Todos sabem que Bangkok é um sonho de uma noite de verão. Não aquele do luau na praia, mas outro. Um sonho urbano, suado, animado, movimentado e povoado. Tenha-se em conta, porém, que a capital tailandesa vai muito além de ser um mero cenário exótico aonde turistas ocidentais vêm farrear.
Há aqui grande personalidade cultural e muito a conhecer. A Tailândia é um encanto e uma riqueza. Vale muito a pena ir além da superfície estereotipada que é mostrada nos divertidos filmes norte-americanos como Se Beber Não Case! Parte 2 e tantos outros.
Eu já relatei várias andanças em Bangkok. Já fiz bordejos por suas ruas à noite (como pela famosa Rua Khao San, talvez o epicentro onde se iniciou a mania de mochilar pelo Sudeste Asiático), visitei vários dos seus encantadores templos budistas durante o dia, e fui aos seus mercados para falar de perto da notável comida tailandesa. Cheguei até a passar o réveillon em Bangkok.

Como sempre ocorre com os lugares de onde a gente gosta e onde vivemos momentos bons, retornar a Bangkok tem um quê de familiar. É um reencontro com delícias, lugares, memórias e realidades. Por sorte, algumas podem ser repetidas, como tomar sorvete de coco no coco ou comer arroz doce com manga e jaca.
Ou ainda estar na zoeira dos mercados abertos, especialmente aqueles aonde turistas pouco vão, como o Wang Lang e todo o espaço do lado oeste do Rio Chao Phraya, onde ficava a antiga capital tailandesa de Thonburi. Aconteceria de ser onde eu me hospedaria desta vez.
As praias e ilhas tailandesas como Ko Phi Phi podem ser lindas, disto não resta dúvida, mas talvez eu ache esta Tailândia não-turística também sedutora de uma outra maneira.


Retornando a Bangkok
Eu vinha aqui dentro da própria Ásia. Duas horas de voo com Nadia sentada do meu lado. Uma jovem russa de Kaliningrado — meio doidinha — que me perguntou qual a coisa mais louca que eu já fiz na vida e, sem ouvir a resposta, me contou sobre quando tomou trem sem passagem na Índia e foi posta para fora no meio do mato.
Contou-me também dos seus choques culturais com o Ocidente. Sobre como, numa casa compartilhada num intercâmbio, as próprias mulheres punham o galão de água mineral no filtro em vez de pedir aos homens para fazê-lo.
“As mulheres esqueceram como ser mulheres“, protestava. Como de costume entre as russas (mesmo as jovens), veio descascando o feminismo. Concluiu, com muita naturalidade na voz, que no dia-dia “quem tomam as decisões são os homens.” (Eu acho que nem minhas avós eram tão antigas.)
Duas horas desta sóbria conversa, chegamos ao enorme Aeroporto Suvarnabhumi em Bangkok, onde Nadia desapareceria sem se despedir nem saber o meu nome.


Atualmente, há tantos brasileiros vindo à Tailândia que o balcão de saúde no aeroporto já tem informação em português.
Antes mesmo se de chegar aos guichês da imigração, visitantes procedentes da África ou da América do Sul precisam se deter num balcão onde se verificam os certificados de vacinação contra a febre amarela, e onde se preenche um formulário adicional sobre sua condição de saúde. Nada complicado, mas não se esqueça ou terá que voltar lá da imigração para fazê-lo.
Já é assim há muito tempo, mas agora há um adesivo bem no balcão com a pergunta em português claro: “Que dia você saiu do Brasil?”. Me deu vontade até de dar um abraço na funcionária tailandesa que apontava para o papel.
Os brasileiros descobrimos a Tailândia nesta última década, e este brasileiro que vos escreve não quer deixar de voltar aqui de quando em vez. Resta-me ainda muito a descobrir ainda no país (Krabi, Ko Samui, Ko Pha-Ngan, Issan…), mas desta vez eu vinha a uma viagem curta, e por um motivo especial.

