Bem-vindos a um dos lugares mais belos que eu já encontrei na vida: Coron, uma ilha e um despretensioso povoado na província de Palawan, Filipinas.
É um paraíso na Terra. Se você observou algumas fotos tiradas do avião que mostrei em posts anteriores, saiba que elas são daqui. Se ainda não viu, eu mostro algumas da minha chegada vindo de Bohol, depois de um voo de manhã cedo desde o Aeroporto de Tagbilaran até cá com conexão em Manila.



Desembarcando em Coron
Agradeci, mas tive que rir quando o funcionário me ofereceu esse vasto guarda-sol amarelo. O sol nem estava esse horror todo assim. Tive vontade de lhe dizer, em bom português, que esse solzinho não era sequer o que eu pegava em Feira de Santana quando ia almoçar na padaria.
Fazia uns meros 30º, mas os asiáticos são afrescalhados para o lado de não pegar sol e preservar uma pele branca. Cousa da herança tradicional de que moreno é quem pega sol trabalhando no campo — e, portanto, é pobre.
Nas Filipinas, como em todo o Oriente, há inclusive cosméticos para branquear a pele e um medo horrendo de tomar sol. (Ao menos entre as classes médias e alta. O povão pega sol até porque não tem jeito, e não está muito aí. Cor da pele aqui na Ásia pode não ser distinção de raça mas é distinção de classe.)


A coisa é um pouquinho de dar um nó na cabeça, porque aqui há duas ilhas vizinha: Busuanga e Coron. Porém, é na ilha de Busuanga que fica o povoado também chamado Coron, base do turismo aqui. É como se a cidade de São Paulo ficasse no estado do Rio de Janeiro.
O aeroporto, porém, é um só. Pequenino. Eu acho que a casa da minha avó é maior que o aeroporto de Coron. Não há realmente uma esteira de bagagem, mas um balcão raso de madeira por onde você as reavê.




Santorini, é você?
Não. A casa branca da mansão-albergue onde me hospedei engana, assim como as típicas vistas do pôr do sol sobre o mar, mas estamos noutra parte do globo. (As minhas visitas a Santorini, com seu casario grego branco eu narrei aqui e aqui.)

As semelhanças com Santorini e a Grécia param por aqui. Os mares filipinos são bastante belos, mas mais claros e às vezes puxados ao verde — como frequentemente são os mares tropicais — que o azul-cobalto dos mares gregos.
O ambiente urbano, também, não poderia ser mais diverso, como vós vereis mais abaixo.


Vocês estão preparados para se impressionar? Eu prometo que se impressionarão mais do que imaginam até o fim deste post.
Primeiro, a cidadezinha que encontrei.
Pelas ruas de Coron
Coron, em si, é um vilarejo bem povão e sem grandes atrativos. Há apenas algumas ruas carentes, apertadas de triciclos motorizados, motos e gente passando, com lojas e restaurantes simples às margens. O estonteante aqui é mesmo seu entorno geográfico.
Um desses triciclos motorizados — que fazem as mesmas vezes dos tuk-tuks noutras partes do Sudeste Asiático — trouxe-me do aeroporto à colina do meu albergue, passando por hiper-movimentadas e estreitas ruas. Lembra mais um bairro de periferia que alguma pacata cidade do interior.



Foi neste magnífico ambiente urbano de Coron que eu saí a bater perna à procura de agências que me oferecessem passeios para o dia seguinte.
Os folhetos mil recebidos no aeroporto me davam uma ideia, mas cada empresa oferece um passeio ligeiramente diferente. Eu queria um que incluísse logo tudo.
Fui a alguns endereços, querendo me arranjar já para o dia seguinte antes de as lojas das agências fecharem. O sol caía.


Encontros e desencontros
Esta província de Palawan é predominantemente cristã, mas possui uma visível população muçulmana (filipina da mesma forma, só que de religião diferente). Você já nota mulheres com véu, embora não sejam a maioria como ocorre em Mindanao, região filipina muçulmana no sul do país.
“…largou a barraca sob minha supervisão, subiu na moto e foi até onde achava que era. Fiquei eu ali tomando conta da barraca de churrasquinho.”
Talvez pelo turismo intenso, achei aqui as pessoas em geral menos dadas que nas Visayas, onde eu estava.
Ainda assim, há semelhanças. Por exemplo, os filipinos são por demais prestativos.
No meu buscar por agências cujos nomes vira nos folhetos, eu pedia informação a um e outro vendedor. Um, na rua, chegou a ligar para o telefone da agência. Não conformado que ninguém tivesse atendido, largou a barraca sob minha supervisão, subiu na moto e foi até onde achava que era. Fiquei eu ali tomando conta da barraca de churrasquinho.

