— “Espelho, espelho meu, existe alguém mais belo do que eu?”
— “Não, El Nido. Tu és a mais bela.”
Este espelho tem opinião. Estupefato eu fiquei, vindo da já-belíssima Coron, a encontrar um recanto ainda mais belo nestas magníficas Filipinas. Aqui eu veria talvez as paisagens costeiras mais impressionantes que já encontrei.
Aguardo certo de que aparecerá alguém contestando, dizendo que X ou Y é ainda mais. Ótimo, assim eu tomo conhecimento de mais lugares lindos a visitar. Aqui entre nós, há um nível de beleza em que comparações já fazem pouco sentido. Como cantou Gonzaguinha, “É bonita, é bonita e é bonita.” ♫
E sem ter a vergonha de ser feliz, eu lhes apresento El Nido (“o ninho”), o principal ponto turístico na ilha de Palawan, Filipinas.
Quem quiser simplesmente constatar como este é mesmo um daqueles lugares que nos fazem louvar as belezas do planeta Terra, basta abaixar e ver. Já se você quiser a história inteira da minha passagem por aqui — com dicas e detalhes sórdidos — acompanhe.



Chegando a El Nido
Vale muito a pena voar direto para El Nido, ainda que este seja um trajeto mais raro e mais caro. A outra opção, mais comum, é voar para Puerto Princesa — a principal cidade de Palawan — e de lá tomar uma van lotada por 5-6h de estrada até seu destino. Gasta-se tempo, e o gozo do trajeto vai de cada um.
Por ora, até antes da pandemia apenas a AirSWIFT fazia a rota direta desde Coron a El Nido. Se vai mudar no futuro, resta ver.
A AirSWIFT é uma empresa quase de luxo, como expliquei no post anterior — mas é acessível. Você paga uns USD 100 pelo voo de 1h de Coron para cá (com bagagem adicionada). Vale a pena, já que você já veio aqui até a este outro lado do mundo — a saber, ao país mais distante do Brasil no globo terrestre. Sim, são as Filipinas.
O aeroporto de El Nido parece um eco-lodge. É todo moderno, de madeira, completamente no térreo. Você não escapa a uma sensação bem VIP ao chegar aqui — embora ela vá sumir prontamente depois que você sai do aeroporto e chega ao “arraial”.



O aeroporto em si tem todos os serviços de que você precisa — não é só uma carinha bonita, não.
Uma vez fora dele, entretanto, se prepare para uma infraestrutura mais “simples”, por assim dizer.



Bem-vindos ao arraial de El Nido
As montanhas se erguiam sem cerimônia, cobertas de verde. Essa geografia acidentada, junto do mar, dava uma gostosa impressão de lugar tropical exótico e pouco explorado.
Não estamos, porém, numa ilha remota do Oceano Pacífico. Este aqui é, sim, o Oceano Pacífico, mas há aeroporto, ruas asfaltadas, dinheiro de turista chegando… então há pessoas — muitas pessoas.
Eu me alegrei, no entanto, de notar aqui menos turistas que em Coron, o que torna os passeios mais agradáveis. As visitas à natureza são menos congestionadas. Por outro lado, o povoado aqui é bem menor que aquele de Coron, e congestionamento não falta.



“É tipo uma Arraial do Cabo piorada“, diria divertidíssimo um carioca que eu conheci aqui no dia seguinte.
Um dia de rei
Eu me instalei num albergue algo fora desse miolo, e que fazia as vezes de café italiano tipo smart — daqueles com ar de bistrô moderno. Jovens filipinos simpáticos e, por supuesto, com fluência nativa do inglês faziam as honras.
Eu, no entanto, cheguei embrulhado após tomar um desafortunado “bom dia, Cinderello” no café da manhã em Coron.
Lembram do meu albergue-mansão lá, que parecia Santorini e onde conheci um trio de irmãs mexicanas? Pois. Conversa vai, conversa vem, numa agradável mesa, caí na besteira de aceitar uma garrafeta de leite de soja adoçado que certamente estava vencido. Ficou gravado com nitidez na memória a cara da menina e o líquido amarronzado.
Man down, man down. Nas viagens do Instagram tudo é sempre lindo, mas aqui é a vida real com seus contratempos.
A sorte foi este albergue de El Nido ser confortável, pois o meu no paraíso se restringiu a chazinho, suores, visitas inóspitas a certos cômodos, humores e reposição de líquidos.
Ao menos tive forças para organizar passeios para os dias seguintes. No outro dia de manhã, tive no entanto que sair “puro” — só com uma xícara de café — e não pude comer praticamente nada da bonança de almoço ali incluída.

