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Tanzânia

Lago Manyara, Tanzânia: Entre girafas, macacos e felinos

Macacos não me mordam! Era dia de ver alguns deles.

Não os símios, aqueles grandes primatas da mesma família dos ser humano (Hominidae). Aqueles vivem em outro hábitat. Orangotangos são nativos da Indonésia, enquanto que gorilas e chimpanzés são africanos, mas da África Central e Ocidental (Congo, Ruanda, Camarões…). Lá são ambientes de floresta fechada em vez de savanas. 

Grandes símios 02
Orangotango, bonobo (um chimpanzé menor), gorila, e o chimpanzé mais conhecido, este último a espécie viva mais próxima do ser humano. Exceto pelos orangotangos, que vivem no Sudeste Asiático, todos os demais têm como ambiente nativo as florestas equatoriais aqui da África.

Aqui, nesta chamada Região dos Grandes Lagos africana, de savanas e matas um pouco menores que as florestas equatoriais do centro do continente, você encontra dos macacos de médio e pequeno porte, como babuínos e outros.

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Babuínos no Parque do Lago Manyara na Tanzânia. Há muitas espécies de babuíno. Estes são os babuínos-anúbis (Papio anubis), apelidados assim pelo seu focinho de cachorro que lembra a cara do antigo deus egípcio Anúbis.
Mapa do Great Rift Valley
Para quem gosta de geografia, aqui estamos. Ali o Lago Manyara, e a divisão de três placas tectônicas menores e que compõem a chamada Placa Tectônica Africana. Há 25 milhões de anos elas vêm se afastando, o que formou o chamado Rifte Africano Oriental (East African rift). Depois eu mostro a paisagem; estamos perto dali.

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Eu acordava na minha pousada campestre ainda nas margens do Parque Nacional Tarangire, que vos mostrei no post anterior. Um amanhecer ligeiramente nublado e algo frio, como têm sido as manhãs aqui na estação seca.

Era uma manhã daquelas que logo pedem uma xícara de café. Saí da minha chique cabana após uma bela chuveirada quente no meu banheiro externo, o arzinho frio do ambiente contrastando com o calor da ducha, e me dirigi ao que seria o café da manhã.   

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A primeira visão do exterior da minha cabana naquela manhã, no caminho que levava ao pavilhão principal da pousada. (Aquele porco do mato ali é de madeira, só para constar.)
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Tomando um café (instantâneo) na área principal da pousada.

O café aqui é sempre instantâneo, faça-se saber. Não, não é Nescafé, seus inocentes. Nestes países, usam-se marcas locais mais “populares”, digamos assim. Nescafé aqui é um luxo. Eu tomava Africafe, uma marca da Tanzânia. A qualidade não merece muitos comentários. Tinha gosto de café, e botava cafeína no sangue.

Já o café da manhã em si é um tema pelo qual eu sempre pego briga aqui na África. Oferecem ovos, muito bem, mas sempre acompanhados de bacon, além de panqueca, manteiga de amendoim e estas coisas norte-americanas industrializadas, inclusa aí uma geleia vagabunda de “morango” com muitas aspas. Antes tivessem me dado algo típico.

Os africanos, eles próprios, normalmente não comem isso, mas lhes falta o que eu chamaria de autoconfiança cultural, pelo menos na gastronomia. Creem que os estrangeiros não vão gostar das comidas africanas, e nos dão coisas inglesas ou norte-americanas que, na visão deles aqui, é o que todo ocidental come. (Deus me livre.)

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Uma mesa típica de café da manhã pelas pousadas na África. Ketchup à mesa a esta hora do dia, panquecas, ovos (o bacon eu dispensei), geleia artificial de framboesa ou morango (na África!), manteiga de amendoim, e aquele feijão meio doce britânico no molho de tomate. Gosto de comê-lo quando vou à Inglaterra, mas não aqui, pô. O imperialismo acabou ou ainda não?

