Os mares de Palawan e suas paisagens costeiras, nas Filipinas, são dos lugares mais espetaculares que eu já vi na vida.
Cada lugar no mundo é distinto. Às vezes é difícil comparar laranjas com maçãs, chocolate com lasanha, mas talvez este seja o lugar de beira-mar mais belo que eu já visitei. Depois de muito viajar, quebrar novos recordes fica difícil. A barra já está posta lá no alto, e é difícil de superar. Acho que, contudo, Palawan conseguiu. (Achei-a inclusive superior às magníficas vistas do sul da Tailândia, embora algo parecidas.)
Estamos por ora em Coron, embora esta não vá ser minha única parada nesta região. Esse vilarejo à beira-mar eu comecei a mostrar no post anterior — suas simples e movimentadas ruas, e as lindas vistas da geografia que o rodeia.
É hora de mostrar o que eu vi no Super Ultimate Tour que fiz. (As agências aqui já não têm mais que nome pôr nos tours...) Para que fique claro: pode variar o que uma agência e outra chamam de “Ultimate Tour”, etc. Não há uma padronização da nomenclatura como às vezes ocorre em outros lugares (inclusive aqui das Filipinas). Em Coron, estão tentando fazer isso, mas é menos sólido.
Sem mais delongas, vamos aos mares que vocês viram de longe na postagem anterior. Agora de bem perto. Ao longo da narrativa, farei também algumas observações práticas a quem cogita vir aqui.


Todos a bordo!
Este Super Ultimate Tour, que recomendo especialmente a quem tiver apenas um dia inteiro aqui, leva a todas as principais atrações da região. São lugares que quem tiver mais tempo pode optar por dividir em dois dias distintos.
Logo cedo, chegou ao meu albergue-mansão no alto de Coron o triciclo da agência que me levaria ao porto. Estes portos de povoado turístico em Palawan são ultra-básicos — mais básicos que os arraiais no Brasil.
Uma vasta área de terra se via com barracas e gentes a passar em triciclos e motos. Às águas ali azuis de Palawan reluziam o sol da manhã, e alguns rapazes filipinos bem morenos — alguns com pele quase negra africana — saltitavam de barco em barco, organizando-se para o dia e conversando muito uns com os outros. Aquele tagarelê de homem jovem junto.


O sol começava a esquentar como num dia de verão no litoral do Nordeste do Brasil.


Sugiro avaliar bem se você quer mesmo trazer qualquer coisa que não possa molhar. As chances de cair na água aqui e ali não são remotas, e os desembarques — nos pontos de passeio — são frequentemente pra dentro d’água.
Celular, eu diria que só com aquela capa transparente impermeável (e de preferência já testada, sobretudo se for do camelô). Minha câmera fotográfica eu trago sempre protegida numa combinação de saco plástico e capa própria com zíper. (Ainda assim, não dá para mergulhá-la, e não foi a todo lugar que ela pôde ir.) É a terra das GoPro e câmeras de água.
Vamos lá!

Quem tem Palawan não precisa do Caribe
A máxima de Anna Karenina — de que todas as famílias felizes se parecem e só as infelizes é que o são cada uma à sua maneira — não se aplica aos lugares. Ao fim das contas, cada lugar bonito é bonito à sua maneira distinta dos outros. (Melhor, pois aí a gente viaja mais.)
Neste Sudeste Asiático, dominam as baías com recortes rochosos de litoral, vistas belíssimas para os diversos tons de água — do transparente ao verde piscina ao azul escuro, a depender da profundidade.
Este tour, como costuma ser por aí, inclui paradas em lugares específicos a visitar e onde se deter por um tempo. Os mais famosos de Palawan aqui nesta região de Coron são Kayangan Lake, Barracuda Lake, Siete Pecados (assim em espanhol mesmo), e as Lagunas Gêmeas (Twin Lagoons).
No entanto, não se preocupe demais em ir a A ou B, pois toda a região é de uma beleza semelhante.



Estacionamos no raso o nosso barco, um destes que me lembram aquele insetos de patas longas e que conseguem andar sobre a água.
O mar aqui prontamente se torna transparente com os leves tons de verde que você vê.
Parávamos aqui para ver Barracuda Lake, que é um breve corpo d’água azul por detrás destas rochas costeiras. São chamadas rochas cársticas, esses rochedos verticais e acidentados tão comuns na formação geológica do Sudeste Asiático e que lhe rendem estas paisagens.



