água que cai no lugar da fuga” (não me perguntam fuga de que). Foi aqui que se veio construindo desde o século III d.C. aquela que se tornaria a maior pirâmide do mundo, que os astecas chamaram de Tlachihualtepetl (agora repitam rápido comigo: Tlachihualtepetl). Quer dizer “montanha feita à mão” na língua náhuatl.
De fato, quando eu desembarquei do ônibus na praça central de Cholula e olhei ao redor, vi uma enorme colina e nenhuma pirâmide.



Cholula não é exatamente uma cidadezinha lá muito pitoresca, mas fica mais bonitinha no lado da pirâmide. Ali temos 450 x 450m de base — quase meio quilômetro em cada lado! —, algo que foi sendo ampliado ao longo dos séculos e albergava um templo à “serpente emplumada” (o deus mesoamericano Quetzalcoátl). Chegou à altura de 55m, o que não é tão elevado: a pirâmide de Quéops no Egito, para efeito de comparação, tem 139m de altura, porém “apenas” 230m de cada lado na base.
Os espanhóis trataram logo de substituir o templo de Quetzalcoátl por uma Igreja de Nossa Senhora dos Remédios, concluída já em 1575. Hoje, no entanto, você pouco verá realmente de pirâmide: a estrutura foi quase toda coberta de terra ao longo dos séculos, e apenas uns cantos restaurados são visíveis. No mais, há uma longa escadaria que leva ao santuário católico lá no topo.




A Igreja dos Remédios tem uns anúncios um tanto desaforados na entrada (“Este é um lugar de oração. Se veio só tirar fotos, é melhor nem entrar.”), mas é muito bonita. De fato, não permitem tirar fotos no interior, mas eu recomendo a visita. Além disso, ainda que você não seja tão chegado a igrejas, a vista lá no alto é bem boa.



Eu bobeei e deixei para muito tarde o trenzinho que nos leva do centro até a Igreja de Santa María Tonantzintla, que fica num dos bairros de Cholula a alguns quilômetros de distância. Como o dia estava feio, quase nenhum outro turista apareceu, e o motorista já não fazia mais a viagem — embora em princípio o serviço funcione até o fim da tarde. O motorista deu de ombros, lamentou, apontou pro céu e pra a chuva, e ficou pra outra vez. (Quando você vier, se o dia estiver feio, chegue cedo.)
Restou-nos comer algo e dar uns bordejos nas lojas antes de ir embora. “Yo te propongo…”, soava a voz de Roberto Carlos me propondo em espanhol numa loja. Não vi grandes cousas, até avistar os tamales de Maria Elena, esse que é um dos lanches que mais adoro na culinária mexicana. Tamales são como pamonhas de milho, só que salgadas, com recheios variados e alguma pimenta. Delícia nativa. E, como me disse Maria Elena a própria: “Siempre los tenemos bien calientitos”, disse-me ela séria mas com um sorriso.
Nada como uma comida saborosa para resolver as coisas.


Com energias renovadas, fomos visitar ali próximo o Convento Franciscano de São Gabriel Arcanjo, embora a chuva estivesse com cara de que ia aumentar.





Muito interessante esta aventura na bonitinha , pequena e pacata cidade. E que elevação, nossa, altinha heemmm?. A vista é muito bonita mesmo. Adorei a cor de caranguejo da pintura da igrejinha. O interior é mesmo singelo e gracioso. As cores e combinações de tons mexicanos são bem vibrantes. E viva o oportunismo religioso.
Que marinette engraçada com seu som sui generis hahah Olhe, meu jovem hahah o senhor se mete em cada uma hahah Perdeu o trenzinho e por sorte encontrou aquela outra marinete engraçada, ou ficaria por lá a comer Tamalle. Este me pareceu sabrosso haha.
Muito bonitinha a cidade e mais uma aventura hahah Valeu.