Os tanzanianos usam muitas raízes. Comem inhame (um tubérculo), que por sinal é nativo da África, e bastante mandioca, macaxeira ou aipim, que os portugueses trouxeram para cá. Os africanos de hoje são tão habituados a comer aipim que nem sabem que ele na realidade é nativo da América do Sul.

A dieta deles portanto tem semelhanças com as nossas no Brasil — esta e outras que eu ainda irei mostrar. Servir algo típico seria genuíno tanto para eles quanto para mim. Aí estas pousadas me aparecem com comida industrial de gringo no café da manhã… Como boa parte dos donos das redes de hoteis também são de fora, eles mantêm essa coisa de “comida de turista”.

Ninguém tem obrigação de gostar; mas é conhecer, ter a opção, descobrir o que é, e não voltar para casa achando que africano não tem comida, muito menos gastronomia.

Para comparar, viaje pelo Brasil ou na Índia para ver se mesmo nas áreas mais pobres não vão lhe dar comida local. Você que goste. Isso é autoconfiança cultural, mas a África sofre um nível de depreciação muito maior que nós, e a sua colonização até os anos 1960-1970 é mais recente.

Eu sempre tento lhes fazer ver que muitos turistas hoje se interessam por conhecer melhor a gastronomia dos países que visitam. Ninguém tem obrigação de gostar; mas é conhecer, ter a opção, descobrir o que é, e não voltar para casa achando que africano não tem comida, muito menos gastronomia. Eu aqui descobriria o contrário, que eles aqui têm uma riqueza culinária impressionante, mas disso falaremos mais depois.

Era hora de tomar rumo. Quer dizer, quase.

Prepare-se para preencher um formulário de satisfação todas as manhãs em que for fazer o checkout de um lugar. Aqueles questionários padrão para dar nota à comida, às instalações, ao serviço, etc. Não creio que ninguém apontará uma arma na sua cabeça para preencher, mas ao contrário de outros lugares onde a coisa é inteiramente facultativa (e quase ninguém faz), aqui me pareceu que eles realmente esperam que você preencha, e ficarão desapontados se você não o fizer. Todo dia que fizer check-in em hotel, eles também põem você para preencher aquela ficha com telefone, endereço, nacionalidade, etc.

Agora sim. Vamos.

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Antes de sair da pousada, ainda avistei um outro tipo de ave nativa. Este (Tockus ruahae), com seu característico bico prolongado, é de uma família que não existe no Novo Mundo. Tampouco há nome em português (do contrário, leitores na África lusófona me alertem); em inglês, chamam-no Tanzanian red-billed hornbill.
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Tomando a magnífica estrada. Ally, o meu guia-motorista, hoje estava de chapéu.
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A manhã estava sublime.
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Tomamos a estrada de asfalto, onde a turma militar se exercitava fazendo longas caminhadas à beira da pista.
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A beira da pista, por sinal, era das mais diversas. (Daquele banho cor-de-rosa lá eu, como Regina Duarte, tenho medo.)

Passamos num desses povoados de beira de estrada, onde compramos um penca de bananas nas mãos de uma mulher para eu provar algo mais típico, depois da geleia de “morango” de manhã. 

Logo chegaríamos enfim aos portões do Parque Nacional do Lago Manyara, o segundo a ser visitado.

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A entrada do Parque Nacional do Lago Manyara.
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Ele tem a fama de ser morada dos leões que sobem em árvores. Já adianto que não os vi em árvore aqui, mas os veria o chão. Nas árvores veremos leopardos.

Este parque às margens do Lago Manyara é o menor de todos nesta região da Tanzânia. São apenas 325 Km², em contraste aos 2.850 Km² de Tarangire ou 14.750 Km² do famoso Serengeti.

Sua vegetação é também mais fechada que a dos outros dois. Aqui às margens do Lago Manyara, um microclima mais úmido, onde a vegetação cresce mais, temos propriamente uma mata onde se escondem leopardos, macacos, e toda uma incrível fauna.

