Vocês são do tipo que prefere começar pela boa ou pela má notícia? Perdão aos ansiosos de plantão, mas começarei pela boa notícia.
Na pousada onde fiquei em Siem Reap, na estadia da visita às belas ruínas do Parque Arqueológico de Angkor, tive jantares maravilhosos. Quase nada se sabe no Ocidente acerca da comida cambojana, mas ela tem sua dignidade.
Não faço aqui um tratado da cozinha khmer, mas falo do que experimentei.
Foi num destes jantares na pousada que eu conheci o tempero kroeung, este tritongo de nome assustador, que faria seu cachorro levantar a vista para sua pronúncia, mas que é delicioso. Trata-se do nome dado à mistura de especiarias típica cambojana — cúrcuma, alho, cebola, raspas de limão, pimenta vermelha seca, capim-limão e raiz de galanga, este também chamado gengibre tailandês — tudo amassado numa saborosa pasta amarela que serve de tempero.

O kroeung está para o Camboja como o massala está para a Índia e, grosso modo, o chop suey está para a China.
O gosto? Uma mistura forte e levemente acre, com uma pimenta que também passa apenas de leve. Sente-se muito mais o sabor do cúrcuma, do gengibre, e levemente do alho. Lembra um pouco as coisas da Tailândia, mas sem o leite de coco nem o doce que os tailandeses às vezes põem na comida, e menos apimentado.
Esse tempero entre naquele que provavelmente é o rei da gastronomia cambojana, talvez o mais popular dos seus pratos: o peixe amok, cozido no vapor dentro da folha de bananeira. Pense numa coisa boa.
Como há muitos rios aqui no Camboja, incluso o caudaloso Rio Mekong, eles aqui comem muito peixe de água doce. Amok não é o nome de um peixe, mas o jeito de preparar no vapor (Amok trey na língua khmer), cozido com leite de coco e o tempero kroeung. Fica assim:



Eu não costumo recomendar restaurante aqui na página exceto quando se trata de alguma experiência que vá ampliar o valor de vivência da sua viagem, e este é o caso.
Essa refeição aí acima foi no restaurante Kravanh, um achado nas ruas da capital cambojana Phnom Penh. Se vier, não deixe de conferir. Tem também um ambiente super agradável.

A minha vestimenta lhe indica que a temperatura é a de uma noite tropical, como na maior parte do Brasil.
Nesse tempo é que caem bem os caldos temperados muitos que se encontram por aqui. Há influências a esta altura de todos os três vizinhos (Vietnã, Tailândia, Laos), assim como da Índia, da China, e dos parentes dos cambojanos do outro lado da água: os indonésios, que falam uma língua parecida e têm uma história compartilhada.

E a sobremesa…

Como dizia Geraldo Vandré: Para não dizer que não falei das frutas, os cambojanos têm também uma impressionante oferta, mais que o que eu como brasileiro estou habituado a encontrar na maioria dos outros países.
Não é só que as frutas existem, mas também que comer várias delas faz parte da cultura daqui. Manga, jaca, pitaia (fruta-dragão), abacaxi, sapoti, e dentre outras a banana, que é nativa destas bandas. (A banana foi domesticada há milênios na atual Indonésia e de lá espalhada ao mundo pelos portugueses a partir do século XVI. A banana selvagem tem caroços grandes.)




Pois é, meus caros, aqui pode se comer bem — e muita coisa típica. Garanto que boa parte de vocês até esqueceu que eu disse que esta postagem tinha dois lados.
O reverso da medalha é o outro lado da minha experiência com comida aqui no Camboja. Como sempre faço questão de realçar, não sou revista de bordo de avião para envernizar a coisa e esconder a metade feia. (“Feia” aqui do meu ponto de vista subjetivo, isto é. Os cambojanos devem achar que tudo é lindo, a Bahia é linda… e ter uma empolgação digna de Caetano Veloso para com a sua própria comida.)
Vocês devem ter percebido que eu já estou aí compartilhando as experiências na capital cambojana, Phnom Penh, mas eu não me teleportei de Siem Reap para cá. Em verdade, foram umas boas horas de ônibus (5-6h), um trajeto bastante “povão” onde pude conhecer um pouco mais da gastronomia cambojana de raiz.
O ônibus por si só já foi uma experiência pitoresca.



