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Filipinas

Às praias filipinas! Dumaluan e Alona Beach

Como você há de imaginar para um país-arquipélago, costas e praias fazem a graça de muito do turismo nas Filipinas.

São muitas as praias de renome e tantas outras maravilhosas sem nome aqui. Ao longo desta viagem falaremos de várias que eu conheci, a começar pela primeira que visitei: Alona Beach, das mais turísticas atualmente.

Eu tive a impressão de que ela tenta se tornar uma Bali nas Filipinas. Vocês verão abaixo minhas experiências em detalhes, e como cheguei até lá.

Foi uma boa jornada até Alona Beach desde Cebu. Acompanhem-me.

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No tuk-tuk sem porta, rumando para Alona Beach.

Prólogo: Ferry de Cebu a Tagbilaran

Uma voz me disse que eu precisava sobreviver“, dizia a mulher no inspirador filme de náufrago que os filipinos acharam de nos passar no tranquilo ferry entre as ilhas de Cebu e Bohol.

Seriam duas horas de viagem no que é um ferry confortável, em que eu alternava a vista entre o mar lá fora, a moça bonita que ia ao meu lado, e a os rolos do filme com a mulher há 40 dias à deriva após perder o marido num naufrágio. Nem gravei o nome.

Richard me manteve viva.” Aquele cheiro de filme da Sessão da Tarde, que não parecia interessar nem um pouco a filipina que ia do meu lado.

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Os mares filipinos são lindos, embora eu não tivesse a mínima intenção de naufragar neles.

Eu provinha de Cebu, a primeira capital colonial das Filipinas e principal cidade desta região do meio do país, e que descrevi um pouco no post anterior. Principal ponto de chegada e partida aqui nas Visayas, um dos três grandes grupos de ilhas filipinas.

Como você há de imaginar neste país de mais de 100 milhões de habitantes, as regiões têm personalidades culturais algo distintas. Eu recomendo conhecer todos os três (Luzon, Visayas, e Mindanao) se quiser uma imagem mais completa do país. As Visayas têm uma gente bem divertida. Achei as pessoas aqui mais comunicativas que noutras partes das Filipinas aonde eu iria depois.

Ao ferry, a quem quiser as informações práticas, você paga 500 pesos pela viagem de 2h entre Cebu e Tagbilaran City — principal urbe e porto de chegada da curiosa ilha de Bohol, a qual mostrarei melhor a seguir.

Há saídas quase todas as horas. Compra-se a passagem no mesmo dia, mas melhor comprar de manhã se você quiser viajar de tarde num horário exato. É como ônibus nas rodoviárias do Brasil. Há muitas empresas fazendo o trajeto, mas a mais cotada é a OceanJet, considerada a de melhor serviço. Usei e aprovei.

Tomai nota, porém, de que os filipinos gostam tanto ou mais de ar condicionado quanto os brasileiros. Se você for friorento, prepare um casaco, porque o ferry vira uma geladeira. A Classe Turista deles é tipo uma catamarã, mas tudo interno, sem acesso ao ar livre. São salas internas com janelões de vidro — como você viu na foto acima com o mar e a moça.

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Tio vendendo frutas no interior do ferry. (Na mão esquerda ele tinha mangostins, e na mão direita bagos de jaca, se não me engano.)
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O cais no porto no centro de Cebu é assim. Os taxistas, para entrar, precisam pagar uma tarifa de acesso, então prefira que ele o deixe aos portões, onde estão também as bilheterias, e você depois caminha este breve restante até o terminal ali.
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A bilheteria do lado de fora. Você compra a passagem aqui antes de entrar. Cada empresa tem seu guichê, às vezes com várias oferecendo o mesmo trajeto em horários distintos. (Neste site você pode pesquisar todos os horários disponíveis.)

Eu fiquei ali de pé bem uma meia hora, não mais, ao que os ventiladores no teto pouco aplacavam o calor tropical do meio-dia. Há vários turistas (em geral, buscando Alona Beach), mas a maioria eram filipinos.

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Eis o recibo de pagamento da tarifa portuária de 25 pesos, equivalente a menos de um dólar. Para você entrar no terminal. A passagem em si é outro papel.
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Bem-vindos ao interior do terminal!