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Vamos Manyara adentro.
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Este não é um coelho nem uma gazela, mas um dik-dik (várias espécies dentro do gênero Madoqua). São um tipo pequeno — e rápido — de antílope. Mede 40cm de altura.
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Macacos-azuis (Cercopithecus mitis). Ganham o nome pela tonalidade do pêlo. Existem exclusivamente na África, e são onívoros como os demais primatas..
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Um macaco-azul visto de frente. Eles têm 50-60cm de altura, e são tranquilos.
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Note a diferença entre os macacos-azuis (à esquerda) e os babuínos (à direita). Eles não dão muita bola uns aos outros, nem aos visitantes.

Tendo tido experiências vivazes com babuínos salteadores de comidas, sacolas e outros objetos na Ásia (tanto na Índia quanto em Bali, na Indonésia), perguntei ao motorista se deveríamos subir os vidros das janelas.

Eu ouço os turistas dizerem isso, mas eles aqui não são assim, não. Eles ficam na deles“, tranquilizou-me Ally. De fato, todo o tempo os babuínos não fizeram o menor sinal de quererem se aproximar do carro. Mexer com humanos é obviamente um comportamento aprendido, e transmitido dentro das populações dessa mesma espécie lá na Ásia, mas não aqui.

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Babuíno. Mãe com seu filhote. Têm 50-110cm. Os machos são maiores que as fêmeas, como em geral nos primatas.
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Na paisagem, algumas impalas. (Não são gazelas. Gazela é um tipo específico destas criaturas. Depois eu explico a diferença.)
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Glup!

Eles aqui têm esse costume de “decorar” cupinzeiros com crânios de gnus ou de búfalo. Os cupins saem construindo por cima.

Como nós chegamos aqui ao parque já no fim da manhã, não demoramos a nos deter para o almoço — até porque desta vez eu fiz questão de não almoçar tarde, ao contrário do que aconteceu em Tarangire. (Eu sou daqueles que com fome ficam nervosos.)

Detivemos-nos sob a sombra uma acácia em Manyara. Não estranhe se esta árvore for diferente das floridas acácias que você conhece. Trata-se de um nome da Antiguidade, e que hoje abarca múltiplos gêneros de planta dentro de uma mesma família (Fabaceae).

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Paramos ali ainda quase sem ninguém, já que hoje nos detivemos mais cedo para almoçar. Só havia uns vigias do parque.

Os animais maiores aqui neste parque ainda estavam por ser vistos, mas nos detivemos.

Sentei-me ali com Ally, o guia-motorista, e como de hábito aproveitava estas ocasiões do almoço para lhe perguntar mais sobre os costumes da região, a vida na Tanzânia, etc.

Eu não vou negar que peguei um serviço grã-fino de safári que incluía almoços de primeira. (Comer bem é importante na vida. Darei todas as dicas depois.) Incluía até garrafa de vinho, mas depois do primeiro dia em Tarangire eu abri mão, pois aumentava aquela lerdeza típica de depois do almoço e o que eu queria era acuidade mental para prestar atenção a tudo.

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Meus almoços eram finos, não vou negar. Incluía até vinho, e adicionamos ali umas bananas compradas na estrada (e que não estavam lá esse balaio todo, revelaram-se bananas d’água ou caturra, mas enfim; depois eu acharia umas menores e bem mais saborosas).
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Selfie com Ally, meu guia e motorista tanzaniano. (É assim; nas minhas viagens eu às vezes durmo na rua ou em chão de navio; mas com a pandemia eu quis uma coisa mais L’Oréal,”porque eu mereço”.)

Ally me contou que costumava achar, quando era pequeno, que os albinos não morriam. Simplesmente desapareciam no ar, pois nunca havia enterro de albino. (Vira puuuuurrrrrpurina, como dizia o personagem do finado Tutuca em A Praça é Nossa.)

