O interior do Laos são montanhas e palmeiras onde não cantam os sabiás, mas os pássaros do Sudeste Asiático.
Para quem gosta de uma ruralidade “de raiz”, isto é o que mais se encontra aqui — nas mais diversas formas que você verá. Das 7 milhões de pessoas no Laos (um país do tamanho do Estado de SP), meras 200 mil estão na capital Vientiane. Ou seja: quase todo mundo vive espalhado em vilarejos pelo interior montanhoso.
Se Vientiane fica à margem do Rio Mekong já na fronteira com a Tailândia, é lá no miolo do país que fica a principal cidade turística do Laos, sua antiga capital e paraíso de cálidos templos budistas hoje: Luang Prabang. Aonde eu iria. De ônibus.

O trecho de Vientiane a Luang Prabang é a rota mais tradicional entre os turistas que vêm ao Laos. No caminho, a cidadezinha de Vang Vieng, de que eu falarei mais a seguir.
Não há trens no país, portanto tudo é mesmo de ônibus — ou avião. Estamos falando em cerca de 340 Km de estrada separando Vientiane e Luang Prabang, mas não se anime achando que é perto. Isso leva 12h de viagem nestas estradas curvas e estreitas por entre as montanhas. Não é o fim do mundo, mas não é uma rota que eu recomende fazer à noite, quando há maior risco de acidentes.
Você não precisa se preocupar em comprar passagem antecipadamente pela internet — a minha eu comprei de véspera, já à noite, através da pousada onde me instalei. Talvez você não deva deixar pra tão em cima da hora se puder, mas pode primeiro chegar ao Laos e então resolver isso pessoalmente.
Você leva o dia viajando, naquele ritual gostoso de “paradas técnicas” para ir ao banheiro, pausas em bodegas de beira de estrada, e ambulantes adentrando o ônibus para vir vender toda sorte de lanches e balangandãs.






Não demorou a zarparmos, todo mundo ainda animado, com o gás todo, no início da viagem. Perto de mim foram uns canadenses com quem segui conversando. Eu diria que pelo menos metade do ônibus eram turistas.
Um rapaz laociano caolho com uma camisa preta do Avenged Sevenfold nos distribuiu água. Não consegui evitar de pensar se ele foi realmente vingado sete vezes pelo olho perdido.
Não demoraram, para o nosso entretenimento, a aparecerem também os vendedores de coisas misteriosas. Alguns passavam também com ominosos comprimidos recortados da cartela, que deduzi serem contra enjoo pelas montanhas e voltas que aguardavam nosso ônibus.



Vocês aí que creem que eu encaro tudo, logo verão que não.
Não demorou a fazermos nossa primeira parada técnica, ainda no final da manhã.
Algumas pessoas precisavam ir o banheiro, e aqui — como em certos outros lugares interioranos — há pontos de beira-de-estrada cuja economia parece girar completamente em torno dos viajantes que aqui se detêm.

Como diria um faz-tudo que eu conheço lá em Feira de Santana, que gosta de versar com o idioma e se referir a certas pessoas como “um elemento”: aquilo ali não era bem um banheiro, mas uma “situação” aonde as pessoas aconteciam de ir urinar. (Lamento muito pelos que ali foram com pretensões maiores.)


Após 4-5h de viagem, chegávamos à famosa (ou mal-afamada, a depender da sua ideologia de vida) cidadezinha de Vang Vieng.
Ela é a cidade mais notória da região pelo mix entre turismo de baixo custo e drogas, destacando-se entre mochileiros nos idos de 2010 por suas noitadas à beira do rio, libertinagens, batidas de cogumelo alucinógeno e festas regadas aos opióides da região.
Nem todos no Laos ficaram exatamente satisfeitos com essa tradição de bacanal movido a turismo — num lugar pobre onde “não tem tu, vai tu mesmo”, e se vende qualquer coisa pela qual apareça gente disposta a pagar. Então Vang Vieng, aproveitando-se de suas paisagens lindas, tem tentado se transformar num lugar que atrai mais pelo bucolismo ou pelos esportes e aventuras que pelas drogas. Mas as coisas ainda se misturam.