Iniciando os tours: A e C são as letras
Uma caminhonete veio de manhã, no dia seguinte à minha chegada, nos apanhar no albergue para o primeiro dos tours pelo mar aqui em El Nido.
Eles aqui são bem organizadinhos, e todos os itinerários atendem por letras: Tours A, B, C e D. Os tours A e C são os favoritos, os que fiz e que você verá abaixo. São os que mais incluem snorkel e água. B se foca em cavernas, e D em relaxar na praia. Ficaram para quando eu retornar. Cada um leva o dia inteiro, então venha preparado se quiser fazer todos eles.
Um rapaz na casa dos 30 e algo já se encontrava lá traseira de caminhonete aonde eu subia em minha regata, calção de banho e havaianas azuis para ver o mar.
Você inicia naquele “Hi, where are you from?” entre turistas, e é sempre aquela coisa meio “dã!” quando a outra pessoa vai e responde “Brazil“.
Eis Marcus, um sagitariano carioca extra-divertido que viajava o mundo e em quem eu esbarrei por aqui. Gostava de mergulhar, e dizia que em comparação às águas claras daqui, mergulhar nas do litoral brasileiro era tipo fazê-lo no “caldo de cana” — não se vê nada.


São muitas as paradas para fazer mergulho de superfície com snorkel (fornecido pelo tour) durante os passeios. Se você quiser sapatos de água (water shoes), pode alugá-los na praia antes de sair.


Ao Mar de Palawan: Primeiro dia
Meu primeiro dia de tour foi ainda infelizmente temperado pelo leite de soja, mas é claro que aquilo que os olhos veem o coração também sente.
Por mais que houvesse nuvens a encobrir a paisagem acima do mar, dentro da água tudo seguia lindo, como vocês verão abaixo.

A vida marinha aqui em El Nido é das mais belas que já encontrei.



É claro que, junto com os peixinhos bonitos e lindos corais coloridos, há também uma pá de águas-vivas. Os filipinos, já acostumados, traziam vinagre a bordo para que os turistas pusessem nas queimaduras.
“Cara, ali tá cheio“, eram os comentários que Marcus e eu trocávamos entre o deslumbre com os corais. São os ossos do ofício.
Doloroso mesmo foi ver o almoço ser servido a bordo, com camarão & cia, e o meu embrulho estomacal me deixar restrito a alguns pedaços de abacaxi e uma banana.

O sol abriu à tarde, o que foi ótima notícia. Nada como o astro-rei e sua luz para mostrar melhor a cara de El Nido.



Você fica ali “de boa” entre a água e o ar, entre um mergulho — oxalá livre de águas-vivas — e uma brisa depois de molhado, tomando um vento tropical neste paraíso chamado Filipinas.
A costa repleta de rochedos dava a cara deste Sudeste Asiático litorâneo.


A Segunda Vez é ainda melhor
Eu daqui consigo ouvir alguns de vocês, admirados, porém a dizer que Coron foi ainda mais impressionante.
Tudo bem, Coron é linda mesmo, mas este segundo dia aqui em El Nido confirmaria a minha preferência de ir primeiro lá e vir depois aqui — nesta ordem — pois o nível sobe. Reparem se não.
Eu já estava bem melhor, redivivo ao terceiro dia, ainda que devidamente queimado, digestivamente ressabiado, e curtindo meu pé cortado lá de Coron. Numa certa hora, tive aquele momento de catarse em que você quase diz em volta alta para si mesmo: “Putz, tô todo lascado.”
Fez parte da experiência de El Nido. Resiliência está na moda, então vamos com ela. O dia seguinte foi de sol e um despudor de beleza. Apertem os seus coletes.



