Estamos em mais uma cidade colonial mexicana, das mais bonitas. Na verdade, Oaxaca [lê-se Oarráca] talvez seja a que mais me encantou. Em termos de beleza visual, todas são fofinhas, mas a beleza cultural aqui desponta ainda mais que o normal.

Estamos no sul do México. Ao longe da cidade se veem as colinas da Sierra Madre Sur. São algumas horas de ônibus desde Puebla até esta quebrada onde o México faz a curva.
Oaxaca, um dos 31 estados mexicanos, é aproximadamente do tamanho de Pernambuco ou Santa Catarina. Sua capital, Oaxaca de Juárez — quase nunca chamada pelo nome inteiro — foi fundada pelos espanhóis em 1532, mas na prática toda esta região é habitada pelos povos zapotecas e mixtecas há milênios.
Eles continuam aqui. Não em reservas, mas como a mui mesclada população do lugar. Seus traços físicos indígenas são visíveis. Muitos ainda falam as línguas nativas da região (há quem sequer saiba espanhol), e muito da sua herança cultural segue preservada nas tradições, assim como nas ruínas milenares de Monte Albán e Mitla aqui próximo. Tudo isso hoje é Patrimônio Mundial da Humanidade reconhecido pela UNESCO.
Eu vim por alguns dias para conhecer esta região de Oaxaca, e o que encontrei foram belas flores de primavera contra um céu ainda um pouco nublado de fim de inverno.





Estávamos no período da quaresma, e bandeirolas roxas enfeitavam as ruas principais, em especial o calçadão central que os oaxaqueños chamam de Andador Macedonio Alcalá — às vezes simplesmente chamado de andador turístico, o calçadão principal.
Os oaxaqueños levam a sério os festejos religiosos populares. É o oposto das secularizadas sociedades europeias ou de outras partes da América do Norte. Aqui, ao contrário, o “além” tem um papel bem mais fundamental, manifestado regularmente no sincretismo católico-indígena. (Quem cogitar argumento culturalista para dizer que é por isso que eles são mais pobres que os europeus, fineza consultar um livro de História.)
Sabe aquele lado meio macabro da cultura popular mexicana, com préstimos a La Santa Muerte e companhia? (Coisas que se veem, por exemplo, no seriado Breaking Bad, pra quem assistiu.) Você vê muito disso aqui. No Dia de Finados (Dia de los Muertos, 02 de Novembro), em especial, há quase um carnaval com fantasias e desfiles em celebração às almas dos que já foram. Achei meio soturno quando entrei numa loja e vi um esqueleto de verdade como manequim, mas por outro lado é curioso e interessante.
Mas estávamos na quaresma, então o que vi foram fiéis carregando velas e uma cruz de madeira em procissão na rua, pausando em estações para orar e emulando a via crucis. No Brasil eu só vejo isso na Sexta-Feira da Paixão, mas o tradicional é fazê-lo em todas as sextas-feiras da quaresma. Já vi isso em partes da Europa dentro de igreja, mas aqui no México se faz é nas ruas mesmo, como era comum antigamente no Brasil.
É um cair da noite cheio de sensações e presença cultural aqui em Oaxaca.



Oaxaca tem muito o que ver, neste seu ar de cultural popular onipresente. Há vendedoras indígenas nas ruas, músicos, mercados ricos de coisas típicas, etc. Há pobreza, mas não é aquela pobreza moderna e estressada da cidade grande; é uma pobreza de simplicidade, dos que têm economicamente pouco, mas que parecem ainda ter seus laços sociais e viver com certo sossego — uma pobreza do interior. Não a estou romantizando, mas destacando que visivelmente é diferente do que se vê, por exemplo, na Cidade do México.
O chamado Templo de Santo Domingo de Guzmán é a mais famosa igreja da cidade, embora não seja a catedral. É muito mais que uma igreja, é todo um complexo com pátios, áreas de um antigo convento dominicano, o chamado Jardim Etnobotânico, e o impressionante Museo de las Culturas de Oaxaca. Tudo lado a lado. Já a catedral está dedicada a Nossa Senhora da Assunção e fica — como sempre aqui no México — na praça principal chamada de zócalo.
Eu iria ver tudo isso, mas meu dia começava primeiro com um repleto café da manhã mexicano na pousada, preparado pelas fofíssimas cozinheiras do lugar. (Muito mais simpáticas que a dona, o que é comum na América Latina.)