A quem não sabe, há grande estigma contra albinos na África. O talentoso músico malês Salif Keita, por exemplo, refugiou-se na França por ser albino. Partes de albino eram — e em alguns lugares ainda são — vistos como elemento de bruxaria. 

Salif Keita
Salif Keita, cantor albino do Mali, refugiado na França por sofrer discriminação (e riscos). Ele tem uma voz bem particular; vocês podem encontrar sua música na internet. (Aqui um exemplo num dueto com a espetacular cabo-verdiana Cesária Évora — que uma poética amiga minha gosta de dizer que, de tão boa, deveria se chamar “parto natural”.)

Embora a maioria dos africanos hoje sejam cristãos ou muçulmanos, diz Ally — ele próprio muçulmano — que ainda há quem faça sacrifícios e estas coisas.

Por exemplo, irmãos que se deitam com a mesma mulher e brigam, vão fazer as pazes sacrificando juntos uma cabra ou bezerro. Desculpam-se um com o outro. Aí o problema resolve.

— “Eu já vi e dá certo. Embora não acredite“, comentou Ally. (Adoro essas dissonâncias cognitivas)

— “E não daria para eles se desculparem e fazerem as pazes sem matar ninguém, nem envolver a cabra na história?“, indaguei eu.

— “É o jeito que fazem“, tergiversou Ally dando de ombros e abrindo as mãos. (Eles aqui gesticulam bastante, como os italianos, mas são gestos diferentes).

E aí eles precisam se afastar daquela mulher, todos os dois“, Ally foi dando seguimento. “Porque, no fundo, a noção é de que ela é a responsável, por pôr um irmão contra o outro.” (Ah como o patriarcado é lindo, com a culpa já institucionalizada como sendo da mulher. O cara passa a perna no próprio irmão e a culpa é da mulher. Claro. Como não.)

Terminado o nosso almoço cultural, era hora de desfazer a mesa e retomar o périplo no parque para procurar os bichos.

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Pelos meandros de Manyara.
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Foi aí que vimos um leopardo.

Os leopardos são dos felinos mais ariscos que há. Vivem solitários, e encontram-se apenas para acasalar. As fêmeas e machos são praticamente iguais, embora os machos sejam maiores.

Lembram uma onça, mas onças (Panthera onca) só existem nas Américas. Leopardos (Panthera pardus) só existem na África e, em menor medida, partes da Ásia.

Seu nome nas línguas europeias foi dado pelos gregos antigos, que o viram como um leão pardo (Leo pardus na transliteração ao latim). Pardo, muito antes de ser categoria do IBGE ou cor de envelope, era usado com estas outras designações. 

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O animal é vistoso, e comunica uma ferocidade inconfundível.
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Esta, uma fêmea, se incomodou de estar sendo observada e desceu da árvore. Os felinos veem você e sabem onde você está muito antes de você os localizar. Segundo Ally, os leopardos são traiçoeiros. Você, se estiver a pé, pode achar que não, e de repente ele lhe pega por detrás.
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Outro leopardo que avistamos. Localizou? Eles gostam muito de ficar em árvores, pois é mais fresco.
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Leopardo fêmea nos observando lá de cima. (Praticamente uma Juma Marruá.)

Tocamos o jipe para frente. Havia mais por ver, e tínhamos o Lago Manyara ele próprio diante de nós. 

Manyara é um lago alcalino (pH 9.5) onde há peixes e outra vida animal, mas não de todo tipo. Os animais usam-no mais como lugar onde beber água — que é o que seu nome significa numa das línguas daqui.

Sua água é barrenta pela grande concentração de sais, e seu tamanho varia bastante de acordo com as chuvas anteriores. Neste ano, estava bem expandido, inundando parte da vegetação à sua margem.