Hoje, pode dar até uma agonia ver tanta gente aglomerada, mas fique certo de que este era o caso antes da pandemia e provavelmente vai voltar a ser. Não dou um ou dois anos após o fim da crise sanitária (senão menos) para tudo voltar ao velho normal nesse sentido.

Eu sei que virou moda falar que “o novo normal” vai ser diferente, etc. Para algumas coisas muito específicas, talvez. As rodoviárias e portos, todavia, certamente continuarão a encher de gente. Se transporte público segue lotado mesmo durante a pandemia, que dirá depois.

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A sala de espera, antes de os ferries das Filipinas arrastarem toda a massa. Não é tão pânico quanto hoje pode parecer. Você se senta ali e pronto. 
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É preciso fazer um check-in dentro do terminal depois de entrar, mesmo que não vá despachar bagagem (grande) ao porão do ferry. Seja atilado, pois as filas são um pouco “na cara dura” de quem vai de aproximando.
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Até que, duas horas depois, bem-vindos à Ilha de Bohol!

Do porto de Tagbilaran até Alona Beach

Tagbilaran City não é assim exatamente uma cidade pitoresca. Aliás, as cidades filipinas em geral são tão pitorescas quanto as cidades brasileiras medianas, quase todas produto de urbanização desordenada no século XX. Nesse sentido, não ache que está em vilarejos bucólicos da China ou da Tailândia. Parece mais a América Latina.

Do porto de Tagbilaran, você portanto deve pode direto tomar um triciclo-táxi até Alona Beach, o que leva uns 40 minutos. Você não será o único — quase todos os turistas que chegam aqui têm Alona Beach como destino, e já há um esquema montado.

Logo ali do lado de fora do porto, deparei-me com um cidadão de colete laranja e aquela pose de agenciador. Agenciava os triciclos e ia organizando (ou não) os turistas conforme os triciclos chegavam fazendo curvas para estacionar como numa corrida de kart. Às vezes, ele queria pôr duas ou três pessoas (mesmo com destinos diferentes!) no mesmo kart, digo, triciclo. 

São diferentes dos tuk-tuks indianos. Aqui, é realmente uma moto comum com um carona ao lado e um breve espaço de bagagem atrás. (Cabe um mochilão ou uma malinha de mão). Se vier com mais, melhor pegar uma van.)

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O agenciador e sua pose, organizando os passageiros.
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Os tuk-tuks filipinos são este notável constructo, uma moto acompanhada de um espaço ao lado e atrás. Há uma terceira roda lá do outro lado. Este é o estacionamento do Porto de Tagbilaran.

O valor tabelado da corrida até Alona Beach é de 400 pesos. Há quem faça por 350 e quem queira cobrar 450 — acerte o preço ao entrar para que tudo fique claro e não haja embeleques depois.

Eu gosto de pechinchar quando estou na Ásia, mas aqui a coisa é menos comum que no Oriente continental, por assim dizer. Foi praticamente impossível achar quem fizesse por menos de 350, o que dá uns R$ 40.

“Moça, quantas rodadas? Quantas rodadas de luta ele aguenta?”

Por seus 40 minutos fui com Max, um filipino moreno magrelo e de cabelo comprido amarrado atrás. Veio conversando comigo sobre as moedas do mundo, perguntou qual a mais forte. Sugeri que talvez a libra esterlina, dos britânicos, ao que ele concluiu que “é por isso que vêm tanto para cá então“.

Casam-se com filipinas para poder comprar terra e ter permissão de residir, segundo ele. Às vezes, ingleses ou europeus ou norte-americanos muito mais velhos, daqueles que ficam com cara de ser o pai da moça. “Ou avô“, falou logo ele.

Às vezes, eu já perguntei aqui a passageiro meu”, ia ele comentando enquanto dirigia, “a moça com 20 com homem de 60. Aí eu perguntei: ‘Moça, quantas rodadas? Quantas rodadas de luta ele aguenta?’. Queeee, uma e já deu.

Eu fiquei ali rindo com as histórias de Max enquanto cruzávamos a ponte que liga a ilha de Bohol (onde fica o porto de Tagbilaran) à pequena ilha de Panglao, bem menor e onde fica Alona Beach.