Não vendi nada. Na prática, fiquei mais vigiando o churrasco que fazendo as vezes de vendedor. (Eu me meto em cada uma…)
Dali a um tempo, ele reapareceria. “Vamos, eu levo você lá. Eu já falei com a moça, e ela já está vindo“, disse-me o tio vendedor de churrasquinho, que deveria ter seus 50 anos e pele morena de tomar sol.
Subi na garupa da moto, e fui. O lugar se revelaria mais longe do que eu imaginava, por aquelas ruas tortas, movimentadas, e ficando escuras com a pouca iluminação. Seguia, porém, um certo movimento de gente nas ruas.




Eu aprecio que os filipinos, em geral, sejam menos usurários que as pessoas de rua no Oriente Médio, no norte da África ou na Índia, onde não faltam treteiros quase que só interessados no dinheiro dos visitantes. Eles aqui são mais honestos.
Eu, de toda forma, dei um trocado ao tio para pelo menos retribuir a gasolina gasta comigo, se não seu tempo e a boa vontade. Ele fez uma cara de “nem precisava”, mas agradeceu e aceitou, sumindo na noite de Coron.
As ruas já iam ficando quietas quando eu entrei no que se revelou um albergue que fazias as vezes também de agência. O aspecto era o de uma dessas casas pobres do interior, com um pano de chão à porta de entrada, um corredorzinho diante da porta, a televisão lá mais para dentro, e uma escada que levava a um segundo andar que me pareceu ter sido levantado pelos próprios moradores.
“Ele deu um pulo. Fez uma cara quase como se eu fosse da Interpol.”
Da varanda no segundo andar, um turista europeu quarentão fumando um cigarro sugeriu que eu fosse entrando. Entrei, não vi ninguém, e subi.
“Ela daqui a pouco aparece aí“, disse-me Sandis, um europeu careca de seus 40 anos, que fumava de camiseta regata e descalços. Um jovem filipino da casa também apareceu, finalmente, dizendo que eu aguardasse.
Sandis era caminhoneiro e se permitia férias nestes destinos baratos e calorosos do Sudeste Asiático. Tinha um inconfundível sotaque letão (da Letônia) que reconheci em segundos, tendo já morado com um amigo de longa data desse país e que fala do mesmo jeito. Apontei a ele.
Ele deu um pulo. Fez uma cara quase como se eu fosse da Interpol. Habituado, certamente, às pessoas mal saberem que país é esse, ele que até então havia me feito pouco caso deu a puxar conversa — passado o choque inicial de ter sido identificado.
Contou-me que trabalhava na Noruega, tinha uma filha de um arranjo desquitado na Letônia, e volta e meia vinha cá. Causos de caminhoneiro, até que a moça da agência finalmente chegou, e eu acertei um Super Ultimate Tour para o dia seguinte.
“Você já jantou? Quer ir aí ver a cidade?“, indagou-me o caminhoneiro Sandis.
Vamos.

Não, embora estivesse acompanhado de um caminhoneiro e eu próprio coma bastante, essa não foi uma mesa para duas pessoas. Foi uma mesa pré-arranjada para um grupo filipino que estava por chegar. Nós só vimos, e seguimos a outro lugar que Sandis conhecia, já que este estava todo reservado.
Em Coron, como pelos lugares turísticos das Filipinas em geral, há sempre vários lugares com música ao vivo. Os filipinos, versados em inglês e fãs da cultura de seu antigo colonizador (os EUA), amam cantar. Aqueles programas tipo The Voice são incrivelmente populares aqui. Todo mundo assiste, família reunida em silêncio atenta à televisão, tipo novela em certas casas no Brasil.
Acabamos indo parar na Island Boy Grill, que tem música ao vivo todas as noites.

Se você quer uma palhinha da música e do ambiente, pode ver e ouvir no meu breve registro abaixo.
O inesquecível balut
O que eu comi na Island Boy Grill não foi nada muito digno de nota. Encerramos a noite com uns drinks.
Digno de nota foi o que eu não comi, uma famosa iguaria filipina da qual eu já tinha ouvido falar e que aqui em Coron vi pela primeira vez. É o que aqueles homens ali abaixo estão vendendo, e que aqui se vende na rua ao fim da tarde feito acarajé.

