A Cachoeira do Mosquito é um destes belos recantos da Chapada Diamantina (BA) que parecem ter saído de um cenário de filme.
Ela junta muitas qualidades: (a) São cerca de 70m de altura numa queda forte, porém possível de você ficar embaixo. (b) O corpo d’água que ela forma cá embaixo não é fundo, então você pode passear e patinar ali embaixo como bem quiser. (c) Em geral tem pouca gente, como você vê na foto de abertura em pleno verão.
Eu cá vim num passeio de quase um dia inteiro (mas não muito comprido, destes das 9h às 16h) que incluiu também o Poço Azul, um dos muitos locais de água cristalina azulada aqui da Chapada Diamantina — com o diferencial de que, neste, é possível entrar pra nadar.
A cachoeira fica a meros 40 Km de Lençóis, e você por vir por conta própria ou acertar o preço com um dos muitos camaradas da Associação de Guias de Lençóis. É mais barato se você tiver seu próprio veículo ou se estiver rachando o preço com outras pessoas. (Negocie, pois enquanto alguns guias da associação são bem “de boa”, outros são um pouco fominhas e espertos na hora de dar o preço.)

Eu estava vindo à Chapada Diamantina já pela segunda vez, um tempo após fazer aqueles percursos à Cachoeira da Fumaça, ao Morro do Pai Inácio e à Gruta Azul que narrei anteriormente.
Desta vez, eu estava acompanhado da minha amiga romena Raluca, que havia vindo conhecer o Brasil. (Já me diverti horrores com o nome dela no início, mas passados uns anos eu me acostumei.)
Achamos um rapaz franco-libanês sozinho na cidade e fechamos um passeio ao Poço Azul e à Cachoeira do Mosquito com um dos guias da associação. Eram lugares da Chapada que eu até aqui não conhecia.
O Poço Azul
Iniciamos pelo Poço Azul para aproveitar que era de manhã e, pelo visto, com menos turistas. Há um limite no número de pessoas que podem estar dentro d’água ao mesmo tempo, então se houver muita gente, forma fila. Cada pessoa só pode permanecer 20 minutos.

Fazia uma daquelas úmidas manhãs nubladas de verão que pelo visto são costumeiras nesta parte da Bahia. O chão de barro vermelho era duro feito cupinzeiro. Viam-se daquelas casinholas coloridas aqui e ali, e umas poucas pessoas.
Não havia outros turistas ainda, embora fosse pleno fevereiro (e isto foi antes da pandemia).


O Poço Azul é incrível — embora eu já tenha visto muita coisa pelo mundo — porque a água, de tão transparente, permite que você enxergue o fundo lá dezenas de metros abaixo dos seus pés flutuantes.

Você só pode ficar até 20 minutos dentro da água, e eles pedem que não se nade nem agite a água demais. A razão é evitar erosão das rochas nas adjacências.
É mágico. Digno daqueles filmes em que jovens descobrem algum lugar secreto numa ilha perdida.
Um funcionário fica ali marcando a hora, e avisa quando dá o horário de sair da água. Algumas pessoas já começavam a nos aguardar para poder entrarem também naquele fim de manhã.
Depois de um tempo ali dentro, tomamos rumo. A Cachoeira do Mosquito nos esperava.

Deixem-me apenas registrar que a ideia era, neste passeio, irmos ver também o Poço Encantando (é tanto lugar!), também de águas azuis, mas este dizem que só vale a pena se houver incidência solar sobre a água. Não era o caso neste dia nublado, então o deixamos para uma outra ocasião. (Esse é só para admiração; nele não se permite nadar.)
Em ambos, os raios de sol costumam incidir mais diretamente na água na metade do ano que vai de abril a setembro.
A Cachoeira do Mosquito
A Cachoeira do Mosquito é outro destes belos recantos escondidos do belo interior do Brasil.
Seu nome nada tem a ver com mosquitos reais — nada tema. Deve-se ao apelido que era dado aos diamantes pequenininhos (“mosquitos”) vistos na base da cachoeira. Nos tempos do garimpo desta Chapada Diamantina, fala-se que essas preciosidades diminutas eram comumente encontradas ali.


Você paga R$ 20 para adentrar a Fazenda Santo Antônio, onde esta cachoeira se encontra. (Ainda que seja um Parque Nacional com certas regras, ele se sobrepõe a certas propriedades privadas.)
Da bilheteria até lá embaixo são cerca de 1,5 Km descendo. Nada muito complicado, mas é praticamente uma escadaria.



Que delícia foi chegar ao lugar sem nenhuma outra viv’alma além das nossas.
A cachoeira fazia seu barulho sem competição, aquele estrondo de água caindo sobre as rochas. Cá embaixo, um breve córrego por entre as pedras. Dizem que em outras épocas isso fica bem mais coberto, mas não era o caso agora.
Formava-se um pequeno acúmulo da água de cor escura pela matéria orgânica, filetes de água a descer pelas rochas adjacentes e a queda-mãe a despencar, disponível para quem quisesse se pôr ali debaixo.




Um dos meus passeios favoritos na Chapada Diamantina (BA). Vem mais por aí.
Meu jovem amigo, que região fantástica!… Uauu. Que natureza magnifica, possante , instigante, desafiadora e intrincada. Nossa Senhora!… Não imaginava que fosse assim tão rica, diversificada, de acesso tão surpreendente e de locais insuspeitados e belos. Rica, pujante e bela. Que aventuras essas nessa região. De tirar o fôlego. Cada área mais bela que a outra. E que coragem a de vocês.
Lindas cachoeiras, belíssimas águas azuis, recantos fantásticos, uma riqueza em beleza natural. Espetacular, a região.
Agradavelmente surpreendida por tanta beleza natural, selvagem e quase intocada. Maravilha, meu jovem amigo.
Valeu. Que venham mais belezas. Eita Brasil bonito, seu moço.