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Você cruza uma breve ponte entre a ilha de Bohol e a pequena ilha de Panglao, onde fica Alona Beach. (Sim, as Filipinas têm muitas ilhas, mais de sete mil delas.)
Mapa Visayas nas Filipinas
Mapa das Filipinas com as ilhas de Cebu e Bohol ali no meio. (Panglao é muito pequena e não aparece.)
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O ambiente que adentrei com Max na pequena ilha de Panglao, rumo a Alona Beach. As moças uniformizadas a retornar da escola, e o sol a brilhar do outro lado por detrás de um pé de fruta-pão — árvore nativa destas bandas das ilhas do Pacífico.

Por fim, chegaríamos a Alona Beach. Depois de um tanto procurar e perguntar, encontramos a minha pousada familiar onde eu ficaria por entre aqueles becos sem calçar de vilarejo de beira de praia.

Despedi-me de Max, e vamos a la playa.

Alona Beach

Não achem que Alona Beach é só uma praia — é todo um vilarejo de beira de praia, tipo um arraial ligeiramente modernizado. Com bares, ruas de restaurantes, pousadas etc., asfaltos para os carros mas sem calçadas ou muito espaço para os pedestres. Carros que passam por demais raspando em você, e o batidão das festas noturnas.

Segundo me contaram aqui, a popularidade de Alona Beach parece ter aumentado depois que fecharam Boracay, o principal destino turístico das Filipinas até recentemente. Aquela foi fechada ao turismo em abril de 2018 após o presidente Rodrigo Duterte visitar o lugar e dizer, ao seu modo desbocado, que a praia estava “uma pocilga”. Decretou o fechamento total da ilha para turistas por 6 meses.

Boracay foi algo revitalizada e reaberta em outubro de 2018 sob novas regras de conduta, com um limite de 5.000 camas num número limitado de hotéis. Fumar e beber na praia ficou proibido, assim como música alta 24h como costumava ser. Se solucionará a falta de sustentabilidade do turismo de até então em Boracay, só o tempo dirá.

Com as limitações em Boracay, muitos turistas começaram a vir cá para Bohol e Alona Beach, e eu quis conferir.

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O ambiente aqui em Alona Beach é assim. Minhas primeiras horas.
Alona Beach ao anoitecer
Eis a praia em si, onde um rapaz segurava um cigarro ao que observava os visitantes e barcos de passeio. (Os homens daqui fumam como no restante do Sudeste Asiático.)
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À noite, quando o sol se põe, as luzes vêm dos bares e restaurantes quase na areia.

Eu me instalei na pousada que era uma espécie de Casa das Quatro Mulheres — primas de seus 40 anos que se organizavam — e saí para jantar, ao que entardecia.

Como eu disse, Bohol e Panglao parecem estar tentando se tornar a próxima Bali do Sudeste Asiático. Alona Beach está rapidamente se tornando como as cidades lá daquela ilha da Indonésia, como Ubud e sua Monkey Forest Road, com uma rodovia principal sem calçadas e vias adjacentes que vão crescendo desordenadamente. 

Com o aeroporto novo inaugurado em novembro de 2018, com voos internacionais direto para cá, aí é que vai bombar. (Deus tenha piedade do meio ambiente daqui com o influxo massivo de turistas que cresce a cada dia e a falta de regulação.)

(Que fique claro, não sou contra o turismo. Seria irônico justo eu dizer isso, mas sou a favor de um turismo organizado, e não a torto e a direito, para não acabar com a própria razão pela qual as pessoas vêm pra cá: a natureza do lugar. Turismo sustentável é o nome.)

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A lua lá em cima e o sol lá embaixo no entardecer em Alona Beach.
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Eu ali à luz do crepúsculo.
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O pôr do sol aqui é realmente pitoresco. Notem a lua lá em cima.

Naquela noite que caía em Alona Beach, eu fui procurar onde comer.

Digo-lhes que tive certa dificuldade de encontrar restaurantes onde não fumassem às mesas. Eles aqui tem uma lei proibindo fumo em ambientes fechados, mas ela é mal implementada (um dos maiores mitos brasileiros é achar que só no Brasil lei não se cumpre direito) e não se aplica às mesas do lado de fora.

Os próprios filipinos fumam feito umas caiporas, e não ajuda que boa parte dos turistas sejam chineses ou coreanos, que também não fumam pouco. 

Depois de circular pela frente de muitos restaurantes onde havia sempre alguém à entrada a chamar quem passava, fui parar num bem ventilado em frente à já escura praia.