Depois de tanto tempo, até o gás para ficar conversando ia aos poucos se acabando. Você começa a se perguntar quanto tempo ainda falta.
Tínhamos novas paradas, mas só enquanto houve luz do dia.
Numa delas, comecei a me deparar com as bizarrices os sinais de pobreza do Laos, onde se come de tudo. Como certa vez me disse um amigo tailandês, se referindo ao povo da roça na Tailândia: “Come-se de tudo que voa, exceto avião e helicóptero, e tudo que tem perna, exceto cadeira e mesa.” Acho que o mesmo se aplica aqui no Laos.



Quando faltavam menos de 80 Km para chegarmos — e supostamente algumas horas de relógio —, me animei achando que ao fim das contas não levaríamos 12h. Chegaríamos mais cedo. “Não vamos levar 3h para percorrer 80 Km”, pensei eu crendo-me com coerência.
Doce ilusão. Perto de Luang Prabang, já no escuro, aí é que a estrada pelas montanhas fica mesmo curva e vagarosa. Como é mão-dupla, basta um ocasional caminhão à sua frente para deter todo o tráfego até ser possível fazer a ultrapassagem.



Pois bem, companheiros de viagem, à noite finalmente chegávamos a Luang Prabang sãos e salvos — embora alguns ligeiramente enjoados pelas voltas na estrada.
A rodoviária de Luang Prabang não fica exatamente no centro, mas à pista meio fora da cidade, e um tuk-tuk ou táxi-camburão se faz necessário para percorrer uns vários quilômetros até lá. Nada como ter que lidar com um cartel de motoristas após 12h de estrada.
Mas Luang Prabang valeria tudo aquilo. Esta cidade histórica se revelaria deliciosa.
À noite, cheguei a tempo de encontrar a mensagem à recepção com meu nome. A partir da manhã seguinte eu veria o que mais este interior do Laos tem.
ihh…que beleza essas fotos da exuberante e bela natureza do Laos. Lindas montanhas, rica vegetação, ´gostosa área plantada com seu lindo verde combinando com o azul do céu!… Um esplendor . Maravilha. Adoro essa natureza magnifica e semi indomada nas vizinhanças dos trópicos. Um primor. Muito bonita a região. E o povo parece mesmo simples e simpático.
Coitado do povo com a sua pobreza e limitações e expostos a toda sorte de maus tratos, e de alimentos de péssimas qualidades. Arremaria. Só Jesus na causa, como diz minha auxiliar. Quando a fome bate tem que comer para não morrer, tudo que podem. Como esse vírus da fome não mata as pessoas ricas, não causa pânico, só a indiferença. Que horror. Fico penalizada com a situação de muitas pessoas no mundo de hoje.
Meu jovem amigo viajante, que horror essa viagem de ônibus por entre as montanhas, com essa estrada tao estreita e esse ônibus bagageiro cheio de trepeças, parecendo os antigos carros de bois que vinham gemendo de carregados pelas estradas, cheio de gente e de coisas , parecendo uma arabaca hahah arremaria.. E esses locais de serviços gerais hahaha. Esse pelo menos tinha vaso. Ja o ouvi relatar de outros sem vaso , com direito a buraco e aguinha……. hahaha…. ÔOO coitados… arremaria…Eita que o senhor deveria se chamar Mairon Polo Coragem, navegante dos 7 mares, dos vários ares e terras mis viajadas. haha Deus me livre. So de olhar imagino o horror.
Mas pelo visto valeu pois os lugares são mesmo muito bonitos. Dei muita risada com a aventura do senhor haha mas não gostaria de estar presente.. 12 horas para rodar 300 e pouco Km é demais para a minha cabeça… gostei. Valeu viajante.