Do outro lado do rio
Revendo Bangkok fora da alta estação (dez-fev), ainda que antes da pandemia, senti-a com menos turistas — embora turistas houvesse, e a cidade naturalmente estivesse longe de estar vazia. Nuvens pesadas à espreita anunciavam que poderia chover forte ao que meu amigo tailandês aguardava no aeroporto, para ir até o “outro” lado do rio.
Refiro-me ao “outro” lado porque quase todas as atrações turísticas — e turistas — ficam na margem oriental do Rio Chao Phraya, que cruza Bangkok. Sendo uma cidade imensa, é curioso mas também esperado que os turistas se concentrem quase sempre nas mesmas imediações dos templos principais no centro ou dos bairros badalados, como Sukhumvit e a Rua Khao San.
A Bangkok do dia-dia é um pouco diferente.

Eu me hospedei na casa de uma senhora, uma fofa septuagenária tailandesa que, com seu filho à recepção, gerencia a pousada. #FicaADica da Uncle Loy’s Boutique House se você quiser conhecer.
Afora a fofura, eles ainda servem a manga com arroz no café da manhã, além de muitas frutas típicas que você talvez não conheça.


Vida boa na Tailândia. A depender de como minha vida decorrer, eu se bobear venho passar a minha aposentadoria aqui. (Só para constar: é o que muitos europeus idosos têm feito, já que as pessoas são simpáticas e cuidadosas, o clima é tropical, come-se bem, e os custos são baixos.)
Como minha aposentadoria ainda está distante, saí para a muvuca.
As ruas deste outro lado do rio são muito residenciais. Becos de vilarejo — que me lembraram um pouco os do Japão — daqueles sem calçada, em que bicicletas e veículos motorizados vêm misturados aos pedestres, e as pessoas saem de suas casas com o pé já na rua.


Neste outro lado do rio, ficam o Mercado Wang Lang e o templo Wat Arun — este último, em geral, a única razão pela qual a maior parte dos turistas vêm a este lado de cá.
O mercado é uma zona de “entra em beco, sai em beco”, em que você sente o calor das chapas quentes e tinas de óleo a fritar algo — e precisa ficar de olho para não queimar uma mão boba ao se espremer na multidão.






Esta é uma Bangkok mais de raiz, como vocês podem ver.
Eu aproveitei para rever o templo budista Wat Arun, também deste lado, como que por nostalgia após já tê-lo visitado alguns anos atrás.





Aqui me tens de regresso… para?
Eu circulava por ali rememorando e re-saboreando o que podia. Mas o que me trazia de retorno a Bangkok, afinal, não era a nostalgia.
Casamento. Não, não vim me casar, antes que alguém que me viu falar em aposentadoria se empolgue. Vi como convidado para um casamento tailandês, uma experiência curiosa e exótica para mim. É o que eu narro a seguir.
Gente, que maravilha!… Que presente, esta postagem, meu jovem amigo. Saudades muitas de Bangkok. Amo a Tailândia de paixão.
Ai que saudade dessas maravilhas, seu pujante aeroporto, seus templos espetaculares, seu povo simpático, sua vida simples.
Rever essas paisagens, esse magnifico acervo cultural e religioso, é uma delícia.
Já faz tempo que fui por lá e já estou ansiosa por rever o SE asiático e em particular a instigante Bangkok. Linda. amei. Obrigada. Eita terra bonita, sôr.
E as comilanças, então, nem se fala. Prá la de saborosas, apesar das pimentas hahaha.
Amei. Espero que venham mais postagens dessa parte do mundo cativante e bela.
Nossa, esse belo prato de arroz doce com pedaços de manga e bagos de jaca está com uma cara bóoootima. Apetitoso. Só comparável ao sorvete de coco no coco. Que maravilha.
Tirando os cogumelos, hahaha, essa sopa também parece estar supimpa
Espetacular, primoroso, belíssimo esse altar a Buda. Lindíssimo.
O exterior desse templo é também belo. A arquitetura prodigiosa e arrojada , as linhas delicadas e recortadas, os belos tons e o verde que circunda o ambiente, são de encher os olhos.
Essas frutinhas por dentro se parecem com umas parentas delas comuns aqui no NE do Brasil. As pitombas são umas delas e são muito comuns em Sergipe.