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Alemanha Renânia do Norte-Vestfália

Colônia, Alemanha: A catedral, o carnaval e a água

É difícil fazer a imensa catedral de Colônia caber nas fotos. Há quem brinque que, para visitar Colônia, na Alemanha, você nem precisa descer do trem: basta espiar a imensa catedral pela janela e pronto, já viu o que tinha para ser visto.

Claro que há certo exagero nisso. Estamos na quarta maior cidade alemã: Köln, como eles germanizaram ao longo dos séculos do bom e velho latim original dos seus fundadores romanos: Colonia. O significado do nome é exatamente esse, embora seja uma abreviação de Colonia Claudia Ara Agrippinensis. Olha que nome lindo para você colocar na sua filha?

(Foi também dessa cidade que surgiu aquela famosa ♫ “Não dá pra esconder o que eu sinto por você, Ara” ♫, do Araketu num Carnaval de Colônia. Mentira, embora o Carnaval daqui realmente seja um dos mais famosos da Europa.)

Aqui nascera Agripina, a Jovem, em 15. Digo realmente o ano 15 d.C. Ela era esposa do imperador romano Cláudio (governou de 41-54 d.C.) e irmã de sangue do futuro imperador Calígula, aquele que viria a nomear seu cavalo para o Senado Romano. Foi ela, Agripina, quem solicitou ao seu amor que desse um up no seu vilarejo e o decretasse uma colonia, com status legal de cidade no império. Dito e feito. Mal sabia ela que o nome se perpetuaria per omnia saeculo saeculorum

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A tremenda estação central de Colônia (Köln Hauptbahnhof), no coração da cidade.
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A imensa catedral gótica da cidade está logo ali a poucos passos da estação, com as formiguinhas ao chão.

Os romanos trouxeram consigo o Carnaval e, breve breve, começariam a trazer também a religião cristã, que daria origem a esse gigante monumento, o mais visitado em toda a Alemanha (20 mil pessoas por dia). O Carnaval de Colônia é provavelmente o mais famoso da Europa após o de Veneza.

O Carnaval, acho que todo mundo sabe, é um evento que se espalhou pelo mundo através do catolicismo. Seu vínculo com a Quarta-Feira de Cinzas e o início da Quaresma, antes da Páscoa, não é à toa: se trata de um “acabar-se na festa” antes da privação. É isso que o nome significa: Carnis levale, o adeus à carne (no sentido gastronômico).

É por isso que a festa é forte sobretudo nos países de tradição católica, como o Brasil. Na Holanda, por exemplo, apenas o sul católico o festeja; o norte protestante, não. Já aqui na Alemanha, predominantemente luterana, Colônia é especial por ser um bastião católico e do Carnaval. Eu não o experimentei, é preciso vir na época, mas visitei a imensa catedral.   

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A Catedral de Colônia (Kölner Dom) começou a ser construída em 1248. Deteve-se interminada, no entanto, em 1473, provavelmente por falta de dinheiro. Só muito tempo depois, em 1880, é que ela seria completada de acordo com o plano original. (Você aí acha que a Sagrada Família de Barcelona demora? Seria como se ela só fosse ficar pronta no ano 2600.)
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A imensa catedral gótica de Colônia é a maior do norte da Europa. Tem 157m de altura.
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A ornamentação gótica da entrada. (Tudo é vertical. As minhas fotos acabam tendo que ser também.)
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Seu interior é escuro e austero como pede uma catedral gótica autêntica.

Eu confesso que já vim a Colônia três vezes e nunca dormi na cidade. Como ela não tem mais um centro histórico pitoresco (foi das mais bombardeadas durante a Segunda Guerra Mundial), tornou-se mais uma cidade grande de 1 milhão de habitantes com coisas de cidade grande. Eu sei que há um Museu de Chocolate famoso e há o terceiro elemento que torna Colônia internacionalmente conhecida: sua água. 

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Água-de-Colônia original do fabricante 4711. (Foto de Nevit Desser.)

Não é a água de beber, acho que todo mundo sabe, mas o perfume inventado aqui em 1709 pelo perfumista italiano Giovanni Maria Farina. Você verá água-de-colônia por algumas partes nas lojas de souvenirs, mas a original só se encontra na loja 4711, que recebe esse nome por se localizar no endereço Glockengasse 4711. Basta pôr no Google.

O curioso foi alguns amigos alemães estranharem quando lhes perguntei, dizendo que isso era coisa de avó. Pode ser — afinal, sendo do século XVIII, é até de tataravó —, mas alguns deles parecem não se dar conta da fama mundial que o perfume continua a ter. 

A loja é bem legal, surrealmente com uma pia onde corre constantemente água-de-colônia. Dá vontade de encharcar o nariz.

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Este é o triumvirato da romana Colônia. Eu estava aqui só de passagem breve, como de hábito na cidade. O trem logo ali partiria a me levar a outro lugar. Rumo à Bélgica. 

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

One thought on “Colônia, Alemanha: A catedral, o carnaval e a água

  1. Oooooohhhhhhhh..que maravilha!…. meu amigo, estupenda essa obra. Lindissima…. do mesmo nivel da Sagrada Família de Barcelona embora mais discreta e mais conforme os moldes do gótico original. Verticatildade , austeridade e fuga do mundo. Lindissima. Magnifica.
    Hahaha adorei a pecha da gostosa água da Colonia. Coisa de avó hahah como se estivesse superada. haha Insuperável. gostossesima Água perfumada, de fama mundial. ainda hoje conhecida e amada por muitos que a conheciam. Ja foi por muitos anos restrita à aristocracia, pelo menos no Brasil. So os que tinham acesso a produtos importados usavam e conheciam. Uma fragrância impar e gostosa.
    Beleza de Catedral e de cidadezinha. Linda.
    Grande abraço, amigo viajante.
    Que venham mais belezas;

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