O Duomo de Milão, sua imensa catedral, é a principal razão pela qual os turistas vêm aqui. É a maior igreja de toda a Itália, já que a Basílica de São Pedro em Roma tecnicamente não está na Itália, mas no Vaticano, que é um país soberano.
Eu já comentei no post anterior como a edificação é obra dos duques de Milão. Na Idade Média, eles desejaram fazer em mármore uma catedral no estilo das igrejas góticas a norte dos Alpes, diferente das coloridas e floridas igrejas do gótico italiano que se veem na Ligúria ou na Toscana.
Não, o Duomo de Milão se assemelha mais à Catedral de Notre-Dame em Paris ou à Catedral de Colônia na Alemanha, dentre outras. Eu já o havia visitado há alguns anos (aqui, caso você se interesse em ler essa visita original), e agora retornava para desta vez ir também ao topo.
Antes que você se intimide por qualquer razão, saiba que é possível subir tanto de escada quanto de elevador.

Se me permitem uma breve digressão, eu antes de vir à catedral almocei. E foi um almoço de respeito, num lugar que eu gostaria de recomendar: uma casa de massas chamada Miscusi. Você pode encontrar sua localização no Google.
É um lugar um tanto jovial, onde eu quase me senti velho: 80% da clientela parecia ter menos de 30 anos, por razões que não me eram óbvias. Havia uma breve fila para quem não tinha feito reserva, mas nada demais. Não vi um único turista: éramos todos italianíssimos, eu também tomado por um, o que é sempre indício da qualidade em restaurantes aqui na Itália.
Como sinal de respeito à boa mesa ou cultivo ao Slow Food (o oposto do fast food), não serviam sequer coca-cola — l’acqua nera dell’imperialismo, como diziam certos italianos no passado.
Tomei em vez disso uma saborosa aranciata rossa gaseificada produzida na Sicília. Laranjada daquelas laranjas que são vermelho-sangue por dentro. Eu já estava quase cantando Bella Ciao com tanto vigor campesino.
♪ Stamattina, Mi sono alzato, O bella ciao bella ciao, Bella ciao ciao ciao… ♪

A Itália é mistura dessas potências, essa coisa pulsante sangue-nos-olhos ao lado da religiosidade e da boa mesa. Tudo isso junto.
Serviram-me uma massa com molho de pistache que seriamente entrou para o meu rol de melhores refeições que já fiz na Itália. Foi daqueles pratos que você fica triste de terminar. Como é um lugar bastante informal, foi ainda barato, o que sempre é uma ótima combinação. (Você pode conferir o site da rede se estiver curioso.)

Vamos lá à catedral agora. Primeiro sobre como adquirir o ingresso.
Você deve pode fazê-lo antecipadamente direto no site oficial da catedral. O site é prático de usar; só requer atenção na hora da compra. Você precisa confirmar diversas vezes. Mesmo depois de inserir e confirmar os dados do cartão, ainda precisará ainda apertar mais botões para enviar a solicitação, etc.
Depois receberá um e-mail confirmando o pedido, mas perceba que ele não é o ticket: vem um botão onde você clica para, aí sim, visualizar o ingresso e imprimir. Ele tem códigos de barra.
Faça a compra com atenção e tudo correrá bem. Traga o ingresso impresso no papel. Por alguma razão, eles aqui parecem não curtir muito o mostrar na tela do celular, o que em outras atrações da Itália não costuma dar problema. (A recepção de qualquer acomodação digna pode imprimi-lo para você, caso você não o faça de casa.)

Há muitas opções de combos e preços, feito numa lanchonete. Note que o ingresso é mais barato se você se dispuser a subir de escada em vez de elevador. Como eu provinha das Cinque Terre, achei até fácil subir aqueles degraus. Há escadas piores; mas se você antevê alguma dificuldade, opte pelo elevador na hora da compra.
Será preciso também escolher o horário da visita. A página inicialmente mostra tudo às 9:00h, hora de abertura, mas isso é coisa do sistema. Depois será preciso escolher um intervalo de 2h em que você pretende subir ao telhado. A mesma entrada lhe concede acesso livre ao interior da catedral por três dias, contando a partir da data do ingresso.
A hora boa de subir ao topo depende muito da estação do ano em que você vier. Ver o pôr do sol é bonito, mas lembre que de maio a agosto ele aqui só se dá perto das 21h, e o último horário disponível de ingresso é das 16-18h. A igreja propriamente dita fecha às 17:10h para visitação nestes tempos pós-Covid (talvez depois se estenda).
Durante o verão, aquele horário é o período mais quente do dia e antecede bastante o pôr do sol. Foi exatamente o horário em que eu vim, não por masoquismo, mas porque foi o que encaixou nos meus planos. Tenha atenção.


Eu fui direto para subir ao topo, o que usa uma entrada lateral, quando o guarda me avisou que a catedral nestes tempos estava fechando já às 17:30 (última entrada às 17:10), e que era melhor eu vê-la primeiro.
Adoro como nos países latinos as pessoas conversam com você. No norte da Europa, o mais provável é que tivesse ficado quieto, e eu perdido de entrar, sem saber destes horários especiais durante a pandemia.
Hora então de rever o interior da Catedral de Milão antes de subir no telhado.
Aquele esplendor gótico é um encanto, uma floresta de colunas com a luz a entrar pelos vitrais.





Esta catedral comporta 40.000 pessoas. Não ache que consegue visitá-la em 10 minutos: você leva um tempo bom circulando entre seus detalhes, vãos, áreas e imagens.
Toda ela foi feita em mármore de Candoglia trazido dos Alpes, como detalhei um pouco mais no post anterior sobre o lado histórico de Milão. Foi a grande obra dos duques de Milão nos idos dos séculos XIV e XV, embora seus últimos detalhes só tenham sido postos no século XX.
Vamos agora subir.











Eu ainda teria afazeres na cidade. Faltava-me algo que jamais antes eu consegui reservar com a antecedência necessária, mas que desta vez — no vazio turístico da pandemia — finalmente logrei: agendar uma visita à obra original d’A Última Ceia de Leonardo da Vinci. Fica aqui em Milão.
Revejo vocês lá, no refeitório de Santa Maria delle Grazie.
Meu jovem,, que maravilha!… Impressionante, espetacular.. Que cenário, que beleza essa bela praça vista de cima!… Que magnificas construções com esses belos tons que são a cara da Itália, e que interessante essa visão dos telhados, com vegetais, belvederes, mesinhas, locais aprazíveis e agradáveis e tudo isso diante desse portentoso Duomo com suas torres belíssimas e ricamente trabalhadas a tentar chegar e a apontar para os Céus azulados da Lombardia. Um espetáculo. Digno do pincel dos gênios de todos os tempos. Incrível essa experiencia. Parece haver uma outra cidade nos telhados.
A charmosa Galeria Vittorio Emanuelle é vista como um belíssimo Arco do Triunfo encrustado no contexto da bela Piazza del Duomo.
Ver de perto esse estilo magnifico ricamente decorado é um privilégio. Estar diante desse Duomo secular, pujante e magnifico parece um sonho. O seu interior é de um bom gosto, uma riqueza, uma beleza estonteantes, com seus belíssimos vitrais coloridos por onde passa a luz do sol, suas colunas e arcos magníficos. São de encher os olhos e acariciar a alma. Impar. Maravilhoso espetáculo de cultura arte e História. Soberbo. Que maravilha!… Amei ver Milano assim.