O Castelo de Windsor é uma das muitas tradicionais residências da família real britânica, e uma ótima viagem bate-e-volta a partir de Londres — talvez a mais popular de todas elas.
Esse castelo data do século XI, e é o palácio continuamente habitado por mais tempo em toda a Europa, desde que o rei Henrique I (1068-1135) fixou residência aqui. Ele tem sido por quase mil anos a morada dos reis ingleses (e, depois, britânicos), e dizem ser a residência favorita da Rainha Elizabeth II (pois eles têm várias, como o Palácio de Buckingham em Londres). Windsor, portanto, não é simplesmente um museu, mas é possível visitá-lo em certas áreas.
Você vai de trem desde qualquer estação de Londres, e em 45-60 min chega à cidadezinha que leva o mesmo nome do castelo. É uma viagem bastante tranquila, que não precisa reservar com antecedência.


Windsor, eu preciso ser honesto, não me impactou como sendo “uma viagem no tempo”. Diferentemente de certas outras cidades históricas da Europa, nesta a modernidade visivelmente chegou. Como costuma ocorrer na Inglaterra, há já um sem-fim de lojas baratas bem coloridas em meio às coisas mais antigas.
Ainda assim, certas áreas têm seu charme, e seu medieval castelo segue pitoresco. Como vem sendo continuamente reformado e ainda serve de moradia, ele não lembra aquelas ruínas medievais de castelos de outrora, às vezes vistas noutras partes da Europa, mas um cenário recente de filmagens de Game of Thrones ou outra produção medievalesca — só que autêntico e real.

Eles não permitem fotografar os interiores, mas você pode, sim, entrar. Claro que não em toda parte, mas o suficiente para ver certos aposentos (os chamados State Apartments), coleção de utensílios reais do dia-dia, e até uma casa de bonecas da família (Queen Mary dolls’ house).
Há, tradicionalmente, também a troca da guarda entre as 11:00 e 11:30 da manhã às terças, quintas e sábados.


Evite vir aos domingos, quando a bela Capela de São Jorge do castelo está fechada. Ali se casaram- em 2018 o Príncipe Harry e Meghan Markle, com quem a mídia britânica não cansa de fazer polêmica.
Naturalmente, não é o casório que faz a capela atrativa, mas seu design gótico inglês, com lindo interior. (Também não deixam fotografar, mas visite.) Ela continua a funcionar, dentro da Igreja Anglicana. Visualmente, parece uma igreja católica, mas pertence administrativamente ao governo britânico em vez de à Sé de Roma.


Uma curiosidade é que a atual família real britânica não é a mesma de sempre, embora a residência real tenha se mantido a mesma, e foi este Castelo de Windsor que lhes deu seu atual sobrenome oficial.
Hoje em dia, a realeza logo se certifica de parir muitos filhos e garantir-lhes boa saúde, mas nem sempre foi assim. Foi comum na História inglesa e britânica que monarcas não deixassem descendentes vivos.
Mais de meia dúzia de dinastias diferentes já reinaram na Inglaterra desde que ela se tornou um reino único. (Antes, eram distintos reinos menores nesta ilha, como você talvez tenha visto neste meu post anterior.) Desde a união com a Escócia em 1707, ambos passaram a ter a mesma coroa, no Reino da Grã-Bretanha.
Reinaram em diferentes momentos a Casa dos Stuart, a Casa dos Tudor, ou as rivais casas de York e Lancaster (que com sua Guerra das Rosas, nomeada assim pelos símbolos das famílias, inspiraram muito da série Game of Thrones). Quando a Rainha Anne de Stuart faleceu em 1714 sem deixar descendentes, foram achar um primo de segundo grau seu nos pequenos reinos que mais tarde viriam a se unir como Alemanha.
É preciso lembrar que até o século XIX não existia a noção de nacionalismo. A mesma família real tinha terras aqui e ali, por vezes na Inglaterra e no continente, e era normal se o rei viesse de outro lugar — contanto que fosse de estirpe e “sangue azul”. Como as realezas europeias se casavam entre si, era comum que seus parentes estivessem em outras partes do continente.
Teve início então a era da Casa de Hanover. Só que, em 1917, às vésperas da Primeira Guerra Mundial, já tinha nacionalismo. Lutando contra precisamente a Alemanha, o Rei George V (avô de Elizabeth II) achou por bem adotar “Windsor” — do castelo — como sobrenome. Algo mais patriótico diante do crescente sentimento anti-alemão àquela época. Vai que alguém decide despejá-los da monarquia…melhor se prevenir.


Lembro-me de ter passado toda a viagem de trem lendo as primeiras obras da trilogia de Hunger Games (“Jogos Vorazes” no Brasil). Recomendo os livros a quem gostou, não gostou, ou não viu os filmes, pois eles passam uma sensação diferente. São bem introspectivos, quietos. Como a atmosfera desse dia em Windsor.
Dizem que no verão junta muita gente, mas fora da alta estação nos meses mais quentes do ano, esta é uma visita muito tranquilo. Há um audioguia incluso no preço da entrada.
Hoje, em tempos de Brexit, achei curioso que a música de despedida cantada na última sessão do Parlamento Europeu com a presença de parlamentares britânicos tenha sido escocesa. Não faltam pessoas dispostas a dissolver a união de 1707 entre Inglaterra e Escócia, a qual votou majoritariamente para permanecer na União Europeia no referendo de 2016. Tempos interessantes vêm aí.
Belissimo castelo. Magnifico, assim como a igreja de Sao Jorge. Uma maravilha de arquitetura e rico em História. Espetacular,Bela natureza e lindo estilo.
A cidadezinha também é fofa. Um charme. Adoro essas ruelinhas e esse casario. Parece mesmo de outros tempos.
E que luxo esse palácio. Uaaauuu. Eita que essas aristocracias nadavam em riqueza. Mas que tinham bom gosto isso la é verdade. Pena que tudo isso era às custas da vida e da soberania das pessoas e das nações.