Ganhamos água e cada um um bolinho verde (?) tipo muffin para a viagem. Claro que não garantiu muito; pararíamos para o almoço no caminho.
Este interior do Camboja, por onde se passa numa viagem entre uma cidade e outra, é de uma precariedade digna de nota. Chama a atenção mesmo se comparada ao que você encontra na Tailândia, Malásia ou Vietnã. Percebe-se sem muitas dúvidas que no Camboja a pobreza é maior.


O almoço em si não foi problemático — uma batida habitual de prato de arroz com legumes temperados num desses restaurantes de “ponto de apoio” que a empresa de ônibus julgou bom o bastante para turistas.
O que chamou a atenção foram as barracas de petiscos populares, com muitos transeuntes cambojanos a experimentar.





Para este turista aqui é que não foi mesmo. Passei batido, se embasbacado, impressionado o bastante com o que os olhos viram. (O que o olho vê, o coração sente.)
Eram mais algumas horas até Phnom Penh, a capital do Camboja. As experiências, como vocês viram, aqui são assim de todos os naipes e cores. Foi assim com as comidas, e assim seria com minhas visitas pela capital. Eu retorno com os detalhes dela.
Ih que maravilhas essas comilanças, parecem deliciosas. Só me assustam um pouco os molhos. Mas tem “una buena cara”. Creio que gostaria de provar. Gosto de comida asiática. Curioso o nome desse molho e desse peixe na folha da bananeira.
Esse restaurante tem um astral ótimo. Muito gostoso. o senhor tem razão:muito aconchegante. Lindo e agradável o lugar.
Amei também o ambiente do café da manha: ambiente gostoso, mesinhas arrumadas, varanda agradável, e local cheio de plantas. E adorei o próprio ”desayuno”. Parece saborosíssimo. Adoro frutas e estas então, parecem estar uma delicia. Amei esses ambientes e as comilanças.
lugares lindos e atraentes.
Verdade. Gostei tanto da comilança que até esqueci que havia outras exóticas. Devo dizer que adorei a expressão do senhor meu jovem amigo viajante, tanto naquele agradável e acolhedor restaurante quanto na linda varandinha do desayuno. A refeição parece ser sido supimpa. E essa sobremesa verde abacate sem abacate também tem “una buena cara” diriam los hermanos. O café da manha salta às vistas de tão atraente. Feliz em conhecer esse pais tao belo e distante. Obrigada.
hahahahahahahaha.. meu amigo…..o que é que é isso… hahaha isso é um ônibus ou é um trio elétrico do carnaval da Bahia ? misto de Pascoa com Natal e carnaval.. parece o samba do crioulo doido hahahaha Com direito a coelhinho de Pascoa, enfeites mis e o motorista todo feliz aqui naquele ambiente sofisticadéeerrriimo e sui generis… meu amigo..nunca vi tamanha cabine de ônibus. Eita lêlê… Notre Dame… e o bus é imponente… grandão…Limousine..uauuu… nao é pouca coisa nao. Chique. Olhe que o senhor me arruma cada coisa e se mete em cada situação hahaha. Nunca vista. haha
Meu amigo que horror… eca… baratas, aranhas, cigarras etc e tal…assadas fritas torradas arrrrrr misericórdia. Que horror… Deus me livre….Ô coragem, Jesus. Meu amigo , é terrível, como terrível é a situação de pobreza que muitas vezes obriga o povo a comer o que tem. Que horror. Pobre povo. Atrás da cultura e do hábito, com certeza se esconde a necessidade de anos. Esses bichos não podem fazer bem às pessoas. Lamentável. Um país tão bonito, com um povo tão simpático e com tamanha pobreza. Conheço alguém que dizia que isso ” clama aos Ceus”. Muito triste.