Trastevere já é um bairro histórico há muito tempo (como quase tudo em Roma é “há muito tempo”), mas ele recentemente tem recebido também uma aura de boemia turística. Parece que a mesma geração carpe diem atrás das ruas calorosas de Barcelona e dos canais de Amsterdã têm procurado também Trastevere.
Como seu nome sugere, o bairro fica na “outra” margem do Rio Tibre (Trans+Tevere), “outra” aí da perspectiva do original centro de Roma, onde ficam o Foro Romano, o Panteão, e todo esse coração antigo da cidade. (Cheguei a mostrar várias dessas localidades clássicas no meu post anterior em Roma, assim como o Vaticano noutro post.)

Somente no império de Augusto (27 a.C.-14 d.C.) é que o outro lado do rio passou a ser considerado também parte da cidade. À época, a elite romana começou a ter mansões aqui, afastadas do burburinho plebeu.
Na Idade Média é que o lugar começou a ganhar sua textura. A de ruelas estreitas, que até o século XV não eram sequer pavimentadas; e a de lugar alternativo. Vivia aqui muita gente pobre, inclusos aí imigrantes judeus, siríacos e de outras partes do Oriente Próximo, já desde aqueles idos.
Hoje ele é o lugar de Roma onde encontrar artistas de rua, pedintes hippies ainda crentes na “Sociedade Alternativa”, e restaurantes contra o menu turístico do típico turismo de massa na Itália.




Trastevere é procurado sobretudo nos fins de tarde, quando aquele apreciar do entardecer alonga-se para emendar com um jantar, e umas bebidas quiçá acompanhadas de música na rua.
Quando eu vim, era outubro, o calor ainda dignamente presente na Itália, ao contrário da realidade que eu deixava por alguns dias para trás mais ao norte na Europa. (Holanda e Suécia a essa altura já estavam em plena atmosfera outonal, com nuvens, chuvas, e necessidade de jaqueta.)
Há muitos turistas, jovens de corpo ou jovens de espírito. Não ache, no entanto, que Trastevere só festa. Ele é festa por sobre legado histórico — como manda Roma.




O coração do bairro é hoje a Piazza di Santa Maria in Trastevere. Antes mesmo da legalização do Cristianismo em 313 d.C., o então bispo de Roma — referido na historiografia como Papa Calisto I — aqui fundava em 220 d.C. um dos primeiros santuários cristãos em Roma. Daí o Palazzo di San Callisto ao lado da Basílica di Santa Maria in Trastevere.






Do lado de fora, vibra a Itália atual — com sua gente jovem afinada na moda, os excessos de motocicletas e carros por estas vias que não foram feitas pra eles, e a arte, sempre presente na Itália de uma forma ou de outra.
Aloquei-me numa varanda de restaurante onde o garçom trocava entre inglês e italiano comigo, onde ceei um prato de massa que estava bom — apesar da localização turística — e vi a noite cair.



Ecce Trastevere, misturando épocas, e um belo programa de fim de tarde nestas paragens romanas.


Cenas do filme Para Roma com Amor (2012), de Woody Allen, foram filmadas aqui em Trastevere. Para ver as principais atrações de Roma, veja meu outro post na cidade, além do Vaticano.
Uhhhhh que interessante, esse bairro!… com muito do espirito italiano mas com um molho, um certo charme diferente, mais mundano, mais descolado, mais moderno e mais alegre, embora Roma seja uma cidade vibrante. Ha mesmo algo de diferente. Algumas ruelas lembram algumas partes de Atenas, as muralhas e os arcos lembram a Europa do Leste, enfim, uma beleza de bairro. Movimentado e cheio de vida. Belos templos, lindas muralhas vetustas e belas pontes, linda arquitetura.E il Tevere continua muito bonito. Um charme como é sempre a Bella Itália. Gostei.