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O Lago Manyara na placidez de suas águas alcalinas.
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Há belas áreas tranquilas assim, como neste riacho sazonal, e a vegetação multicores.
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À margem do Lago Manyara, descendo do carro um pouquinho.

Você não pode se empolgar muito nestas descidas do jipe, pois nunca sabe quem está ali por perto lhe observando.

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Leoa e seu filhote.

Leões adoram dormir o dia inteiro, e caçam mais à noite. (Se os documentários os mostram caçando bastante durante o dia, é porque é quando dá para filmar melhor.)

As leoas vivem em pequenos grupos com seus filhotes, e caçam juntas. Os machos são mais solitários, embora possam permanecer ali por perto enquanto seus filhotes estão pequenos — para evitar que outro macho venha e os elimine. Quando você vê dois machos muito juntos, geralmente são irmãos.

Os leões chegam a compor grupos maiores, de 15-40 indivíduos, que se conhecem num território comum o qual eles defendem de leões forasteiros, por assim dizer. 

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Apesar da sua juba modesta, este é um leão macho nos olhando.
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Havia todo um grupo ali tirando uma soneca sob o arbusto, e que acordou com o barulho do motor do carro. Os leões são os felinos selvagens mais sociais que há.
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Leoa e filhote.

Deixamos-lhes ali a retornar à leonina sesta, e seguimos caminho depois de um tempo lhes observando. Eles não se incomodam muito. Segundo Ally, eles só lhe fazem caso se você for caminhar em sua direção.

Os leões machos é que fixam você com o olhar. E que olhar, como você pôde ver na foto acima. Claro que na segurança do veículo você encara, mas nunca antes eu havia presenciado — de qualquer pessoa ou bicho — um olhar tão poderoso. Chega a dar um frisson. 

Havíamos penetrado bastante ao fundo deste pequeno parque, que é quase uma linha reta em que você vai até o fim e depois retorna pelo caminho por onde veio. Por vezes nos deparamos com umas estradas laterais assim, inundadas pelo lago desde as chuvas no começo do ano.

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Estrada tomada pela água no Parque do Lago Manyara.
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Foi aí que avistamos umas girafas.

As girafas (Giraffa camelopardalis) são dos maiores mamíferos que há. É o maior ruminante do planeta. Os antigos gregos as chamavam de “camelos pardos”, pelo seu jeito. O nome “girafa” vem do árabe zarafah, que quer dizer “caminhante veloz”. Você pode ter a ilusão de que por seu tamanho elas são lentas, mas as girafas podem correr a mais de 50 Km/h.

Elas podem chegar a quase 6m de altura. Os machos são maiores que as fêmeas. Ambos os sexos têm aqueles chifrinhos, que na realidade são estruturas de cartilagem, vascularizadas, e que servem para termoregulação.

O sistema circulatório das girafas é, aqui para nós, uma obra-prima da natureza. Bombear sangue a tantos metros de altura — e depois todo um sistema de “amortecimento” quando ela abaixa a cabeça para beber água e vem todo aquele sangue para o cérebro, cuja pressão precisa ser mantida em níveis aceitáveis.

As fêmeas tendem a viver em pequenos grupos com seus filhotes, enquanto que os machos são mais solitários. Seus contatos sociais, porém, duram toda uma vida.

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Girafa no Parque do Lago Manyara.

Seguimos vendo animais curiosos conforme deixávamos o parque naquela tarde. Girafas, elefantes — que finalmente deram as caras antes de sairmos — e outro animal curioso, este encontrado em todo o mundo, que é o motorista perdido. 

Os guias profissionais todos têm um sistema de rádio, mas volta e meia nos deparávamos com gente que aluga um carro comum e se embrenha aqui, não raramente se perdendo ou atolando. 

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Girafa à tarde no parque. Elas normalmente se afastam antes de você se aproximar muito. São taciturnas.
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Elefante (fêmea) à tardinha na via dentro do parque.