A quem procura compras, não deixe de conferir o Mercado 20 de Noviembre nem o Mercado Benito Juárez. É devido a ele, presidente mexicano (1858-1872) nativo daqui, que a cidade ganhou o epíteto de Oaxaca de Juárez após seu falecimento. Ele é tido como o maior presidente do país (não importando seu modesto tamanho de 1,37m) e dá nome também ao aeroporto internacional da Cidade do México.




É curioso que, logo aqui ao lado no museu em anexo, você encontre sinceras exposições sobre os feitos das culturas indígenas locais. Não é todo dia que eu vejo essas heranças nativa e europeia se misturar tão harmoniosamente.
O Museo de las Culturas de Oaxaca é excelente e merece algumas horas do seu tempo, para ver legado artístico e entender melhor a região.










Eu, é claro, iria visitar Monte Albán de perto, as ruínas indígenas mais impressionantes desta parte do México, e conhecer mais sobre a cultura da região. Vem outros posts por aí.
Por ora, eu deixo vocês com um pouquinho da noite nas ruas do centro de Oaxaca. Como eu disse, aqui há cultura por toda parte, mas às vezes você se surpreende com o que encontra.
(Pra quem não reconhece, essa canção é a House of the Rising Sun.)
Ahhhh que maravilha, que delicia de cidade!… Amei tudo, encantei-me pelo colorido das casas, pelas ruas floridas, que lindas que são; os passeios todos floridos… Uma graça; pela magnifica arte religiosa através das belíssimas Igrejas… Que esplendor… Quanto ouro é verdade mas que riqueza artística e visual, Belas linhas e detalhes. Um encanto. Lindas. Os interiores são uma beleza à parte. Ricos em detalhes e habilidades artísticas.
As ruas cheias de bandeirolas são uma festa. e o povo para la e para cá com suas vestimentas vistosas e suas lindas peças para venda, são um encanto.
Amei as paisagens, fiquei encantada diante da pujante e histórica Sierra Madre e seus belos e azulados contornos.
E que museu maravilhoso que até musica mexicana tinha. Essa postagem fez-me lembrar que nos anos de 1950 e 1960, o Brasil tinha uma interessante ligação com a Latinidade, com a latinoamerica, donde chegavam musicas, danças, costumes, cantores e outras. Os jovens cantavam e dançavam ritmos e musicas argentinas, paraguaias, do Caribe, do México e até da Espanha além de Portugal. A cultura latina era dominante na época. Tudo isso foi substituído a partir do meado da década de 1960 pela cultura estadunidente que segundo dizem as pesquisas históricas patrocinou um golpe militar no pais. Com isso essas gerações de hoje perderam a latinidade e suas manifestações culturais. Impressionante esse museu e suas manifestações visuais. Que biblioteca e que pórticos lindos e bem decorados. Lindas as decorações dos tetos, as salas amplas, o conteúdo singular belo e diversificado.Que delicadeza!… Uma maravilha.
E que comilanças con buenas caras haha. Pareciam apetitosas.
Muito simpáticas as moças da acomodação e pelo visto a própria acomodação em si. Aparência agradável.
E que bela praça!…Quanta vida, que belas cores e movimentos. Lindo lugar. Uma festa para os olhos e para os corações latinos. Bela postagem. Parabéns pela escolha dos lugares e por nos mostrar tamanha cultura; Valeu viajante.
Esqueci de falar de Juarez, muito conhecido e valorizado na America Latina assim como Simon Bolivar, San Martin e outros, como defensores da liberdade, da autonomia dos paises latinos, dos valores e culturas latinas alem de lutar pelo seu povo. Grandes figuras.