Coloridos, coloridos vários. Não há México sem cores, muito menos Oaxaca. Seja na comida ou nas artesanias, o colorido vivo está aqui por toda parte. Nas comidas propriamente ditas, como também nos pratos propriamente ditos. Nessas tapeçarias de fio de agave, como nas pequenitas esculturas em madeira que fazem de monstros e criaturas fantásticas brinquedos infantis.
Este post é uma modesta amostra da cultura oaxaqueña de que me embebi por uns dias, algumas das comidas que experimentei e das coisas que vi. De molhos preparados com gafanhoto a lindos têxteis de coloração natural.


Estou fazendo essa anarquia com os gafanhotos porque são algo exótico, e os mexicanos daqui não têm mesmo pudores em usá-los na alimentação, mas a gastronomia local vai muito além disso. Provei de todos aqueles moles de várias cores, e era cada um mais saboroso que o outro. Sabe-se lá o que tinha dentro.

Explicar gosto é uma tarefa sempre difícil, mas como sei que há dentre vocês quem esteja a se perguntar, eu posso tentar. Os moles são molhos um tanto ralos, apesar da aparência. Na culinária mexicana não se usa leite de côco, nem vi ninguém usar leite ou creme para espessar. Então a textura é a de molhos à base de água com especiarias, mas com aquele sabor bem pungente, pois a concentração é alta, e sempre vai um pouco de pimentas moídas. Alguns ardem mais, outros parecem coentro com salsinha batidos, já outros são ligeiramente doces, com sabores puxados para a canela ou para o chocolate amargo. É uma festa. Você come isso com carnes e arroz, em geral.


O dono desse restaurante parecia o próprio Pancho Villa, de camisão branco e bigode. O figurão, pra quem não sabe, foi um dos líderes da Revolução Mexicana dos anos 1910, ao lado do célebre Emiliano Zapata e outros.

Mas quem me chamou mais a atenção uma das funcionárias, daquela beleza serena indígena. Chega me dava uma coisa. Quase derrubo um prato quando de repente seu olhar se cruzou com o meu. Acho que era filha do homem.
Pra namorar uma moça aqui no México você tem que ser muito macho. O que inclui a habilidade de comer frutas recobertas de pimenta moída. Eles adoram.
Foi numa dessas que eu encontrei uma barraquinha de coco verde, delicioso, que avistei a mexicana de tez morena devorar regado num molho vermelho como se o pobre coco estivesse a sangrar. Claro que fui até ela pedir para experimentar.
“Si! Claro!“, respondeu-me naquele espanhol sociável e costumeiramente simpático dos mexicanos.



Noutra situação aqui em Oaxaca, havia uma sorveteria. Vendia as “exquisitas nieves oaxaqueñas“. “Exquisito” em espanhol é um falso cognato; quer dizer algo especial, diferenciado. Mas nesses sorvetes o que havia eram alguns sabores bem esquisitos — aqui no sentido bem luso da palavra — como “pétalas de rosa”. O molho de pimenta para pôr por cima até do sorvete era absurdamente surreal.



Os passeios em Oaxaca, como em todo lugar, incluem sempre aquelas paradas estratégicas em lojas onde você assiste a alguma demonstração e depois pode comprar. Fiz várias delas nos tours aqui, e não vou negar que enriqueceram o passeio.
A artesania principal nesta parte do México são os produtos têxteis, tanto de algodão nativo quanto de fios de agave. Sim, aquela mesma planta suculenta da qual se faz tequila também serve para produzir carpetes e tapetes. O sisal brasileiro, pra quem não sabe, é uma das muitas espécies de agave originalmente nativas aqui do México e da América Central.
Os métodos de coloração são todos naturais, o que às vezes quer dizer durabilidade maior.




A riqueza de cores é típica de muitas culturas indígenas das Américas. Você há de notar também seus padrões geométricos, distintos dos padrões florais que predominam nos carpetes oriundos de culturas islâmicas (e que muito da indústria ocidental, sem se dar conta, simplesmente adotou). São uma boa lembrança pra levar pra casa.
Nós ainda veríamos ceramistas locais e também escultores artesanais em madeira, que fazem pequenas figuras pintadas que seriam monstros se fossem grandes, mas que acabam com cara divertida de brinquedo nas mãos desses artistas.



Encerro com os trabalhos em cerâmica negra que fomos conhecer na Alfarería Doña Rosa. A produção de utensílios de cerâmica é histórica e secular nesta parte do México, mas com o desuso de tais objetos no dia-dia em tempos modernos, eles passaram a ter funções ornamentais. Neste lugar dos descendentes de Dona Rosa, segue-se com uma técnica de cozinhar e depois polir os objetos de barro negro.


Moldar a argila às vezes me lembra Ghost, “do outro lado da vida” (1990), o clássico filme com Patrick Swayze e Demi Moore que tantos de nós já vimos várias vezes na TV.
Não sei se os diretores vieram aqui a Oaxaca antes de gravar, mas tivemos uma demonstração de argila rapidamente moldada na hora por um neto de Dona Rosa que me fez ponderar se a própria Dona Rosa não tinha baixado ali. Brincadeiras à parte, o cara pareceu entrar num transe, não nos dirigiu o olhar nem nenhuma palavra, e em questão de instantes moldou o jarro que vocês veem na foto. Foi impressionante.
Coisas das culturas de Oaxaca. Salvem os caboclos zapotecas.
São alguns breves exemplos das vivas, mui vivas, tradições culturais que permanecem pulsantes aqui em Oaxaca, neste que é um dos recantos mais culturalmente bonitos do rico México. A gente segue.
Ihhh que beleza. Nossa… que mundo maravilhosos é esse? Da vontade de trazer um de cada desses belos coloridos e vistosos tapetes. Divinos, maravilhosos. Ahhh de encher os olhos, Amei esses tapetes. belíssimos. Gostaria de um de cada hahaha
Nossa quanta coisa bonita. Que maravilhosa essa cerâmica negra. Linda. Pelo aspecto do moço artesão ele parece estar em transe mediúnico. Dir-se-ia aqui no Brasil.
Esse guia sênior, parece carismático.
Meu amigo, só não me encantaram essas comilanças. E olhe que gosto de pimenta mas essas pelo visto são um pouco demais. E que misturas estranhas hahah fruta com pimentas, sorvete com pimenta hahah tô fora hahaha. Admiro a coragem do senhor, meu jovem amigo. No mais fiquei encantada. Linda e cultural região; Belíssimo artesanato..