Vou chamar de Lagoa Barracuda, pois a palavra inglesa (lake) não difere lago (algo maior, tipo o Lago Titicaca) de lagoa.
Barracuda não é um lago, é um corpo d’água relativamente pequeno escondido por detrás das rochas no interior desta ilha. Por vezes, água doce e salgada se misturam pelo subterrâneo.


Estas águas lindas fazem-me imaginar que estou mergulhando num aquário natural.
Como disse, é obrigatório usar esses coletes salva-vidas — e eles fiscalizam. Já o equipamento de snorkel fica a seu critério. Eles no barco fornecem tudo, você não precisa trazer o seu próprio a menos que queira.
Sob a água, nas lagoas doces não há muito o que ver. Já do lado de fora, no mar, não faltam jardins de corais e muita vida marinha. Coisa magnífica.



O passeio geralmente se detém em vários lugares onde ver jardins de coral (coral gardens), peixes coloridos e todo o mais.
O melhor dos corais eu vi nos Siete Pecados, uma área com sete rochas. (Se você não se convenceu do nome, os filipinos contam que, certa feita, sete irmãs vieram nadar aqui contra uma proibição dos pais e morreram afogadas.)
Não vi grandes riscos de afogamento se você souber nadar, mas cuidado onde pisa. Há rochas e corais bastante afiados. Eu carrego como souvenir uma linda cicatriz no meu tornozelo raspado numa pedra. Sempre que olho pro pé, me lembro de Palawan.
Evite, de qualquer modo, pisar nos corais para não danificá-los. Essa beleza precisa ser preservada.

Se você tiver cuidado, pode vir tranquilamente ao passeio com havaianas. Não precisa alugar os sapatos de água (water shoes) que eles oferecem em Coron, a menos que você queira maior conforto e segurança.
Mesmo assim, há ouriços imensos, cada um com espinhos do tamanho do meu pé — e que atravessam qualquer sapato de água. Não dê uma de Rambo se achando invulnerável só por estar calçado. Olhe onde pisa.

Além da vida marinha, há por aqui também um navio japonês de guerra naufragado em 1944, apelidado de Skeleton, e fácil de ver sem precisar mergulhar fundo.
Você passa um dia naquela coisa bem Fagner, de “quem dera ser um peixe”.



Várias paradas requerem que você nade até a terra, então tenha isso em mente ao pensar no que trazer. Como eu indiquei acima, se pretender tirar fotos com o celular de algumas dessas lagoas e lagunas, venha preferencialmente com uma capa impermeável. Algumas áreas são acessíveis sem nadar; outras, não.
Dali a pouco almoçaríamos o que foi um típico misturão filipino de arroz com legumes, carnes assadas e mariscos acompanhando. Embora estejamos num país-arquipélago, não se engane quanto ao apetite dos filipinos por animais de terra. Adoram porco e frango, então não se surpreenda se isso aparecer mesmo no cardápio de um passeio pelo mar. É cultural.
Ali ficamos um tempo, o vento ameaçando jogar na água paradisíaca os guardanapos, copos plásticos e pedaços de papel-alumínio que haviam enrolado a comida. (Não deixei cair nenhum. Um de alguém outro o vento levou, mas depois o guia pegou. Eles são atentos, embora melhor seria se evitassem usar essas coisas descartáveis.)

A Lagoa Kayangan e a “vista de capa” de Coron
À tarde, faltava-nos ver a Lagoa Kayangan — talvez das vistas mais emblemáticas aqui desta região de Coron.
De barrigas cheias, paramos numa dessas reentrâncias por entre as rochas. Saltamos, desta vez não dentro d’água, mas para o que era uma plataforma de madeira que nos levaria até o interior da ilhota onde fica Kayangan.


Há umas escadarias mais à frente, e uma bilheteria. Se sua agência providenciou tudo, você já não precisa pagar mais nada pois está incluso, mas verifique ao adquirir seu passeio. Se você vier por conta própria (mais sobre isso abaixo), lembre que precisa pagar pequenos custos de entrada para acessar cada um destes lugares. Eu segui em frente, pois já estava com tudo arranjado de antemão.
Rumei ao alto e avante, para da elevada escadaria ter as vistas deste recanto de Coron com as águas de Palawan.


A laguna do outro lado não fica devendo. Kayangan é linda, embora diferente. Não há a vida marinha a observar, mas há a água turquesa tão bela.
Como não há corais, você não precisa se dar ao trabalho de carregar seu snorkel até aqui só para ficar segurando. Venha livre, leve e solto.