As águas são mais escuras na profundidade, e vão ganhando tons mil de azul ou verde nas partes rasas. Breve seria um show.





É um gozo atrás do outro, falemos francamente, navegar por esta água límpida cercada de formações de rochas vulcânicas. Por vezes, paradisíaco e surreal.


Numa destas, para descer do barco num litoral, a água era mais funda do que parecia e minha câmera só sobreviveu com meu braço esticado para cima — quando afundei com água até o cotovelo do braço estendido ao alto.
Delícias de El Nido. Depois de nos determos em alguns lugares de mergulho, atracamos numa pequena praia onde almoçaríamos.





Desta vez eu pude comer do almoço — muito semelhante ao do dia anterior, com peixes fritos, camarões, muito arroz branco (como é de lei por toda a Ásia, mesmo neste país meio latino-americano chamado Filipinas), saladas cruas com molho por cima e, é claro, o porco que os filipinos cristãos nunca dispensam.






Retornaríamos dali a algumas horas ao porto de El Nido, com toda a sua simplicidade e humildade diante das lindezas que se veem cá nos passeios.
Como eu agora já podia comer, Marcus e eu ainda nos detivemos num lugar que ele recomendou para tomar uns drinks e petiscar um falafel de primeira linha. (Não é típico, mas estava gostoso.)
O lugar atende pelo nome de Happiness Beach Bar. Nada mais descritivo.



Do que mais se precisa? El Nido é mesmo um verdadeiro arraial — hoje turístico — com tudo bastante simples. Vias estreitas, muitos triciclos e motos andando espremendo as pessoas nos cantos das ruas, mas com seus restaurantes e cafés legais. (O sorvete não vale nada.)
Um ambiente pitoresco onde eu acho que teria ficado mais tempo para fazer os outros tours. O meu caminho, porém, me chamava. Era hora de finalmente rumar a Manila para conhecer o que essa capital das Filipinas tem.
Hasta siempre, El Nido.

Uuuuuuu. Que maravilha!…Espetacular. Que é que é isso, meu jovem amigo… Que paragens divinas são essas? Madre de Dios!… Quanta beleza… Os olhos incrédulos não desgrudam das cenas fotografadas, estonteante que é a paisagem. Incrível.
Belas e verdes colinas, lindos tons das águas, impressionantes recortes litorâneos. Um espetáculo, a região.
As águas ora se parecem com esmeraldas ora com turquesas líquidas. Que riqueza!… Belíssimas, límpidas, e com maravilhosa vida marinha. Lindos corais.
E que rochedos magníficos, imponentes, sobranceiros, que dominam majestosos essa costa. Lindíssimos.
Que lindo céu azul e que belo entardecer. Coisa de cinema , diria um querido amigo.
Impressionante tanta beleza natural. Parece mesmo o paraíso. Que maravilha. É de babar.
Os olhos prespassam extasiados por tanta beleza ,e se fixam, presos, aos belos detalhes.
Entre o céu e o mar, a magnitude da Natureza soberba e quase intocada.
Linda postagem, encantadora e com certeza paradisíaca a região. Parece mesmo photoshop.
Parabéns, jovem viajante brasileiro pela escolha do local, pela viagem e pelo gostoso registro. Obrigada por nos mostrar tanta beleza. Amo viajar nessas postagens. E que venham mais belezas.
Coitado do viajante. Quell’hourreur. Distúrbios alimentares são terríveis em viagens. Sua amiga aqui já se viu em situação parecida e não foi nada bom. Ainda bem que se resolveu logo pelo dito.