Bem vindos à medieval Büdingen, no coração da Alemanha, a pouco tempo de Frankfurt. Esta é uma cidade de apenas 22 mil habitantes que até os próprios alemães pouco conhecem. Quando a conhecem, é quase sempre pela fama secular de A Cidade dos Sapos. Há uma razão antiga por trás disso.
Com suas casas em enxaimel (half-timbered houses, aquelas estruturas de madeira que você vê abaixo nas fotos), Büdingen está aqui desde pelo menos o ano 847. A maioria das muralhas e torres datam do fim do século XV, quando o senhor local decidiu proteger-se melhor após uma guerra. A cidade é repleta de tradições curiosas. O lugar continua todo pitoresco como deve ter sido há séculos atrás.





Eu vim parar aqui em visita a uma amiga local, Arnika [lê-se algo como “ânika”, não arnica], que conheci quando visitei a Armênia. Veja como o mundo dá voltas (e eu também).
Foi ela quem me falou pela primeira vez de Büdingen, da qual eu jamais ouvira falar. Mas o lugar existe; eu procurei e achei. Rende um belo passeio de algumas horas a ver suas fortificações, ruelas bonitas e o castelo onde dizem que viveu a condessa que deu origem à lenda dos sapos.
Diz a lenda que, em 1522, o prestimoso Conde Anton von Isenburg (figura histórica!) casou-se com Elizabeth von Wied, e trouxe-a para morar consigo aqui no Castelo de Büdingen. A cidade, no entanto, era repleta de sapos a coaxar nos seus arredores e com isso a recém-casada não conseguia dormir. Não conseguiu nem consumar o casamento direito, e ameaçou o marido: “Dê um jeito nisso ou eu amanhã retorno à casa do meu pai!“
O prestimoso conde de pronto ordenou que chamassem todos os habitantes da cidade, que logo vieram em seus pijamas munidos de espadas e arcos, crendo que alguma batalha estivesse iminente. Nada; não havia sons outros que não o habitual coaxar dos sapos ao qual todos em Büdingen já estavam acostumados. Vieram então as ordens do conde para que todos os tais anfíbios fossem capturados.
Trazidos à praça principal, os sapos estavam sem saber o que ocorria de repente. O ruído na cidade, entretanto, estava ensurdecedor. Chamaram a brigada de incêndio para lidar com aquilo, mas indicaram que os sapos estavam por demais molhados para pegar fogo — e ninguém se interessou por sapos fritos. Um lorde sugeriu que os açougueiros tomassem uma providência, mas estes retrucaram que o estatuto de sua guilda — proclamado pelo conde em pessoa — não mencionava sapos.
Todos concordaram que os arqueiros é que deveriam agir. Estes defensores da cidade, todavia, argumentaram que só havia as flechas suficientes para defender a cidade. Diante do impasse, tiveram a ideia brilhante de jogar os sapos no rio. “Como não pensamos nisso antes!”, dizem ter declarado um dos chefes da cidade.
Dito e feito. À noite, tornaram a ouvir um coaxar um outro, mas diziam ser apenas o eco dos sapos sendo levados rio abaixo. O que se sabe é que a condessa nunca mais se queixou. Talvez tenha se acostumado.
Desde então, Büdingen é conhecida como “A Cidade dos Sapos”, e seus habitantes carregam esse apelido. Todos os anos, durante o verão, realiza-se um concurso de miss para eleger a Rainha dos Sapos (Büdinger Froschkönigin) do ano.


Büdingen segue com sua muralha, torres e pontes, o que rende uma visita muito “de época” com ou sem sapos. Seu castelo onde morava o conde também ainda está de pé.





Numa dessas voltas, quem nós encontramos foi o prefeito. Minha amiga trabalha com ele. É um senhor animado, algo pesado, com aquele astral de prefeito de cidade pequena que fala com todo mundo. Ia passando de carro e parou para prosear. Animou-se com a visita brasileira de tão longe e deu-me aquele aperto de mão de político.
Com a licença aos que não curtem, mas sabe o que aqui me parece? Cidade cenográfica de novela, tipo São Tomás de Trás ou outras dessas em que os personagens tinham sotaque nordestino — só que aqui com ares do sul, ou da Alemanha. Os lugares pitorescos, as pequenas historietas, os personagens…
Fomos à igreja, onde encontraríamos mais uns e outros para prosear, e depois ao castelo.





Eu, no entanto, já estava de partida. Esta era uma visita curta à Cidade dos Sapos na Alemanha. Uma refeição rápida e um meu trem rumo a outras bandas. Estejam apresentados.
(Minha visita se deu na primavera, mas se você acontecer de estar por estas bandas no outono, às vésperas de Natal, a cidade parece também estar encantadora. Esse abaixo é um vídeo oficial mostrando. Deixo vocês com ele.)
Ihhhhh que lindinha!…. outra cidadezinha encantada, saída dos livros infantis! de anos atras… que belezinha. Adorei. E a historieta, bem sugestiva. Curiosa hahah. Ainda bem que os pobres sapos devem ter se safado correndo para as margens hahaha
Amei a cidadezinha. Adore4i suas muralhas e clima medieval. Uma graça.
Esse lugarzinho cheio de flores no final da postagem e esse maravilhoso video da cidade em clima natalino e com as feirinhas de Natal, me conquistaram. Lindos. Amei. Obrigada. A cara dessa Europa de Natais lindos e nevados e gostosos. Maravilha. Adoro esse tempo Natalino com tudo o que ele traz.