Retornando à vila de Coron
Hora de retornar. Alguns passeios incluem tempo para ficar “de boa” em alguma(s) das pequenas praias que há por aqui, mas para mim o mais fenomenal e típico são mesmo estas reentrâncias rochosas e suas paisagens.
Se você tiver vários dias inteiros em Coron, pode visitar estes vários lugares em mais de um passeio — e quem sabe ficar um tempo assando relaxando na praia, se for do seu gosto.
Eu diria que duas noites em Coron são um mínimo bem básico, e mesmo assim apenas se você chegar cedo no primeiro dia — não já à noite.
Com três noites você faz tudo com mais tranquilidade, se dispuser desse tempo. Estadia maior que isso, só se você quiser ficar de boa, fazendo mais passeios para curtir o mar. Na vila propriamente dita, como mostrei no post anterior, você só encontrará a vida normal das pessoas: comida típica, a musicalidade karaokeana dos filipinos, etc.

Uns toques
Acerca de qual agência escolher, há inúmeras e não acho que elas façam grande diferença, até porque não são eles próprios que operam os tours. Vão apenas juntando gente daqui e dali, e passando pessoas adiante (“Você vai com ele ali“), como ocorre também no Brasil. O fundamental é apenas verificar aonde é que o passeio planeja ir.
Ainda assim, tende paciência pois Palawan é uma província pobre e bela (tipo Maria do Bairro), então a coisa é meio “caseira”. Não se surpreenda se, for exemplo, a rapaziada que faz as vezes de guias “esquecer” de parar em algum lugar. Nos ocorreu.
Era para nos determos numa praia, e eles passaram batidos sem necessariamente nos dizer nada. Ficam com aquela cara de paisagem (“Ah é, foi, não deu“) também muito típica aqui na Ásia, onde o importante é não criar caso. (Eles jamais esquecerão dos principais, mas se houver outro lugar em especial que você faça questão, indague a eles durante o tour. Seu jeito de ser também implica em flexibilidade, e ficarão sem jeito de lhe passar a perna assim na cara dura se você tiver perguntado diretamente, e sobretudo se outros também manifestarem interesse.)

Se quiser fazer tours privados, caso esteja viajando em grupo, existe essa opção de negociar diretamente com os barqueiros, mas saiba que as paradas são quase todas pagas.
Vão 200 pesos aqui nesta laguna, 100 naquela praia, etc. É para a manutenção e salários do pessoal do lugar. Verifique também sobre os colete salva-vidas obrigatórios se você for num barco particular. No fim das contas, você pode acabar pagando o mesmo que por um tour, só com a vantagem de viajar exclusivamente com o seu grupo.
Se você está gostando desta região das Filipinas, vai gostar de saber que ela ainda não acabou. De Coron, era hora de eu rumar (de avião!) para El Nido, na ilha de Palawan propriamente dita. Acredite se puder: só melhora.
Mon Dieu, que paraíso!….. Uuuuuuuuu. Nossa.. Não é que o jovem viajante chegou lá? Notre Dame… Que beleza… Espetacular…Extasiante.. Surreal… Já vi, já revi e não consigo deixar de olhar, com olhos deslumbrados e plenos desses tons divinos de belíssimas águas entre as diversas nuances do azul e do verde. E desses contornos geograficos/fisicos perfeitos, belos, e exuberantes.
E o que dizer dessa geografia magnifica, recortada caprichosamente e que parece feita a pincel pelo celeste Arquiteto? Que maravilha, meu jovem amigo. As palavras são pobres para descrever tanta beleza.
Que belas águas, que gostosas enseadas, que pujantes rochedos, que vida serena e pacata nessa natureza magnifica e bela.
Os belíssimos (e perigosos) corais me encantaram, Lindos tons, cores e formas, em que pese o perigo de se acidentar (Deus é mais hahah).
Que natureza soberba, leve, bela, soberana e tranquila, como que ciente da sua grandeza e esplendor .
Divino paraíso. Deus seja louvado por tanta beleza.
Pena que a espécie humana pouco perceba (e até danifique) os magníficos tesouros naturais da nossa amada Gaia, o querido Planeta Azul.
Maravilha, meu jovem amigo viajante.
Como? ainda pode melhorar? uauu. Ora pois…
Que venham mais belezas. Os olhos e o coração agradecem
Mairon, eu estou encantada pelo jeito que você escreve! Talvez até mais interessada que o destino, fico vibrando com seus textos. Obrigada!