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Nas ruas de Alona Beach à noite, sempre com alguém às entradas dos bares e restaurantes a chamar quem passa.

Nesse vai e vem da procura, conversei com vários até me sentar num bar-restaurante de frente para o mar. Os funcionários são geralmente simpáticos — num estilo parecido daqueles lugares do Brasil onde se é bem atendido. 

Eles são todos fluentes em inglês, mas há umas peculiaridades. Por exemplo, como é habitual as pessoas da região de Salvador chamarem os outros informalmente de “pai”, aqui eles parecem chamar as mulheres de “mãe” (mom), mesmo mais jovens. Depois, descobri não ser intencional, mas uma pronúncia mudada de “ma’am“, madame em inglês, mas soa engraçado.

Se os funcionários todos falam bem inglês, o mesmo já não se pode dizer dos clientes. À mesa ao lado da minha, um jovem casal coreano com ares de burguesia fazia pedidos de “alôz” — assim mesmo, trocando o R por L. Diziam lice em vez de rice em inglês, certamente sem se dar conta de que lice em inglês significa piolho.

Até aí nada de novo no front oriental, mas eu não me aguentei quando o próprio garçom começou a lhes responder (de propósito) falando também “alôz”. Os filipinos são jocosos. Os coreanos nem se tocavam. Eu não resisti, e tive que comentar quando ele passou. 

A gente aqui tem que falar assim, se não eles não entendem“, esclareceu-me ele sem esconder o bom humor, naquela aura também vista em garçons boa-praça no Brasil, de quem comunicava “A gente aqui passa cada coisa que você nem sabe, rapaz”.

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Veio meu delicioso prato de camarões no tempero. Sim, acompanhados de arroz. Lembrou um curry, mas nem havia muito leite de coco nem estava tão apimentado quanto os tailandeses.

Amanhã foi um novo dia…

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Asiáticas a caminhar nas areias de Alona Beach no dia seguinte.
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O mar é lindo, mas a areia é meio congestionada, e construíram coisas muito perto da água, espremendo a praia.

O café da manhã do dia seguinte seria uma tranquilidade, não fossem as ameaçadoras nuvens de chuva tomando forma.

Embora não estejamos na estação chuvosa, a coisa aqui às vezes muda de repente, como nos verões do Nordeste brasileiro.

“O tempo virou”, como diria a minha avó, e eu acabei passando uma parte do dia dentro da pousada. 

Alona Beach, sob o nublado de chuva e a melança na rua, revelava o seu lado menos pitoresco — daquele lamaçal na urbanização torta, com motos e triciclos a espalhar poças da água de chuva. Como nos bairros da sua cidade, talvez.

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Alona Beach sob chuva.

Na pousada familiar, a televisão ficava ligada o dia inteiro. Eu aproveitava para pesquisar sobre os próximos destinos e me reconectar com os amigos e família enquanto as moças faxinavam e dois garotos, filhos de uma delas, brincavam na sala. A TV às vezes ficava sozinha, mas só era desligada quando a última pessoa ia dormir (como em certos outros lugares que eu conheço).

Por que você está viajando sozinho?“, perguntou-me uma das primas que governavam o lugar enquanto varria o pátio coberto.

O tom era quase de indagação misteriosa, como se aquela fosse uma situação estranha, que precisasse ser esclarecida e, se necessário, resolvida. 

Dei uma resposta qualquer, que não convenceu nem ela nem as outras, ocupadas com suas atividades mas de ouvido em pé.

— “Você está solteiro?“, perguntou-me a mãe dos meninos, que era a mais conversadeira das quatro. (Eles aqui não têm “dedos” pra perguntar essas coisas.)

— “Sim“, respondi eu mal conseguindo segurar o riso naquela polêmica repentina com meu estado conjugal.

— “Oh meu Deus”, diziam elas quase em tom de lamúria. Quase pararam o trabalho. “É tão ruim que você tenha que viajar assim, sozinho.

Eu não achava esse fim de mundo, mas elas já estavam a ponto de quase me incluir nas orações diárias para que eu achasse alguém.

Virei notícia. Michelle, uma das outras, e provavelmente a mais simpática das primas, falava comigo como quem bem não se importaria de ter uns pegas, mas esta já era comprometida. Uma morena de olhos puxados muito amorosa, com cara de seus quase 40 anos.