Sem meias palavras, eu declaro balut a comida mais estranha e repulsiva que eu já encontrei em tudo o que já vi do mundo.
Balut é ovo de pato fertilizado, cozido com a ave em formação dentro, e que se come tudo junto. O ponto de cozimento (alguns gostam da clara mais líquida) e o nível de desenvolvimento (de 14 a 21 dias) variam a gosto do freguês.
Sim, o resultado é o que você imagina.

Uma amiga filipina — devidamente — achou de me dizer “Você precisa experimentar balut!”
Diante da minha cara de pavor diante da ideia de comer pato em formação dentro do ovo, ela reagiu com naturalidade. “É como comer ovo cozido um pouquinho de frango dentro.“
Se você tiver estômago e quiser ver detalhes da aparência da iguaria, aqui na página da Wikipedia tem. É, sem dúvida, a comida mais nojenta que eu já encontrei no mundo inteiro. Até cogitei postar a foto com detalhe da cabeça do embrião e tal, mas embrulharia muita gente.
Não, eu não comi. (Podemos continuar amigos.) Conheci brasileiros que experimentaram. Lembro de um fazendo uma cara de desgosto (“A coisa mais nojenta do mundo“), e outro que disse que, apesar do aspecto pouco apetitoso, experimentou e depois ainda pediu mais um.
Dizem que é algo típico para petiscar com uma cerveja ou uma “marvada” por aqui. Se provar e não gostar, canta “apesar de você amanhã há de ser um novo dia”.

A vista de Coron desde o Monte Tapyas
Lembrei-me do Seu Bhalla, da família com quem eu me hospedei na Índia, e que certo dia — algo antes de me pedir dinheiro — declarou solenemente: “Eu creio, portanto, que a sua estadia conosco é confortável.”
Minha estadia em Coron era confortável.
Aqui neste albergue-mansão nas alturas, eu conheceria um simpático trio de irmãs mexicanas ao café da manhã. Daquelas que você vê que são irmãs, e que formavam uma escadinha etária engraçada com seus cinco anos de diferença entre uma e a seguinte. Depois eu entraria num apuro por causa delas, mas disso eu trato depois.
Eu faria hoje o Super Ultimate Tour adquirido na noite anterior pela natureza costeira de Coron — belezas que merecerão um post inteiro dedicado a elas.
Por ora, quero encerrar com a uma atração que há na vila de Coron propriamente dita: subir ao alto do Monte Tapyas para ter uma linda vista. Faça-o ao fim da tarde, especialmente entre as 17-18h para ver o pôr-do-sol.
No alto da cidade, ele fica no topo de uma longa escadaria acimentada, que você pode subir em 15 min se aguentar ir de uma vez só ou em uns 30 min se for parando, pegando o fôlego, e tirando fotos. As vistas são lindas para os recortes de mar e terra.




A vista é de embasbacar. Você chega ali, gira, e olha ao redor enquanto o sol segue se pondo.








Continua em: Pelos mares de Palawan em Coron, Filipinas
IIIhhh que o viajante brasileiro descobriu o paraíso. Uaau!… Que lugar bonito é esse, meu jovem? Notre Dame!… Lindíssimo!… Paradisíaco.
Nossa, que águas mansas, belas, de tons suaves e lindos!…Que paisagens maravilhosas!… Que paz na Natureza!… Um encanto.
Espetacular esse pôr de sol. Belíssimas fotos. E como se parece com Santorinni essa vossa pousada com essa bela visão. Esplendorosa, com essas construções parecidas com aquelas das ilhas gregas, com suas lindas flores e o mar ali, belo, tranquilo, a espiar o sol, que sobe brilha e desce, garboso, no horizonte.. O belo céu azul e as harmônicas e sinuosas elevações completam o cenário paradisíaco. Lindo!… Um pedacinho do Céu, diriam os antigos.
Linda região. Encantadora. A natureza dá um banho de exuberante beleza.
Lindos tons do céu, deslumbrante pôr de sol.
Gostaria muito de conhecer esse paraíso.
Amei. Um colírio para os olhos hahah
Nossa. Que banzé. hahaha.
Hahaha, essa atividade é nova para Mairon Polo. Tomador de conta de barraca de churrasquinho.. hahah. Essa foi ótima.
E que tenebrosa essa comida com embrião de pato morto dentro. Eca. Deus me livre. É cada gosto estragado. Hum hum hum.
Belas paisagens vistas desse elevado. Lindíssimas. O pôr de sol é extasiante.
Muito bonita, a região.