(Acabei não tirando foto do outro bicho, o motorista perdido. Os guardas do parque — park rangers — depois acham você, mas se você ainda estiver de carro por aqui ao escurecer, paga uma multa.)

Como da outra vez, minha acomodação ficava nos arredores do parque, mas era preciso sair e tomar a estrada de asfalto. Desta vez, chegaríamos lá um tanto mais cedo, ainda a tempo de ver o entardecer e o pôr do sol sobre o lago.

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Passamos novamente por aquele contexto rural de beira de estrada, aqui com a célebre presença de um tuk-tuk verde.
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O ambiente da minha nova acomodação fazia este estilo simpático-típico. Serviram-me essa groselha aqui no copo. Seguiam as comidas de turista — você vem à África para tomar refresco de frutas vermelhas e, supostamente, se lembrar de casa.
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Minha humilde residência esta noite.
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Às vezes, eu me sentia no século XIX com toda esta bela mobília de madeira e os onipresentes mosquiteiros. (Muito do turismo aqui na África mantém esta vibe colonial.)
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A varanda. Eu me sentia o próprio Allan Quatermain aqui. (A quem não reconhece o nome, o protagonista do clássico As Minas do Rei Salomão.)
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O sol a se pôr por lá sobre África.
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Havia uma piscina a quem quisesse, onde uma breve família holandesa se banhava. Mais adiante, o sol sobre o Lago Manyara ali.

Assim se encerrava mais um dia aqui na África. Na manhã seguinte, rumaríamos finalmente ao famoso Serengeti.

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

One thought on “Lago Manyara, Tanzânia: Entre girafas, macacos e felinos

  1. Uuuuu. Que parque lindo!… Que lugar maravilhoso!… Que belas paisagens, vegetação magnifica, e animais belíssimos, majestosos e apaixonantes. Linda a foto de abertura da postagem com a girafa. Acho-as muito elegantes e bonitinhas.
    Amei os leopardos, os leões, os elefantes, as girafas, as primas das gazelas, os belos pássaros e o primo do bâmbi, lindinho. O pequeno dá vontade de trazer para casa hahah. fofo.
    As paisagens, o sol, o belo lago, são um espetáculo à parte. E que árvores frondosas. Lindas. Bela mata.
    Que olhar é aquele do leão. Uiii Como quem diz. Qual é? Desce dai e vem cá hahaha. Deus é mais hahah
    Curiosa essa informação sobre os chifrinhos das elegantes girafas sua constituição e função. Aprendendo sempre. ora ora. Beleza. E nem sabia que havia macaco azul. Não sou muito amiga dos macacos e não os acho bonitos hahah.
    Percebi que a água dessa lago parece esbranquiçada, ou foi a foto.
    Formidável esse leopardo, mas tem cara de poucos amigos haha.
    Belíssima essa foto da vegetação colorida e do riacho. E que belo céu. Uma pintura a foto.
    Ih que maravilhas esses duas fotos, das mais belas; a da entrada do parque, com esse belíssimo portal e a do senhor entre as pedras com com a natureza e o belo lago. Lindas. Também amei a foto dessa girafa com as brumas atrás. Espetacular. Gostei também daquela foto da café da manha com uma bela e colorida mesa. Eita África bonita.
    E o banzé pelo visto acompanha o passeio todo. Hahaha Adorei ver o tuk tuk.. Vistoso hahaha saudades da Ásia hahah.
    E que mordomia meu jovem amigo viajante. Uaauu, cama de príncipe, com direito a mosquiteiro e bela paisagem, comida gostosa, boa companhia, mesa vistosa e ainda vinho,, uaaauuu muito bom. Enjoy it dear.
    É isso ai. Muita beleza para se ver e apreciar nesse mundão de Deus. E essa viagem está maravilhosa. Adoro a natureza e suas criaturas. Valeu. que venham mais belezas. Muito bom viajar com o senhor.

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