Eu tenho uma prima…”, foi já dizendo a mais animada olhando para uma terceira, mais contida, lá ao longe, que nos observava com aquele ar de “lá vem você”. Lorenna, de seus 45, estava solteira. Era uma das gerentes. Mas não era muito dada.

O pessoal aqui nas Filipinas não brinca em serviço. Aí eu vi que o negócio de europeus virem para cá atrás de esposa é uma estrada de mão dupla. 

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Esta é uma das mais cotadas agências de turismo em Alona Beach. Organiza vários passeios pela ilha de Bohol, e propagandeia ter “gerência alemã” (German management), certamente para dar sinal de organização à clientela ocidental sempre suspeita dos serviços nestes países. É de um alemão que se casou e ficou por aqui.

À Praia de Dumaluan

“Quando tudo era ausência, esperei”, cantou Chico César, e aqui quando finalmente parou de chover, eu fui à praia — não a Alona, mas à Praia de Dumaluan, mais interessante.

Eu almocei em Alona Beach antes de zarpar, mas resolvi depois ir tentar algo melhor e menos urbanizado. 

Ao público curioso com o lado alimentar, almocei um belo curry de legumes no leite de coco com um tal de arroz ao alho (garlic rice) que é supimpa.

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Arroz ao alho e um curry de legumes à moda do Sudeste Asiático. Os filipinos são mais chegados numa carne de porco frita e coisas assim, mas servem também — sobretudo nestas paragens turísticas — comidas dos países vizinhos também.
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Deliciosa sobremesa de massa com recheio de manga bem madura.

(Se a manga não o hipnotizou demais, você pode ter notado na foto acima o patrocínio da Marlboro na mesa, coisa que no Brasil há tempo já não se vê. Eu não acho que nós brasileiros reconhecemos o suficiente o progresso que tivemos em conseguir desmontar essa cultura do cigarro no país.)  

Alona Beach estava cinzenta após a chuva. Embora já tivesse parado de cair água, a chuva ia e voltava.

Durante o dia, a praia fica repleta (demais) de barcos e gente querendo vender passeio de mergulho — algo bem procurado aqui pelas Filipinas. 

Eu tomei rumo. Ouvi falar bem da tal Praia de Dumaluan, alguns Km mais ao norte, e resolvi ir conferi-la para tomar banho lá. Em 10min você chega de moto-táxi (100 pesos) ou triciclo (150 pesos).

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Alona Beach num dia nublado, com os muitos barcos que ficam por ali a fazer passeio,
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Os mergulhadores de plantão com cilindros de oxigênio a alugar em Alona Beach.
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Em Alona Beach, mesmo com a presença humana, vide ‘o mare quant’è bello.
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Vamos agora a Dumaluan, ver o mar numa zona menos urbanizada. Tomei um triciclo.

Em Dumaluan é preciso pagar 25 pesos de entrada (menos de 3 reais), mas vale a pena. Praia de categoria, e mais conservada que Alona Beach.

Nós no Brasil somos bem acostumados à noção de que praias são sempre públicas, mas nem todo lugar do mundo é assim.

Não defendo praia privada, defendo ordenamento e regulação ambiental bem implementados para não estragar o lugar. Sem regras é que o público acaba avacalhado, e assim Dumaluan como praia particular está melhor que Alona. 

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(Alguém menos sincero que eu esconderia esta foto, mas eu não gosto de meias verdades.) Não ache que está vindo a uma praia deserta — os asiáticos descobriram Dumaluan antes de você. Porém: (1) não há barcos de passeio tomando a água e a vista, (2) a praia é bem mais extensa, e (3) não vi lixo na areia, ao contrário de Alona Beach.
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A Praia de Dumaluan, bem mais espaçosa que Alona Beach.
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Na Praia de Dumaluan, a 6 Km de Alona Beach.
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R$ 3 bem pagos. Ainda que fira um tanto meus princípios, meu lado mais pragmático gosta é que não firam o meio ambiente.

Opções de acomodação aqui são bem mais limitadas que em Alona Beach, e talvez em parte por isso Dumaluan esteja melhor preservada.

Dumaluan Beach é mais um local aonde vir passar o dia. Há barracas daquelas com famílias que ficam o dia todo. (No Brasil, já teriam apelidado de “receptivo”, como está na moda dizer. Só que aqui não cobram o rim que os “receptivos” brasileiros às vezes cobram.)

