Nos profundos recantos do interior de Oaxaca, aqui no sul do México, qual foi a nossa surpresa ao reencontrar o señor Simón, guia do nosso tour do dia anterior. Estava ele a guiar outro grupo hoje, e apresentou a todos nós com sua senioridade o mezcal, bebida típica do México feita através da fermentação do agave. Fica muito diferente da tequila, que é o agave destilado.
“Para todo mal, mezcal“, dizia-nos ele na sua voz de avô, aquela certeza tranquila que só os mais idosos têm. “Para todo bien, también. Y para remedio, litro y medio“, concluía ele certo.
Como todo bom tour por aí mundo agora, temos as paradas “estratégicas” em lojas e casas de demonstração de produtos típicos. Às vezes é chato, mas às vezes é assim como foi aqui: agradável e você acaba aprendendo algo novo. Neste caso, foi sobre como o mezcal é maravilhoso. Eu não o conhecia ainda, e fiquei fã.

Enquanto que a tequila é destilada exclusivamente do agave azul, o mezcal resulta da fermentação de qualquer um dos mais de 30 tipos de agave que há no México — cada qual com seus diferentes detalhes. Usa-se não a folha dessa planta suculenta, mas seu coração, aquele miolo rente ao chão.
A maior produção de mezcal continua a ser artesanal, e sua grande maioria oriunda aqui do estado de Oaxaca.
(Leitores de Carlos Castañeda, favor não confundirem o mezcal com o mezcalito, cacto psicodélico também chamado de peyote experimentado pelo autor. Embora a substância psicoativa se chame mescalina, não há nada dela aqui no mezcal.)










Embora se misture o mezcal com muita coisa, nenhum é mais famoso que o mezcal acompanhado da lagarta de mariposa (gusano) no fundo da garrafa. Como eles dizem aqui, “Si quere estar fuerte y sano, toma mezcal de gusano“.
Não me perguntem exatamente por que agregam essa lagarta de mariposa à bebida, mas há até estudos científicos hoje mostrando como a composição química da bebida muda. Ao meu paladar de amador, não notei a diferença — mas é uma sensação engraçada, você se saber tomando aquilo. Deus benza.




Encerro por aqui a minha breve experiência local com esta peça do patrimônio imaterial do estado de Oaxaca.
Em tom mui mexicano, deixo os compañeros mezcaleros com o vídeo que achei recentemente do neto de Emiliano Zapata a clamar “¡Viva México, cabrones!” em plena presença do presidente e de dignatários no Palácio Nacional. Ah, México.

¡Viva México, cabrones!
Muito interessante, Parece um pouco com o nosso Licor aqui do NE do Brasil. So que o daqui é feito com frutas como o jenipapo e o maracujá.
Parece bom. Eu não me atreveria a tomar esse com lagarta dentro arremaria,, Corajoso o senhor meu jovem amigo hahaha. Deus me livre. Mas muito interessante. Se for com sabor semelhante aos nossos licores vale a pena provar. Achei o teor alcoólico muito alto.
Adorei o video e a homenagem ao Zapata