Há vendedores perto da praia, e foi ali que eu conheci e fiquei de papo com o sorveteiro Rodrigo e duas vendedoras de manga. Elas as vendiam cortadas, apenas levemente maduras, o que os filipinos gostam de comer com sal e pimenta — como há no Brasil quem faça isso também.

Gente divertida e boa praça. Riam comigo, perguntando-me se eu entendia algo de visaya, a língua filipina local. Eu disse que só algumas palavras, ao que me pegaram perguntando “Quais por exemplo?”.

Usei “Selamat” (uma saudação que é o mesmo em malaio e indonésio, e que eu havia escutado aqui). Depois perguntaram que se eu conhecia “guapo”, que para a minha sorte é o mesmo em espanhol (acho que eles não se deram conta). Rimos à beça. Gente divertida, os filipinos.

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O pessoal com quem fiquei de papo. “Quando dei por mim, tava aqui.”

Veredito?

Alona Beach certamente foi uma praia fenomenal — há 25 anos atrás. As fotos que estão no Google, que a mostram como uma praia límpida e quase deserta, certamente são de mais de uma década — e receio que tratadas no Photoshop.

A praia não é ruim, mas é uma praia já urbanizada, povoada demais, e já algo degradada. Você tem uma poluição visual e presencial de barcos por toda parte, além de algas e cascalhos. Há uma farofagem geral dos asiáticos na praia, e uma faixa de areia que ficou curta depois que construíram barreiras de cimento elevadas para a altura dos restaurantes e lojas. Às vezes, há meros 2m entre o cimento e a água do mar. É uma praia que já foi mais bonita e está sufocada. 

Alona Beach serve para acomodação, para conhecer melhor as belas atrações da ilha de Bohol aqui ao lado, como eu faria; mas para praia propriamente dita, Dumaluan é melhor pedida.

Tomei um moto-táxi de volta a Alona Beach, e retornei à casa das quatro mulheres.

Mairon Giovani
Cidadão do mundo e viajante independente. Gosta de cultura, risadas, e comida bem feita. Não acha que viajar sozinho seja tão assustador quanto costumam imaginar, e se joga com frequência em novos ambientes. Crê que um país deixa de ser um mero lugar no mapa a partir do momento em que você o conhece e vive experiências com as pessoas de lá.

One thought on “Às praias filipinas! Dumaluan e Alona Beach

  1. Ihh que encanto de lugar!… Que natureza prodigiosa!… Linda costa, bela vegetação, viçosas e elegantes palmeiras, de um verde maravilhoso. Apaixonei-me pela cor da água , de um azul claro divino. E que belo horizonte!… E como dizia Castro Alves , saudando o mar e a natureza, no seu magnifico poema “Navio Negreiro”…”E no mar e no céu… A imensidade…”. Belíssima região. Em algumas partes de praia parece um pedacinho do paraíso.
    Há semelhanças com a região litorânea e praias do NE brasileiro, em relação sobretudo à vegetação, construções e pessoas/hábitos. Parece cidade costeira brasileira.
    A cor das águas entretanto é bem diferente dessas do Brasil . Além disso, as praias do NE brasileiro são bem melhores e muito mais extensas.
    Mas esse fatos não tiram a beleza dessa região ai, meu jovem amigo viajante. Lindíssima. Belíssimo pôr de sol.
    E que aventura essa!.. Muito interessante, haha … Adoro ver essa criatividade da Ásia com os tuck-tucks.. Originais. E ai, incrementados hahaha
    E que horror filme de naufrágio em travessia na água hahah arremaria.
    A comilança estava com ”buena cara” e o povo parece simpático.
    Curiosas as histórias e a tirada de onda. Adorei a “mão dupla” da coisada como dizia minha madrinha hahaha.
    Não sabia que a fruta-pão era do SE asiático. Há muitas aqui no NE do Brasil.
    E por favor não me fale desse povo que fuma parecendo uma chaminé. Tenho horror.
    E que horror de tanta gente. Com a pandemia ficou impensável estar em multidão hahaha.
    Mas a natureza ai é mesmo prodigiosa… Magnifica…
    Valeu, Amigo viajante.
    Que venham mais belezas. Eita mundão bonito, sôr.

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